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Nos bastidores do AlertaBlu: como o clima é monitorado em Blumenau

Equipe de meteorologistas é a responsável por alertar a população sobre chuvas fortes, alagamentos e deslizamentos

“Olha só, a nuvem se dissipou”, afirma o técnico em meteorologia Richard Gerhke, na porta da sala, olhando para a janela. Volta a passos largos, senta-se em frente ao computador e passa a acompanhar as imagens de radares. Logo em seguida é a vez de Tatiane Martins, meteorologista, levantar, dar uma olhada no tempo, e comparar com as imagens da tela.

Durante a maior parte do dia é assim a rotina no interior do AlertaBlu, o serviço municipal responsável por monitorar o clima de Blumenau e o risco de incidentes, como alagamentos e deslizamentos. Neste verão, o trabalho desses servidores voltou a estar em evidência devido às trovoadas (e enxurradas).

Quinta-feira, dia 18, em meio a sinais de mais chuva forte, a reportagem do Município Blumenau passou duas horas acompanhando o trabalho de monitoramento. Durante a visita, o movimento junto à janela em busca de nuvens foi intenso.

O trabalho aparentemente artesanal depende de dados e imagens fornecidos por outros órgãos públicos. Os profissionais observam dois sistemas de acompanhamento de raios, imagens de satélite e os radares disponibilizados pela Aeronáutica, Cimepar e Defesa Civil do estado.

Por que é tão difícil prever uma tempestade?

Uma tempestade pode levar pouco mais de uma hora para se formar. Ou seja, mudanças repentinas muitas vezes impedem previsões com maior antecedência. No caso das chuvas de verão, como a que causou a enxurrada de terça-feira, a formação das trovoadas é ainda mais rápida.

Julia S. Schaefer

“Eu sempre digo que muito mais importante que prever o tempo é monitorá-lo. Porque a previsão pode ter muitos desvios. Na terça-feira, o nosso primeiro aviso foi ao meio-dia. Às 16h25 nós alteramos o estágio para ‘atenção'”, acrescenta Francine.

“Não existe ferramenta no mundo que preveja precipitações com antecedência. Nos Estados Unidos, onde existe tecnologia de ponta, as alterações climáticas não são previstas muito rapidamente”, alega Gerhke.

Por isso, a equipe recomenda que os blumenauenses estejam sempre atentos ao site e ao aplicativo, e saibam utilizar as informações que são divulgadas.

“Se nós falamos em risco de temporal, há a possibilidade de temporais fortes”, enfatiza Francine.

Equipamentos

Blumenau possui 17 estações pluviométricas, que medem a quantidade de chuva nos locais onde estão instaladas. No entanto, não há radar meteorológico na cidade, o que poderia auxiliar na precisão e antecedência das previsões.

“Nós já pensamos em entrar em contato com associações empresariais, pessoas que tivessem interesse nos dados que um radar poderia trazer. Quem sabe nos próximos anos esse projeto possa acontecer”, deseja a meteorologista Francine Sacco.

Rotina

A primeira pessoa a chegar ao local de trabalho, às 6h, tem uma hora para saber como está o tempo em toda a região. Para isso, são analisadas imagens de satélite, dados de estações de superfície, além dos radares. A observação começa no Sul do país, depois se fecha em Santa Catarina, até concluir em Blumenau.

“Depois disso nós confeccionamos a primeira previsão do dia e passamos a monitorar o tempo”, explica Francine.

Nesta segunda-feira, a previsão do AlertaBlu foi divulgada às 7h36, com o relatório apontando para altas temperaturas e, para variar, chance de trovoadas à tarde.

 

No computador, a meteorologista tenta explicar para a reportagem, com bastante esforço, os movimentos dos ventos e como funciona o processo de previsão.

“Nós conhecemos a realidade do município. Assim temos mais cuidado e carinho com o lugar onde estamos trabalhando”, afirma.

Hoje, a equipe do AlertaBlu conta com sete profissionais. São três meteorologistas, três técnicos em meteorologia e um técnico em eletrônica.

E nas enchentes?

As enchentes podem ser previstas com cerca de uma semana de antecedência, porque, diferente das trovoadas de verão, são nebulosidades muito mais densas, que indicam grandes quantidades de chuva por período prolongado. No momento em que os profissionais do AlertaBlu encontram sinais de enchente, acionam a Defesa Civil. A partir desse aviso, a secretaria já pode começar a trabalhar com o desassoreamento de ribeirões, entrar em contato com as equipes do Corpo de Bombeiros, de forma a todos se prepararem.

“O prazo máximo que temos é de 72 horas para informar a Defesa Civil e passar a quantidade de chuva prevista. Depois disso, começamos a informar quais são os valores de precipitação”, explica Francine.

Volumes de chuva

No site do AlertaBlu é possível acompanhar os volumes de chuva nas diferentes regiões da cidade. Na madrugada desta segunda-feira, 22, por exemplo, a região da Velha Central, além de áreas do Garcia, foram as mais atingidas – aproximadamente 30 milímetros de água. O sistema online também informa o risco de deslizamentos em Blumenau.

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