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“COLMEIA demonstra que existe uma Blumenau alegre e contestatória”

Colunista acredita que evento é refúgio da mercantilização da arte

COLMEIA é a resistência multicultural de Blumenau

No último fim de semana foi realizado no teatro Carlos Gomes, em Blumenau, o VIII COLMEIA. O evento surgiu por incentivo do artista Clovis Truppel. Em novembro de 2014, Risco, como assinava suas obras, nos deixou, mas sua criação permaneceu.

O evento é resultado da articulação de artistas independentes. O Coletivo Multicultural de Experimentações e Intervenções Artísticas, organiza-se com recursos próprios e de parcerias locais para produzir e difundir a arte. O teatro cede o espaço.

O resultado é uma anarquia criativa que conta com um público variado: jovens, adultos, idosos, crianças cachorros, famílias inteiras. As apresentações, de estilos variados e em sua maioria, autorais, acontecem simultaneamente ocupando grande parte da estrutura cedida pelo Teatro Carlos Gomes estendendo-se pela praça e rua XV de Novembro. O fim de semana foi uma polinização de literatura, artes visuais, música, teatro, dança entre outras atividades.

O COLMEIA demonstra que existe uma Blumenau alegre e contestatória. O importante é perceber que o festival, além de ser gratuito, mantém uma radical independência quanto a sua programação, forma e conteúdo. É planejado, produzido e executado pela comunidade e artistas regionais.

Definir a relação existente entre arte e sociedade é uma tarefa árdua, e por lógica, não pretendo esgotar o tema aqui. É consenso nos estudo sociológicos o fato que ambos os conceitos são indissociáveis.

Arte é parte da produção cultural de um povo. Cultura em seu significado mais simples, abrange todas as realizações materiais e os aspectos espirituais de um povo. Cultura é todo o complexo de conhecimento e habilidade humana empregado socialmente.

O filosofo alemão Theodor Adorno dedicou-se a estudar a relação entre arte e sociedade moderna. Cunhou conceito de indústria cultural. Para ele, no capitalismo, essa indústria, assim como nas demais esferas da vida, transformou as relações sociais em relações de compra e venda.

Outro elemento presente nesta relação mercantilizada, é que a arte torna-se um produto de massa e impede a formação de indivíduos autônomos, independentes e capazes de decidir conscientemente. A relação entre o indivíduo e seu meio social vira uma relação falsificada.

Iniciativas como o COLMEIA são necessárias, sobretudo para uma cidade que costuma se representar como portadora de uma unicidade cultural. Sisuda, coercitiva e acomodada em suas estruturas. Urgente em um tempo de ameaças de retorno da censura, e obscurantismo cultural.