“O esforço permanente da própria comunidade tem garantido a manutenção da Furb”
Colunista aponta desafios da nova reitora da Furb, que assume o cargo nesta quinta-feira
Concebida há pouco mais de meio século, a Furb se consolidou como Universidade Regional, formando, pesquisando e atendendo à comunidade de Blumenau e de diversas localidades do estado de Santa Catarina.
É comum encontramos egresso oriundos de Rio do Sul, Lages, Mafra, e mesmo do Extremo Oeste Catarinense formados aqui na nossa universidade.
Interiorizar o ensino superior foi o grande ideal perseguido naqueles anos 60 do século passado. Sabiam que formar economistas, administradores, juristas, engenheiros, professores, profissionais da saúde, enfim, profissionais com estudos superiores, seria fundamental não apenas para pessoas, mas para o futuro das cidades do Vale do Itajaí.
O conhecimento agregado faria, e fez, toda a diferença no desenvolvimento regional. Blumenau é referência pela qualidade dos profissionais que forma, que retém e que exporta para todo o Brasil, e mesmo para o exterior. E isso se deve não só pela dedicação de seus acadêmicos, mas também à organização de instituições capazes de proporcionar o aprendizado contínuo.
Nossa universidade nasceu no seio da comunidade. É fruto da reivindicação e esforço coletivo de estudantes, professores, empresários, profissionais liberais e homens de verdadeiro espírito público.
Mas é sempre bom lembrar que, no seu desenvolvimento, a despeito dos aportes governamentais, foi o financiamento oriundo das mensalidades pagas pelos acadêmicos que garantiu o efetivo atendimento dos objetivos inicialmente traçados. Noutras palavras, é o esforço permanente da própria comunidade que tem garantido a manutenção da Furb.
Nesta quinta-feira, o reitor João Natel Pollonio Machado transfere a gestão à reitora eleita Márcia Cristina Sardá Espíndola. Seu desafio não é dos menores. Pelo contrário, é extremante complexo conduzir uma universidade que atua interna e internacionalmente, desenvolvendo desde o ensino médio até o mais alto curso de pós-graduação stricto sensu, além da pesquisa e da extensão.
Entre os principais desafios da reitora eleita, vale dizer, estará garantir a sustentabilidade econômico-financeira de um modelo híbrido, que conjuga a rigidez do regime público, fruto do formato em que foi concebida, com a flexibilidade da receita privada, oriunda ainda e em grande parte das mensalidades acadêmicas.
Há oito anos, quando iniciava a gestão que se encerra, muitos acreditavam que só haveria dois caminhos à Furb: a federalização ou a privatização. Nem um e nem outro foram adotados, e nossa universidade segue nesse ainda início de século 21 com o mesmo vigor, entusiasmo e engajamento daqueles que a conceberam.
O futuro da Furb passa, por isso e em grande parte, pelo apoio da comunidade. É fundamental que se forme uma consciência coletiva de que o desenvolvimento das pessoas e das cidades pressupõe a garantia de amplo e indiscriminado acesso aos mais altos níveis do conhecimento. E assim só se fará coletivamente.
Daí porque imprescindível mesmo é, independentemente do regime adotado, manter uma universidade para chamar de nossa. Vale dizer: que entre os regimes público e privado, continue a pertencer, verdadeiramente, à própria comunidade.
PS: Ficam aqui os registros de sinceros agradecimentos ao reitor, Prof. Dr. João Natel, pela condução austera, transparente e assertiva com que conduziu a universidade nestes pouco mais de oito anos, e de sucesso à nova reitora, Profa. Dra. Márcia Espíndola, vencedora de uns dos mais amplos, competitivos e democráticos processos sucessórios.