O que falta para sermos de fato um “Vale Europeu”
O que falta para sermos um “Vale Europeu”
A denominação de Vale Europeu para caracterizar uma belíssima região turística de Santa Catarina (aliás, qual região turística de SC não é no mínimo bela, para não dizer, belíssima?) tem recebido elogios e críticas.
Boa parte do estado foi colonizada diretamente por europeus, sejam os portugueses açorianos no litoral ou os alemães, italianos, poloneses e outras etnias que ocuparam a região dos vales, bem como partes do planalto e extremo-oeste. Só por isso, acreditam muitos, já estaria justificada a alcunha de Vale Europeu para, pelo menos, boa parte da região dos vales.
No entanto, alguns fatos não batem com uma certa ordem, disciplina, espírito público e comunitário comuns de serem observados na Europa. Vejamos, então, alguns exemplos de onde falta avançar para podermos nos considerar como um autêntico “Vale Europeu”:
– lombadas asfálticas demais e obediência de limites de velocidade das placas de menos;
– a verdadeira selvageria impune com que grande parte dos motociclistas trafega por nossas ruas;
– a execrável proliferação dos outdoors instalados a torto e a direito e que ocupa, oculta, polui e enfeia as paisagens do Vale Europeu, sem falar na poluição também visual do excesso de propagandas gigantes, algumas ocupando fachadas inteiras de alguns prédios em nossas cidades como no Centro de Blumenau;
– propagandas em alto-falantes a invadir indiscriminadamente a privacidade de nossos lares, o necessário sossego dos hospitais e o ambiente de aprendizado das escolas;
– sons de lojas que invadem o espaço das vias públicas, como acontece em vários estabelecimentos na rua XV de Novembro, em Blumenau;
– a poluição política propiciada pela proliferação de placas inaugurais (pagas com dinheiro público!) de qualquer obrinha, nas quais o que mais ocupa espaço é a enorme, quase ridícula lista com os nomes dos gestores públicos da hora e o que menos ocupa espaço é a informação sobre a obra em si. Exemplo: a placa da inauguração de uma passarela de vidro em Chapadão do Lageado, no Alto Vale, lista uma enxurrada de nomes, até de todos os vereadores da cidade, mas, não traz informação sobre a altura da cachoeira, o nome do córrego ali existente, entre outros dados. Ponte Hercílio Luz, Cristo Luz de Balneário Camboriú, estátuas, túneis, galerias, ruas, reformas, reforma da reforma, calçamentos, asfaltamentos (mesmo mal-feitos), nada escapa dessas desprezíveis e inúteis tentativas forçadas de alguém se perpetuar na memória histórica. Até o nome do “secretário da chefia de gabinete” entrou numa lista. Tipo de coisa nada europeia, digamos assim;
– Barrancos e escavações que enfeiam e degradam a paisagem do “Vale Europeu”. Neste quesito, Blumenau já avançou bastante, porém, cidades como Brusque e Guabiruba, entre outras, continuam insistindo na demolição das suas paisagens nada europeias;
– Rios e córregos poluídos. O turista que chega ao Vale Europeu para visitar, por exemplo, a belíssima cachoeira do Parque Natural Municipal Claus Feldmann, na charmosa Vila Itoupava, deve fazê-lo apenas com os olhos, tapando o nariz, tal a fedentina de esgoto emanada da bela e fedida cascata.
Parte dos 35 excursionistas da Acaprena que foram conhecer e se despedir de Sete Quedas, no rio Paraná, divisa com Mato Grosso do Sul, poucos meses antes delas serem afogadas pelas águas do lago formado pela represa de Itaipu.
Foto Lauro E. Bacca, em 02/05/1981.
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Sargento Junkes leva o pai e o irmão para o bar da Zenaide para contar histórias de família: