O que já se sabe sobre o assalto no aeroporto Quero-Quero, em Blumenau
Polícia Militar desencadeou operação para prender suspeitos na manhã desta terça-feira
Cinco dias depois do assalto a um avião na pista do aeroporto Quero-Quero, em Blumenau, a Polícia Militar desencadeou uma operação para prender suspeitos nesta terça-feira, 19. Até 12h, três homens haviam sido presos em Navegantes e Gaspar.
Três veículos foram apreendidos e parte dos R$ 9,8 milhões roubados foi encontrada em Itajaí. Materiais relacionados ao roubo, inclusive munições calibre .50 e explosivos, foram apreendidos em uma falsa ambulância, em Navegantes.
Confira abaixo tudo o que já sabe sobre o assalto, considerado o maior já registrado na região.
Como foi o assalto
Duas caminhonetes pretas blindadas se aproximaram do portão de uma empresa que possui um hangar no aeroporto Quero-Quero, em Blumenau, às 15h10 de quinta-feira. Menos de 10 minutos depois, os dois veículos saíram pelo mesmo acesso levando malotes da empresa Brinks Logística de Valores.
Os malotes foram roubados em uma ação violenta que deixou uma jovem de 22 anos morta e dois vigilantes da Brinks feridos nas pernas. Edivania Maria de Oliveira trabalhava numa indústria têxtil vizinha e foi atingida por balas perdidas.
Carros-fortes, caminhões da empresa de logística Fedex (no hangar vizinho), vidraças e paredes de imóveis próximos ficaram cheios de marcas de tiros de grosso calibre. Em um vídeo feito por uma vizinha do aeroporto, é possível ouvir o tiroteio e ver os bandidos ao fundo.
Quando deixaram o Quero-Quero, os bandidos viraram à esquerda rumo à Vila Itoupava. Os dois carros blindados, um Dodge Journey e um BMW X5, foram abandonados no mato na rua Luiza Bauer, uma transversal da Erich Mayer, na Vila Itoupava. Os veículos estavam cobertos de camuflagem.
Armamento pesado
Logo no início das investigações, foi possível detectar que os assaltantes haviam utilizado fuzis AK-47 posicionados no interior da BMW X5. Além disso, munições .50 foram disparadas contra a aeronave, os carros-fortes e prédios próximos. Elas são usadas até para atacar aviões.
Preparação do assalto
No fim da tarde de sexta-feira, o Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar encontrou uma casa que teria sido usada como base pela quadrilha. O imóvel fica na região do Vale do Selke, em Blumenau. O imóvel teria sido ocupado por pelo menos três meses para planejar o crime.
Valor roubado
No boletim de ocorrência registrado junto à Polícia Civil, a Brinks Logística de Valores informou que os bandidos levaram R$ 9,8 milhões. O dinheiro estava em malotes no interior do avião e seria transportado para os carros-fortes.
A fuga
Depois de abandonar as caminhonetes blindadas na Vila Itoupava, os bandidos usaram um veículo caracterizado como ambulância do Samu para escapar. Moradores da região estranharam a passagem do veículo de socorro pelo local. Segundo a Polícia Militar, um Fiat Fiorino também foi usado pelos bandidos.
A Polícia Militar usou câmeras de monitoramento para traçar o caminho que os veículos fizeram e descobriu, em Ilhota, um esconderijo usado pela quadrilha.
O esconderijo
O destino final dos veículos, ainda no dia do assalto, foi um galpão na região do Morro do Baú, em Ilhota. O imóvel foi identificado pelo setor de inteligência da Polícia Militar e começou a ser monitorado na segunda-feira, 18.
Na madrugada desta terça, a ambulância e um Prisma, com placas de Balneário Camboriú, deixaram o local e passaram a ser perseguidos pela PM.
A ambulância
A falsa ambulância do Samu saiu do Baú em direção à BR-101. O motorista virou à esquerda na rodovia e depois entrou à direita na Transbeto, que dá acesso ao Beto Carrero. Depois, seguiu para Navegantes.
O veículo foi abandonado em uma rua residencial e o suspeito tentou fugir a pé, mas acabou preso. A ação da PM foi filmada por um morador.
Perseguição
Na região de Gaspar e Ilhota, policiais militares montaram diversas barreiras em estradas vicinais. Por volta das 10h desta terça, o Prisma branco foi encontrado na rua José Junges, bairro Arraial D’Ouro. Minutos depois, dois homens foram presos em um táxi com placas de Balneário Camboriú.
Os detidos
Tiago Cristiano Schuster, 33 anos, era o motorista da ambulância falsa. Segundo a PM de Itajaí, familiares dele já teriam participado de ataques a caixas eletrônicos no litoral.
Na região de Gaspar, dois homens foram presos fugindo em um táxi. Paulo Sérgio Fonseca Ignácio entregou um documento falso, tentando se passar por Ricardo Freitas Filho. De acordo com a Polícia Militar, Paulo e Tiago são de São Paulo. O outro criminoso ainda não teve a identidade confirmada, mas acredita-se que se chame Juliano Mocelin da Luz.
De acordo com Nícolas Marques, da Polícia Militar, tudo indica que os três homens presos nesta terça não estivessem nos carros que assaltaram o aeroporto. Eles seriam apenas auxiliares, colaborando como olheiros ou na fuga do grupo.
Ao menos oito pessoas participaram do assalto. A operação de buscas continua, especialmente em Itajaí e Balneário Camboriú.
Dinheiro encontrado
No fim da manhã de terça-feira, cerca de R$ 18 mil foram apreendidos pela Polícia Civil no Hotel Rocha, na Avenida 7 de Setembro, em Itajaí.
Provas do crime
Até o momento, a polícia já encontrou malotes onde estava armazenado o dinheiro, munições calibre .50, radiocomunicadores, fardas camufladas, coletes balísticos e bananas de dinamite.