O surgimento do Festival Brasileiro da Cerveja e a história da bebida em Blumenau, capital nacional da cerveja

Capa: A bebida artesanal sempre fez parte da mesa das famílias pioneiras e de seus descendentes, nos momentos sociais e de laser, o que tornou esta cidade “A Capital Nacional da Cerveja” em março de 2017.

A cerveja é uma bebida inventada pelos Sumérios – antiga civilização, que também inventou a roda e a escrita. Viviam no Sul da Mesopotâmia (região entre rios – Tigre e Eufrates), atual território do Iraque e Kuwait. Foram encontrados materiais arqueológicos que datam de 2600 a 2350 antes de Cristo, revelando a Ninkasi – Deusa da Cerveja na Suméria. Sua produção é muito mais antiga. Depois da Suméria, a produção da cerveja aconteceu em todos os quadrantes do planeta.

Curiosamente, havia uma cervejaria no Festival Brasileiro da Cerveja 2017, Blumenau, com o nome Suméria.

A cerveja veio para a Colônia Blumenau, atual região do Vale do Itajaí, com os imigrantes alemães, fundadores das primeiras cidades na região e que possuíam, naturalmente, cervejeiros. Quase toda propriedade colonial era autossuficiente, abrangendo produtos originários da agricultura e da pecuária, cujos excedente, muitas vezes alimentavam a indústria alimentícia que floresciam e industrializava o estado de Santa Catarina, como exemplo, a Cia. Jensen. Além desta produção, a bebida feita de lúpulo, cevada e água, também existia e era produzida pela comunidade.

Já registramos algumas histórias sobre a cerveja, e também sobre o mestre cervejeiro que produziu a primeira cerveja artesanal na Colônia Blumenau – Heinrich Peter Andreas Hosang.  Outros dois cervejeiros que apresentamos suas práticas de maneira resumida foram: Otto Jennrich,  Cervejaria W.A. Persuhn e   Karl Rischbieter.

Atualmente, entre outras coisas, Blumenau é conhecida pela produção artesanal, dos cervejeiros – consolidada no grande evento “Festival Brasileiro da Cerveja”, no qual, já se reuniram os maiores cervejeiros do País e fora dele.

A história dos cervejeiros em Blumenau é muito antiga. Quase tão antiga quanto a história da cidade, a partir de seu primeiro núcleo urbano. Do tempo da Schützenverein, do Stammtisch, da Frohsinn, da Gemütlichkelt, dos Encontros de Corais, dos torneios de canto e dos Torneios de Skat que aconteciam regados com uma boa cerveja artesanal. A bebida faz parte da cultura desses imigrantes alemães e acompanhava os momentos de atividades sociais da Colônia Blumenau e de Blumenau e região.

O evento do Festival Brasileiro da Cerveja, de Blumenau, aparentemente é um evento recente, que se reporta a década de 2010, século XXI, mas historicamente, sua primeira edição, aconteceu na década de 1960, no século XX.

O primeiro Festival da Cerveja de Santa Catarina aconteceu em Blumenau, em 1967, no Pavilhão da FAMOSC – Feira de Amostras de Santa Catarina que posteriormente, ficou conhecida como PROEB – Fundação Promotora de Exposições De Blumenau. Comissão Organizadora de Exposições de Blumenau. O evento aconteceu através de uma parceria entre a Prefeitura Municipal de Blumenau e a empresa Ouro Promoções, do Rio de Janeiro.

Cronologicamente, em 23 de outubro de 1965, o prefeito Hercílio Deeke inaugurou o “Pavilhão Domo em alumínio”, cujo projeto foi assinado pelo engenheiro Alfredo Rudzit, de São Paulo e que também construiu o pavilhão que foi sede da abertura da 4ª Feira de Amostras de Santa Catarina -4ª FAMOSC, promovida pela COEB – Comissão Organizadora de Exposições de Blumenau, criada no ano anterior, em 1964. E nesse espaço contemporâneo, foi onde aconteceu o 1° Festival da Cerveja de Santa Catarina em 1967 e 1968.

O 1 ° Festival da Cerveja de Blumenau teve a presença de duas bandas de música alemã, grupo de danças folclóricas alemãs e Rainha da festa.
O sucesso da primeira edição preponderante para que no ano seguinte, o Festival da Cerveja de Blumenau se repetisse e então, aconteceu o 2° Festival da Cerveja de Santa Catarina nos dias 9,10 e 11 de fevereiro de 1968.

O evento sofreu algumas alterações em seu formato, tendo sido retomado no ano de 2005, no qual, erroneamente, a edição foi denominada de 1ª Edição do Festival Brasileiro da Cerveja. Este resgate também foi retomado com outros interesses, desvinculados dos aspectos identitário, cultural e histórico, ou seja, de como era programado no século XX, com a presença de música, trajes e danças.

Blumenau (SC) é conhecida no Brasil todo como sede da Oktoberfest, que há 22 anos atrai milhares de pessoas em busca de diversão e hectolitros de cerveja. Mas a ligação da cidade com a bebida é muito mais antiga -a primeira cervejaria local foi aberta em 1860. Atualmente, há quatro fabricantes no município.

Tanta paixão continua dando frutos. De amanhã a domingo, acontece o 1º Grande Festival Brasileiro de Cervejas. Bem mais modesto que a Oktoberfest, espera atrair 15 mil pessoas para degustar seis marcas nacionais e uma legítima alemã.

A cervejaria paranaense Colônia, a catarinense Zehn Bier e a mineira Sindbebidas, além das locais Eisenbahn, Bierland e Unser Bier, são as representantes nacionais. Da Alemanha, vem a Bitburger, que será comercializada com exclusividade nos estádios da Copa de 2006 e poderá ser degustada no festival.

Na festa, o público também pode se informar sobre os hábitos de apreciação da cerveja, como as normas de pureza e os diferentes tipos e sabores. Folha de São Paulo – 2005.

Muitos apontavam que seria positivo para o evento se houvesse uma separação mais clara durante a exposição das cervejas artesanais e caseiras. Todas as sugestões e críticas sempre foram muito bem recebidas pela Vila Germânica responsável, nesse período, pelo evento.

O evento, assim como a Oktoberfest Blumenau, acontecia no Parque Vila Germânica e sua programação era diversificada, contendo shows e palestras com especialistas da área.
Além dos workshops, também havia a degustação de dezenas de marcas de cerveja como Eisenbahn, Devassa, Baden Baden, Bierland, Wunder Bier, Chopp Germânia, Schornstein, Chopp Klein, Cervejaria Colorado, Bamber, Brazil Ways, entre outras muitas.

O Festival Brasileiro da Cerveja se consolidou e entrou de vez para o calendário de eventos de Blumenau, contendo uma programação diversificada, com shows e palestras com especialistas em cerveja.

O Festival Brasileiro da Cerveja foi sucesso de crítica em 2014, mas sua busca por superação não pára. Desde a data de seu término, os organizadores vêm trabalhando em sua próxima edição e o lançamento oficial do FBC 2015 acontece no dia 17, às 20h. As novidades do maior encontro cervejeiro nacional serão apresentadas às autoridades, imprensa e cervejarias locais no estande da organização do SC Gourmet, no setor 1 do Parque Vila Germânica.

Segundo Ricardo Stodieck, secretário de Turismo, presidente do Parque Vila Germânica e presidente do Festival, serão apresentados nesta ocasião o mapa do evento, as novidades sobre a gastronomia, datas de início e sistema de venda dos estandes para expositores e período de inscrições para o 3º Concurso Brasileiro de Cervejas. “Vamos lançar o Festival primeiro em Blumenau, após isso participaremos de outros eventos fora da cidade, para apresentá-lo e estreitar relacionamento com outros expositores”, diz Ricardo.

O Festival Brasileiro da Cerveja realizou em março de 2014 a sua 5ª edição. Foram 89 expositores nacionais e internacionais, que apresentaram mais de 600 rótulos, inaugurando com grande estilo o calendário anual de eventos cervejeiros. A programação do evento incluiu shows musicais, palestras, workshops e opções únicas de gastronomia. Em 2015, o Festival acontece de 11 a 14 de março, nos setores 1 e 2 do Parque Vila Germânica. MATESCO, 2015.

Um dos principais objetivos para os organizadores, era de tornar Blumenau uma referência no setor cervejeiro, em especial, o artesanal, o que historicamente foi.
Também os envolvidos com a organização do Festival da Cerveja Brasileiro da Cerveja pretendiam conquistar o título para Blumenau de Capital Nacional da Cerveja, o que foi conquistado em março de 2017.

Blumenau ficou conhecida nacional e internacionalmente pela arte artesanal dos cervejeiros – consolidada no grande evento – Festival Brasileiro da Cerveja, no qual se encontravam os maiores cervejeiros do país.
Com isso, foi sancionado em março de 2017, pelo Presidente do Brasil – Michel Temer, o Projeto de Lei que conferiu à cidade de Blumenau o título de Capital Nacional da Cerveja, o que é natural, levando-se em conta sua tradição e história, e considerando o território do Vale do Itajaí – antiga Colônia Blumenau.
Muitos dos atuais cervejeiros – de todas as regiões do país – desconhecem esse fato histórico. Já nos perguntaram, em outras ocasiões, se antes de existir a cerveja industrializada, os alemães que viviam na Colônia Blumenau e região tomavam a bebida inventada pelos sumérios.
Os primeiros blumenauenses, não só bebiam, como também, fabricavam sua bebida artesanalmente, como muitos dos cervejeiros que se encontravam no Festival de Cerveja de Blumenau.
Os primeiros blumenauenses (imigrantes alemães e descendentes) trocavam informações durantes as reuniões do Kulturverein para melhorar a qualidade de suas bebidas.
O que acontece atualmente na cidade de Blumenau e região, não é mais do que o resgate de uma prática comum nas primeiras décadas da história das vilas e cidades da região da grande Colônia Blumenau.

A História…

Repetimos, a história dos cervejeiros em Blumenau é muito antiga. Quase tão antiga quanto a história da cidade, a partir de seu primeiro núcleo urbano – o Stadtplatz. O tempo da Schützenverein, da Frohsinn, da Gemütlichkelt, dos Encontros de Corais, dos Stammtisch, dos torneios de canto e dos Torneios de Skat que aconteciam regadas com cerveja artesanal local. A bebida faz parte da cultura destes imigrantes alemães e acompanhava os momentos de atividades sociais da Colônia Blumenau.

Blumenau colônia tinha muitos desafios a serem vencidos, derivados de privações básicas originadas pela ausência de infra estrutura básica e diante de uma rede de cidades para se construir. Isto não foi impedimento para a manutenção da convivência social através das inúmeras práticas esportivas, esportivas, religiosas e culturais e o brinde com uma boa cerveja artesanal. Ein Prosit!

Vivem, apenas na nossa recordação, as reuniões sociais, os bailes onde a cerveja crioula imperava em cada mesa, farta e barata, sobre os balcões dos bares, iluminando o geral contentamento, que se traduzia em cantos e vivas, de mistura com as polcas e valsas da orquestra de sopro, entre as quais sobressaiam as que tinham por mestres o Lindner, o Rüdge e o singular August Werner, cujo piston, assoprado por possantes bochechas faziam estremecer as vigas dos salões, cobertas de bandeirinhas de papel de seda multicor.” José Ferreira da Silva – 1960 (Historiador e ex-prefeito de Blumenau)

A primeira cervejaria de Blumenau

Foi natural, que entre tantas práticas culturais, os primeiros colonos alemães trouxessem em suas bagagens a arte de preparar a cerveja. Na Alemanha, muito mais que tradição – quase um culto natural.
Em 29 de março de 1858, um conterrâneo do fundador da Colônia Blumenau – Hermann Blumenau, chegou à Colônia Blumenau – Heinrich Hosang.
Hosang nasceu no dia 28 de março de 1828 no Condado de Brunswick. Na época o Heinrich Peter Andreas Hosang tinha 30 anos de idade e comprou um lote colonial às margens do Ribeirão Garcia.
Além de trabalhar na terra de seu lote colonial, como o faziam todos os primeiros colonos. Pois tinham que garantir o sustento da propriedade e a alimentação básica, também teve outra ideia inédita na Colônia Blumenau. Montou uma fábrica de cerveja – ofício que conhecia muito bem, quando ainda morava no ducado de Brunswick – Alemanha.

Em 1860, mudou-se para a atual rua São Paulo, construindo sua residência aos fundos de sua cervejaria. Neste tempo, casou-se com Helene Friederike Henriette Brandes.
José Ferreira da Silva deixou registrado em um, de seus muitos textos, que Hosang adquiriu um terreno de 150 geiras, no valor de 450$000, pagos à vista.
A Cervejaria Hosang foi pioneira na Colônia Blumenau. Outras surgiram depois, mas nunca representaram concorrência para a tradição da Cervejaria Hosang, que se desenvolveu muito nos anos seguintes. Era a marca preferida do comércio local.

Um pouco do Festival Brasileiro da Cerveja Blumenau 2017 – do qual fizemos registros.

De acordo com a organização do Festival Brasileiro da Cerveja – 2017, inscreveram-se 332 cervejarias. Em comparação ao ano anterior, houve um aumento de aproximadamente 50% das inscrições.
Fizeram parte do grupo de jurados que escolheu as categorias das cervejas premiadas no ano de 2017, 61 membros de 20 países. Entre eles, especialistas da América do Sul, dos Estados Unidos, da Europa, da África e da Ásia.

Nessa edição de 2017, a cervejaria gaúcha Tupiniquim levou o maior número de prêmios no Concurso Brasileiro de Cervejas de Blumenau 2017. A escolha das categorias premiadas nesse festival aconteceu na noite do dia 7 de março. A Cervejaria Tupiniquim foi avaliada como melhor cervejaria do concurso da edição 2017, levando nove prêmios.
O Rio Grande do Sul foi o estado com o maior número de medalhas, em um total de 58. Na sequência foi Santa Catarina, que recebeu 51 medalhas.
Na edição 2017 do Festival Brasileira da Cerveja Blumenau 2017 foram avaliados 2.034 rótulos de 332 cervejarias. Foram distribuídas 256 medalhas. Destas, 97 foram de bronze, 90 de prata e 69 de ouro.
A grande novidade dessa edição de 2017 foi o desmembramento da categoria Cerveja Brasileira, conforme a adição de frutas, ervas e especiarias, madeiras e ingredientes brasileiros – receitas de cervejas brasileiras, que também não seguem a Lei da Pureza alemã.
A seguir a lista dos expositores:

Expositores 2017
Festival Brasileiro da Cerveja 2017 – Blumenau

Conversando…

Lembramos que o festival se reporta a um resgate local, com identidade local e regional, através de suas práticas e gastronomia. Ao visitarmos a Vila Germânica – Blumenau, local do festival, em 9 de março de 2017, percebemos que um conjunto tocava, no palco do Setor 1, a música da tradição e cultura das duas primeiras capitais do Brasil – o Samba (produto de exportação do Brasil). Melodia que não tem ligação cultural com a região e com a cidade que organizava o evento, muito menos com a história dele e a cultura da cidade, sendo que a cidade tinha acabado de receber o título de Capital Nacional da Cerveja.
A identidade é fundamental para que ocorram trocas culturais dentro de um Brasil com território continental e multicultural. As pessoas que visitavam o evento esperavam encontrar o perfil histórico e cultural da região e da cidade de Blumenau, o qual não é o mesmo das cidades de origem da maioria dos expositores.
Originalmente, seria apropriado apresentar, aos expositores e visitantes, o Blasmusik, “a orquestra de sopro” anteriormente mencionada no texto de Ferreira da Silva, música alemã, música do vento, que conta com excelentes grupos musicais dentro do próprio Estado de Santa Catarina, como a Banda Municipal de Pomerode e a Banda Treml, de São Bento do Sul, que tocou em várias edições da Oktoberfest Blumenau. Sem esquecer a própria Banda Municipal de Blumenau, criada para atender a este objetivo: levar a música local aos visitantes da cidade. Música local.
Uma amostra das duas primeiras sugestões – entre muitas – em curtos vídeos que fizemos em eventos da região, em datas distintas. Para apreciar:

A seguir, a música tocada na Cervejaria Hofbräuhaus, da cidade de München – Sul da Baviera, ou em qualquer cervejaria da Alemanha – origem da cultura regional do Vale do Itajaí. Registro de 2016. A tradição é atemporal e não é descartável.

Se o evento fosse no Rio de Janeiro, por certo e, acertadamente, a música seria samba e não, Blasmusik. A originalidade é um elemento importante e devemos dar oportunidade a esses momentos.
Estivemos na Vila Germânica em 9 de março de 2017, e fizemos registros dos momentos desse evento nacional que acontece na região do Vale do Itajaí, antiga Colônia Blumenau, com apoio da Prefeitura Municipal de Blumenau.

As imagens comunicam…

Onde vai acontecer o Festival Brasileiro da Cerveja 2024?

Um Registro para a História.

Eu sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
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Referências