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Oktoberfest em novembro: previsão divide opiniões de fornecedores da festa

Enquanto empresas defendem evento, outras acreditam que aglomeração durante a pandemia é inviável

Uma Oktoberfest em novembro. O adiamento da tradicional festa de outubro já causou grande repercussão em Blumenau. Porém, a possibilidade de o evento ser realizado entre 11 e 29 de novembro ainda é incerto.

Em agosto, o prefeito Mário Hildebrandt fará uma nova avaliação. Se necessário, a maior festa alemã das Américas poderá ser cancelada por conta da pandemia do novo coronavírus.

Até lá, resta para os fornecedores de chope, a bebida pela qual a festa é conhecida, aguardar instruções para o início das produções, preparação da equipe e contratação de novos colaboradores.

De acordo com a Prefeitura de Blumenau, a Oktoberfest gera cerca de 6 mil empregos, direta e indiretamente. Além de quem trabalha na festa, taxistas, motoristas, hotéis, bares, restaurantes e o comércio também são impactados.

Porém, a injeção de R$ 240 milhões na economia local é possível durante o período de Covid-19? Apesar do apoio de entidades empresariais, nem todos os fornecedores da festa concordam com a data.

Para Larissa Schmitt Bernardes, gestora da gasparense Das Bier, a incerteza da presença dos turistas na cidade é a maior preocupação. Segundo ela, é possível que o investimento de empresas pequenas não compense a contrapartida.

“Eu acredito que é melhor ser cancelada. Até porque precisamos produzir muito mais para conseguir atender. Entendo que movimenta a economia, nós também nos beneficiamos com a festa, mas é um risco muito grande”, opina.

De acordo com Bernardes, o faturamento da empresa deve cair pelo menos 50% no último trimestre caso a Oktoberfest não ocorra. Para participar da festa, ela precisaria investir um valor que não sabe se terá retorno.

“Se ocorrer obviamente vamos participar. Mas são muitas incertezas, especialmente se teremos público. É muito difícil fazer uma previsão para novembro. Nem a prefeitura ou a organização da festa têm como calcular isso”, conclui.

Eduardo Krueger, sócio-proprietário da Bierland, concorda que a festa não deve acontecer neste ano. Para ele, é difícil acreditar que a pandemia esteja controlada há tempo. Porém, ele insiste que o prefeito não tomaria uma decisão que colocasse a população em risco.

“A Oktober acontecer significaria que a doença for superada. Quem não gostaria que isso acontecesse? Me entristece ver as pessoas pedindo para cancelar a festa logo. O prefeito ganhou tempo com a decisão, mas ele não é louco de fazer a festa com a pandemia”, acredita o empresário.

Diferente de Bernardes, Krueger acredita que mesmo se a festa ocorra sem a garantia do público de sempre, a empresa usará a experiência com as festas anteriores para garantir que as vendas compensem o investimento.

Ele descreve a festa como um “segundo verão” para as cervejeiras, por trazerem um novo pico de compra do produto. Krueger ainda estende a preocupação com os impactos além das fornecedoras das festas, mencionando o comércio, os hotéis e as demais empresas.

“A doença continua evoluindo, então provavelmente não teremos Oktoberfest esse ano. O que eu gostaria é que fosse como após as grandes enchentes. Uma festa para levantar o astral, abraçar os amigos, tomar uma boa cerveja e comer um prato típico. Talvez só teremos isso no ano que vem. Até lá, pensamento positivo e todo cuidado possível”, recomenda.

“Vai ter Oktober”

Para Valmir Zanetti, diretor da Cerveja Blumenau, sócio proprietário da Choperia Bier Vila, fundador do Empório Vila Germânica e membro da Associação Vale da Cerveja, não há dúvidas de que a Oktoberfest acontecerá em novembro deste ano.

“Estamos falando daqui quatro meses. Tenho certeza de que em outubro já teremos a vacina e tudo estará resolvido. Não considero a hipótese de a festa não acontecer, nem pensamos em plano B. Nosso plano é: vai ter Oktober”, defende.

Para Zanetti, a gravidade da pandemia deve se reduzir antes do anúncio da data oficial da festa. Segundo ele, o evento é importante para que a economia local volte a se aquecer e os empregos sejam retomados.

Cervejeiro que se manifestou contra Oktober contraiu Covid-19

No início de maio, a cervejaria Hersing anunciou que não participaria da Oktoberfest caso ela ocorresse em outubro. O diretor comercial da empresa timboense afirma que a manifestação foi uma forma de pressionar a prefeitura a tomar uma posição. O que João Carlos Zimmermann não esperava era contrair o coronavírus. Uma semana após receber alta e de ficar entubado na UTI, o empresário acredita que a festa não deve acontecer.

“Depois de ter passado pelo que passei, eu sei a dificuldade e o tamanho do problema que é. Não imagino a Oktober acontecendo este ano. É a festa do chope e da gastronomia, como as pessoas iam usar máscara? Evitar aglomeração? Não teria coragem de levar minha família”, desabafa.

Mesmo acreditando que o prefeito deve cancelar a festa, Zimmermann que, se a Oktoberfest acontecer, a Hersing estará lá. Mesmo que com uma equipe reduzida e pouca perspectiva de lucrar com o evento.

“É muito investimento e preparo para produzir 30 mil litros de chope. Tem muita coisa envolvida além da questão financeira. Tenho certeza que, caso a situação melhore e a festa aconteça, eu perco mais dinheiro do que se ela ficasse para o ano que vem”, comenta.


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