Pai preso por sequestro em Blumenau tentará provar que fugiu para proteger filha, afirma defesa

Anderson Rafael Hasse continua preso temporariamente no Rio de Janeiro; advogado Paulo Ascenção detalha os planos da defesa

Anderson Rafael Hasse, de 40 anos, o pai acusado de sequestrar a própria filha, de 8, de Blumenau continua preso temporariamente no Rio de Janeiro (RJ). Conforme o advogado dele, Paulo Ascenção, a estratégia de defesa não será revelada, para não prejudicar o trabalho no processo. Contudo, o foco será absolvê-lo da acusação de sequestro. “Não houve sequestro, houve uma tentativa desesperada de tirar a criança da situação em que ela estava”, aponta.

O advogado afirma que, antes da fuga, “houve o terror” por parte do pai de ver que a filha estaria perto de um familiar que supostamente abusou sexualmente da menina. Portanto, Paulo ressalta que a ação de Anderson foi motivada pela superproteção do pai e afirma que deve apresentar provas dessa alegação durante o processo.

“O Anderson fugiu com a filha, preocupado com os efeitos do abuso. Ela pedia ajuda. O Anderson afirmou isso. Ela mesma pensou em fugir”, ressalta.

Apesar disso, a defesa admite que uma investigação anterior teria concluído que o caso de abuso foi, na verdade, uma questão de alienação parental praticada por Anderson. “A preocupação dele com o abuso sofrido pela criança é imensa. Ele está apavorado com a possibilidade de a menina se aproximar do familiar — é uma questão séria. Será aberta uma investigação; já houve uma anterior que não foi conclusiva”, diz.

Paulo ressalta que o familiar citado pode se tornar réu no futuro. Contudo, ele explica que a preocupação da defesa atual é com a liberdade do Anderson.

“Para que ele possa ser ouvido e se defender, mostrar o motivo. Agora, se houver uma investigação — o que é muito provável — ela deverá ser aberta ou reaberta. Um processo anterior havia concluído por alienação parental, como se a menina fosse uma marionete, repetindo que o familiar teria abusado dela. Resumindo: o familiar pode se tornar réu, e lidaremos com essa investigação ouvindo a criança, para que a verdade venha à tona”, complementa.

Paulo aponta que Anderson está fisicamente bem, contudo a situação é diferente ao falar da saúde mental dele. O advogado diz não saber se Anderson passou por avaliação psicológica, mas afirma que provavelmente passará no futuro. “Ele ainda está muito abalado. Ainda não sabia que a criança voltou para a mãe; revelei isso a ele nesta terça-feira”, detalha.

O advogado conta que existe uma ordem judicial sendo encaminhada para transferir Anderson para Santa Catarina. “Pretendo conseguir libertá-lo o quanto antes. Independentemente de ele voltar ao estado, continuarei neste processo para tentar defendê-lo”, completa.

Anderson e a menina desapareceram no início de março, quando ele não a devolveu após um fim de semana de visitação. Após investigação, a Polícia Civil pediu pela prisão temporária de Anderson pelos crimes de sequestro, cárcere privado e desobediência. Ele se entregou com a filha em 20 de março na 11ª Delegacia de Polícia da Rocinha.

Conforme o delegado Bruno Fernando, da Delegacia de Polícia de Proteção à Mulher, à Criança e ao Adolescente (Dpcami), o inquérito policial está sendo finalizado. “A criança será ouvida por meio de depoimento especial em juízo, conforme determina a lei. Anderson será ouvido assim que for transferido para Santa Catarina”, conclui.

Retorno a Blumenau

Após mais de um mês longe de casa, a menina, de 8 anos, sequestrada pelo pai voltou para Blumenau na sexta-feira, 4. Ela volta para a cidade depois de passar duas semanas sob responsabilidade da Justiça do Rio de Janeiro. As informações foram divulgadas pelo advogado da família, Mauricio Bento.

A mãe da criança foi ao Rio de Janeiro no dia 21 do mês passado, mas, ao chegar, foi informada de que a filha estava acolhida por determinação judicial. Por cautela, a juíza responsável determinou novos estudos sociais, com avaliação da mãe e da criança, conduzidos por assistentes sociais e psicólogas de sua confiança.

O objetivo era confirmar se havia condições adequadas para o retorno da menina ao convívio materno. Com a conclusão de que não havia impedimentos legais, e considerando que a mãe já possui a guarda judicial, a juíza autorizou a liberação da criança.

A menina deixou a casa de acolhimento na sexta-feira, 4, e viajou de volta a Blumenau no mesmo dia, de forma discreta.

Segundo o advogado, a menina já retomou sua rotina escolar e passará por acompanhamento psicológico.

Relembre o caso

No dia 28 de fevereiro, a criança foi passar o fim de semana de visita com o pai, que ocorre a cada 15 dias. Como naquele fim de semana havia feriado de Carnaval, ele poderia devolver a filha na quarta-feira, 5, na escola, às 13h15. No entanto, isso não ocorreu. Ao buscar a menina no final do dia, a mãe constatou o desaparecimento.

Desaparecimento da menina de Blumenau

A investigação da polícia apurou que Anderson planejava há cerca de três meses desaparecer com a filha. Segundo depoimentos de amigos e familiares, o homem demonstrava insatisfação com a perda da guarda da criança e relatava um suposto abuso cometido por um familiar, o que teria motivado as ameaças. Conforme as investigações, Anderson dizia que, caso não conseguisse fugir com a filha, mataria o familiar. Os fatos foram detalhados no inquérito policial e atualmente tramitam no Poder Judiciário.

A Polícia Civil descobriu que Anderson vinha se desfazendo de seus bens, como carro e instrumentos musicais, e também havia realizado um empréstimo bancário de R$ 60 mil para financiar a “empreitada criminosa”, conforme relata o delegado.

No dia em que foi visto pela última vez, Anderson foi deixado na região do Morro do Baú, em Ilhota, com várias malas e instrumentos musicais. Ao motorista de aplicativo que o levou, ele afirmou que um amigo o buscaria para ir a Blumenau e, posteriormente, viajaria com colegas para Piratuba, no Oeste de Santa Catarina, para aproveitar o feriado de Carnaval. Porém, os colegas negaram qualquer participação ou conhecimento dessa suposta viagem.

Acusações apuradas pela polícia

Além do planejamento para a fuga, Anderson é acusado de praticar alienação parental, manipulando emocionalmente a filha contra a família materna. Essa conduta foi um dos principais fatores para a decisão judicial que resultou na perda da guarda da criança.

Diante dos fatos, a Polícia Civil representou pela prisão temporária de Anderson pelos crimes de sequestro, cárcere privado e desobediência. O pedido foi acolhido pelo Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) e deferido pelo Poder Judiciário pelo prazo de 30 dias.

Leia também:
1. Aumento de 15% na tarifa de esgoto e 100% de cobertura até 2029: confira os principais pontos do aditivo assinado entre Samae e BRK, em Blumenau

2. Mulher é surpreendida por ex-companheiro durante a madrugada e agredida dentro de casa, em Blumenau
3. MP investiga uso de auditório da Secretaria de Educação para chá revelação de bebê de servidora em Indaial
4. Cinema de Blumenau lança promoção de três filmes por R$ 15 durante a semana
5. Dupla que armazenava crack e maconha em casa de Indaial é presa após denúncia anônima


Veja agora mesmo!

Casarão erguido pela família Klitzke é preservada pelos Souza, no Garcia, em Blumenau:

Colabore com o município
Envie sua sugestão de pauta, informação ou denúncia para Redação colabore-municipio
Artigo anterior
Próximo artigo