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Pesquisa da FURB comprova efeitos antidiabéticos de planta nativa da Mata Atlântica

Planta foi capaz de diminuir os índices de glicemia, produzir efeitos antioxidantes e diminuir as lesões no pâncreas

Uma pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade da Universidade Regional de Blumenau (PPGBio/FURB) revelou que a planta Myrcia tijucensis, nativa da mata Atlântica e abundante em Santa Catarina, possui efeitos antidiabéticos e antioxidantes. O estudo foi desenvolvido pela pesquisadora Nathielli Pauletti, Mestre em Biodiversidade, sob orientação da professora Débora Delwing Dal Magro, Doutora em Bioquímica. Testes conduzidos em animais revelaram que a administração do extrato produzido a partir de folhas da planta foi capaz de diminuir os índices de glicemia, produzir efeitos antioxidantes e diminuir as lesões no pâncreas dos animais diabéticos.

Conhecida popularmente como “guamirim”, a planta estudada é amplamente utilizada na medicina popular para o tratamento complementar de Diabetes, motivo pelo qual as pesquisadoras a escolheram como foco de investigação. O estudo conduzido por Pauletti e Dal Magro é inédito, já que não há registros na literatura de estudos in vivo, isto é, com seres vivos, que tenham se dedicado aos efeitos biológicos da espécie. A proposta das pesquisadoras é contribuir para o desenvolvimento de novos tratamentos para doenças como a Diabetes Mellitus, caracterizada pelo aumento dos níveis de glicemia no sangue.

O estudo revelou que, além de ser capaz de diminuir os níveis de glicemia, o extrato produzido a partir das folhas da planta também tem propriedade antioxidantes, ou seja, é capaz de proteger o organismo da ação dos radicais livres, substâncias instáveis que geram desequilíbrio no organismo e estão associadas a uma série de doenças. A análise do pâncreas dos animais estudados indicou que o extrato da planta também foi capaz de reverter lesões pancreáticas características da Diabetes. Segundo as pesquisadoras, os resultados encorajam a realização de novos estudos voltados ao aprofundamento do conhecimento sobre a planta em questão, de modo a fornecer subsídios para o desenvolvimento de tratamentos complementares que auxiliem o controle de glicemia de pacientes diabéticos.

Débora Delwing Dal Magro, orientadora da pesquisa, explica que a Diabetes Mellitus é uma doença crônica que exige tratamento contínuo. Atualmente, a condição é majoritariamente tradada com insulina e hipoglicemiantes orais, além de prática de exercício físico e dieta equilibrada. A busca por tratamentos complementares a partir de recursos naturais visa ampliar a gama de possibilidades disponíveis aos pacientes e contornar os efeitos adversos característicos dos tratamentos atualmente utilizados. Dal Magro enfatiza que a busca por novos compostos que possuam ação antidiabética não objetiva substituir os tratamentos tradicionais, mas complementá-los, permitindo aos pacientes terem melhor controle dos níveis de glicemia e, eventualmente, diminuir as doses dos medicamentos utilizados.

Como a pesquisa foi realizada

As pesquisadoras coletaram cerca de 3kg da planta, identificada como o auxílio do professor André Luís de Gasper, curador do Herbário da FURB. Depois de secas, as folhas foram transformadas em um extrato bruto, que passou por análise química para identificação dos compostos presentes. A partir do extrato bruto, as pesquisadoras realizaram, ainda, um fracionamento, processo que permitiu isolar alguns compostos presentes no extrato de modo que pudessem ser testados de forma isolada. O estudo conduzido por Pauletti e Dal Magro exigiu a indução de Diabetes Mellitus tipo 1 em ratos adultos, que posteriormente foram tratados ao longo de 15 dias com o extrato produzido a partir das folhas da planta e com os compostos isolados. Tanto a administração do extrato quanto dos compostos isolados corroborou a hipótese das pesquisadoras sobre as propriedades antiglicemiantes e antioxidantes da planta. Os experimentos foram realizados utilizando a estrutura do Laboratório de Neurociências e Comportamento (LNC) da Universidade Regional de Blumenau (FURB) e tiveram a colaboração das bolsistas Ana Luiza Boaventura e Brenda Wiggers.

Foto: Nathielli Pauletti/FURB

O estudo de Pauletti e Dal Magro é um dos frutos da linha de pesquisa “Conservação e uso sustentável da biodiversidade” do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade (PPGBio/FURB). Além da busca por compostos com ação antidiabética e antioxidante, pesquisadores vinculados ao grupo têm realizado pesquisas sobre a ação antidepressiva, anti-inflamatória, antiparasitária, antimicrobiana e fotoprotetora de compostos provenientes de plantas nativas.

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