Pesquisa da Furb revela que um terço dos adolescentes de escolas municipais em Blumenau estão acima do peso
Segundo pesquisadoras, índices precisam de ações imediatas
Por Victor Guerreiro- 11/07/2024
- 12:41
Uma pesquisa de mestrado da Universidade Regional de Blumenau (Furb), divulgada no dia 16 de março, avaliou o estado nutricional de 675 adolescentes de 10 a 15 anos, estudantes da rede municipal de ensino de Blumenau. O estudo comprovou que 31,3% apresentam excesso de peso, 18,2% estão em estado de sobrepeso, 11,3% têm obesidade e 1,8% possuem obesidade grave.
A pesquisadora Angélica Frizon Krindges Ludwig realizou o estudo sob a orientação da professora Luciane Coutinho de Azevedo para o mestrado em Saúde Coletiva da Furb.
Foi o primeiro estudo populacional realizado com rigor científico para avaliar essa população específica em Blumenau, conforme a nota oficial. Os resultados foram divulgados no dia 16 de maio durante uma banca pública de defesa de dissertação, no campus 3 da universidade.
Segundo as pesquisadoras, os índices revelados pela pesquisa são elevados e precisam de ações imediatas. A média de 31,3% de adolescentes com excesso de peso é superior ao descrito em estudos de base nacional e estudos populacionais regionais publicados em 2014 e 2015.
Saiba mais dos resultados da pesquisa
A pesquisa revelou que 65,4% dos estudantes estavam em estado nutricional adequado, também conhecido como “eutrofia”. Outros dados comprovam que 3% apresentavam magreza e 0,3% estavam com magreza extrema.
Segundo o estudo, o índice de excesso de peso era mais facilmente encontrado entre adolescente entre 10 a 12 anos e em adolescentes do sexo feminino que tenham passado pela puberdade.
O estudo focou nos aspectos que tornam esses adolescentes mais propensos ao excesso de peso. Nas meninas, foi observado que a primeira menstruação foi um fator influente. Nos meninos, foi observado que estudar no período matutino foi um fator para estarem mais propensos. Porém, o estudo não avaliou as rotinas de sono dos adolescentes.
A faixa etária de 10 a 15 anos foi escolhida por conta da importância de identificar de maneira precoce os casos de excesso de peso, assim como intervir caso o quadro seja grave ou doenças crônicas apareçam, segundo as pesquisadoras.
Entenda como foi feita a pesquisa da Furb
A pesquisa seria uma extensão do trabalho do Grupo de Estudos em Condições Crônicas na Infância e Adolescência (GECCIA), que atua desde 2000 no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Furb (PPGSC-FURB). O objetivo é estudar as condições de vida e saúde da população com doenças crônicas, focando na infância e adolescência.
As pesquisadoras irão retornar às escolas para compartilhar os resultados da pesquisa e distribuir material educativo sobre alimentação, exercício físico e qualidade do sono.
Os dados foram coletados com uma amostra composta por 675 adolescentes, que tiveram peso e estatura medidos, responderam a questionários sobre variáveis biológicas e sociodemográficas, como sexo, idade, turno escolar e nível de maturação sexual, além da idade da primeira menstruação, no caso das meninas, segundo a nota oficial.
A escolha das escolas e salas de aulas nas quais os estudantes foram convidados a participar foi realizada aleatoriamente. Tanto os adolescentes quanto os pais ou responsáveis assinaram termos de consentimento para a pesquisa.
O estudo foi realizado somente com adolescentes matriculados na rede municipal de Blumenau, por isso não se recomenda a generalização dos resultados para toda a população de adolescentes de Blumenau.
Saiba quais são os dados comparativos
De acordo com a Secretaria Municipal da Educação (Semed), em 2023, foram avaliados 22.094 estudantes do primeiro ao nono ano de toda rede municipal, o que seria 95,12% do total de 23.227 alunos matriculados. Os resultados provaram que:
- 4,42% apresentaram baixo peso
- 64,37% tinham peso adequado
- 31,21% apresentavam excesso de peso (15,56% tinham sobrepeso e 15,65%
apresentavam obesidade)
A secretaria explica que aconteceu uma diminuição do excesso de peso comparado com 2021, período da pandemia de Covid-19, em que os estudantes chegaram a 36,59%, com excesso de peso, sendo destes 19,06% com obesidade.
A média de excesso de peso em crianças a partir de 7 anos e adolescentes, em comparação com dados abrangentes, revelou que Blumenau está na média estadual e um pouco abaixo da média regional. Porém, apresenta índices maiores do que a média brasileira.
- Blumenau: 34,3%
- Santa Catarina: 34,61%
- Região Sul: 37,33%
- Brasil: 32,31%
Os relatórios municipais, estaduais, regionais e nacional são deste ano, foram fornecidos pela Semus e Semed, e providos pelo Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), uma avaliação nutricional das crianças e adolescentes atendidos no SUS.
Saiba o que diz a Secretaria de Educação
Como divulgado em nota, Blumenau acompanha desde 2010 o estado nutricional dos estudantes da rede pública municipal, em conjunto com a Secretaria de Educação (Semed) e Secretaria de Saúde (Semus), através do Programa de Saúde na Escola (PSE).
“Devido ao aumento do excesso de peso mundial, as avaliações passaram a fazer parte do ano letivo, onde o professor de Educação Física realiza a avaliação antropométrica (coleta de peso e altura) e os profissionais nutricionistas da Educação e Saúde fazem a análise do estado nutricional”, explica.
A secretaria explica que a cidade blumenauense tem ações voltadas para a educação nutricional, incentivo ao esporte e atendimento das pessoas com obesidade na atenção primária e secundária.
Há também instituições de ensino da rede municipal com cardápios que seguem o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Todas as instituições de ensino da rede municipal possuem cardápios que seguem as diretrizes do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
O planejamento desses cardápios é conforme o Guia alimentar para a população brasileira, de 2014 e o Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos, de 2019, ambos produzidos pelo Ministério da Saúde.
*Com informações de Camila Maurer
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