Pesquisa Dengo: conheça projeto que buscou valorizar o teatro negro em Blumenau
Mostra teatral dos resultados da pesquisa aconteceu em agosto
Dengo é uma palavra de origem africana banto da língua Quicongo. Carrega em seu significado ancestral, um pedido de aconchego no outro em meio ao duro cotidiano. Foi pensando nesse acalento que as atrizes e produtoras culturais Natele Peter e Taly Lima criaram uma pesquisa baseada em teatro focado para pessoas negras.
Através do Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura, as coordenadoras encontraram a possibilidade de executar o projeto. A proposta foi submetida em 2022 e teve duração de oito meses desde as etapas de pré-produção até a realização da contrapartida social.
“A intenção que tivemos desde o primeiro momento foi proporcionar aos corpos um espaço de acolhimento e experimentação. Queríamos que durante os encontros as pessoas se sentissem à vontade para se expressarem e investigassem suas potencialidades sem que a pesquisa se tornasse um espaço de competição. Dengo foi importante para que as pessoas se sentissem abraçadas e pertencentes”, contam as atrizes.
Pesquisa Dengo
Com um objetivo e ações diferentes dos projetos já executados em Blumenau, a pesquisa Dengo chamou a atenção de diversos artistas amadores e profissionais, atores e não atores, pesquisadores e estudantes de Santa Catarina. Ao todo, seriam 15 vagas disponibilizadas nas ações de formação, contudo houveram 22 inscrições, e as organizadoras resolveram abranger todos os interessados.
“Além de fornecer as oficinas como uma estratégia de formação, a pesquisa se preocupou, também, em assegurar a participação dos integrantes, garantindo o subsídio de 10 bolsas incentivo aos participantes selecionados”, explicam.
A pesquisa foi dividida em três módulos e cada módulo foi ministrado por uma profissional da área. No primeiro encontro, Julianna Rosa de Souza, doutora e mestra em teatro pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), ministrou a oficina de dramaturgia.
No segundo módulo, a capoeirista e mestre em teatro pela Udesc, Antônia Vilarinho, ministrou a oficina de corpo. Drica dos Santos, doutoranda e mestre em teatro pela Udesc, foi responsável por ministrar o terceiro e último módulo da pesquisa com a oficina de interpretação e direção.
Confira um pouquinho sobre como foi o processo:
O projeto contou com a participação de Lucas Mendes, responsável pelo designer gráfico, Wily Gonçalves como social media, Aline Lustoza como produção e intérprete de libras e Sabrina Marthendal na fotografia.
Durante todos os encontros, os participantes tiveram a possibilidade de uma formação e de se aproximar das contribuições realizadas pelos artistas negros que ocuparam e ocupam a cena teatral brasileira, de forma, de forma gratuita. Além disso, o espaço permitiu que cada participante tivesse a possibilidade de se expressar corporalmente, de forma própria.
“Tudo com afeto”
Todas as aulas e a mostra da pesquisa aconteceram na Universidade Regional de Blumenau (Furb). Nela aconteceram os encontros mensais dos módulos e também, foram apresentadas duas sessões da mostra processual, montadas a partir de uma seleção de exercícios propostos pelas ministrantes e pelas produções autorais dos participantes da pesquisa.
Para Julianna Rosa de Souza, ministrante do módulo de Dramaturgia e autora do livro ‘’O teatro negro e as dinâmicas do racismo no campo teatral’, a pesquisa foi um momento importante de troca de experiências entre pessoas muito diversas.
‘’É muito bom quando estamos em coletivo, e ministrar a oficina entre nós, pessoas negras, tão diversas e com experiências singulares me trouxe um sentimento de esperança. Além da oficina, falamos de experiências difíceis sobre o preconceito racial no sul do país, mas, tudo isso com afeto”, conta.
Allan Antônio, ator, improvisador do grupo de teatro Remanescentes e participante da pesquisa Dengo conta que participar do projeto foi muito importante e que trouxe outras possibilidades nas artes.
‘’Fazer parte de um projeto como o Dengo que tem como objetivo a pesquisa do teatro negro me trouxe outras possibilidades de existir como artista, e para alem da dor acessar cenicamente uma narrativa de vitória trazendo uma nova ideia de protagonismo preto’’, finaliza.
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