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Pesquisadores da Furb desenvolvem corante natural, biodegradável e de custo acessível usando urucum

Linha de pesquisa debate impactos ambientais da indústria têxtil

Um corante de tingimento natural para tecidos com custo-benefício e menor impacto no meio ambiente foi desenvolvido por pesquisadores de pós-graduação do curso de Engenharia Ambiental da Universidade Regional de Blumenau (Furb). 

O corante de urucum é extraído das sementes da planta e tem uma coloração intensa, que pode colorir tecidos de poliéster. Ele é o responsável pelo tingimento e o processo é sustentável, antifúngico, antioxidante, biodegradável e ainda tem um preço acessível.

O trabalho está disponível para licenciamento através da Vitrine Tecnológica, da Agência de Inovação Tecnológica (Agit). Ainda está em análise pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). 

“A motivação desta aplicação surgiu da necessidade global e atual em voltarmos esforços conjuntos em prol da sustentabilidade ambiental, na tentativa de mitigar os impactos ambientais negativos provocados pelo consumismo”, explica o professor universitário de Engenharia Química da Furb, Marcel Jefferson Gonçalves, que trabalhou na inovação.

Corante de urucum

Marcel Jefferson, doutorado em Engenharia Ambiental, explica que o processo de estudo apresentou diversos desafios, como determinar a estabilidade do urucum em diferentes faixas de pH e temperatura para o tingimento do poliéster. 

“Depois, ainda precisávamos encontrar as condições ideais para o tingimento, incluindo a variável tempo, visto que ninguém no mundo ainda havia explorado esta aplicação. Tudo isto foi superado com muitos estudos e ensaios práticos”, elabora.

O processo de preparação do corante natural de urucum para tingimento em tecidos de poliéster acontece na acidificação e dispersão em meio aquoso. Ele se torna solúvel, o tingimento acontece a uma temperatura de 115ºC por 15min, sem precisar de tratamento prévio no tecido, conforme a divulgação.

Equipe

corante de tingimento natural
Arquivo Pessoal

O professor universitário atuou por 20 anos na indústria têxtil e conta que sempre quis contribuir para a redução da poluição ambiental. A ideia de usar um corante natural, mais conhecido nos setores alimentícios e cosméticos, em coloração de fibras sintéticas surgiu de maneira inusitada.

“A ideia inovadora surgiu um dia em casa, após esquentar um molho de tomate em um pote plástico. Ao tentar lavar o pote, quem diz que aquela coloração vermelha saia? Nem com muito sabão e nem com água a fervura”, conta o professor. “Pensei: aí está um corante natural bem resistente e que vale a pena investigar sua tingibilidade em fibras têxteis sintéticas, como o poliéster, que é a segunda fibra mais utilizada, após o algodão. Desta forma, levei a ideia adiante com meus alunos e colegas de pesquisa.”

Foram incluídos como inventores do processo, a mestre em Engenharia Química pela Furb, Amanda Madruga Bueno, que desenvolveu o trabalho, com o orientador, Sávio Leandro Bertoli, e a professora Ivonete Oliveira Barcellos.

Indústria têxtil do Vale do Itajaí

A região do Vale do Itajaí é um polo têxtil e o professor explica que gera quantidades significativas de efluentes carregados com muita cor, devido aos corantes sintéticos, causando poluição ambiental.

“Pode desta forma, deixar os efluentes mais biodegradáveis, reduzindo inclusive os custos das ETEs. As empresas ainda podem divulgar esta aplicação como uma ação de marketing ambiental positivo”, reitera Marcel Jefferson.

Portanto, substituir corantes sintéticos por naturais iria reduzir os riscos de poluição ambiental e, ainda, reduzir o consumo de produtos químicos, utilizados na fabricação de corantes sintéticos.

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