Plataforma de aluguel de quartos, Airbnb cresce e vira opção de renda em Blumenau

Sistema possibilita que hóspede economize dinheiro e que anfitrião use espaço vago para lucrar

Hotel, pousada, camping, hostel ou quarto de visitas de um parente. São várias as opções na hora de se acomodar em uma viagem. Porém nenhuma delas proporciona o conforto de um lar. É pensando nessas comodidades que muitas pessoas optam por utilizar o Airbnb.

A empresa que foi fundada nos Estados Unidos em 2008 oferece uma plataforma online para anunciar e alugar espaços. Desde casas e apartamentos inteiros até quartos vagos, o site possibilita uma maneira diferente de se hospedar em uma cidade.

Em Blumenau, são mais de 300 acomodações. De acordo com o site, o preço médio dos alugueis é de R$ 108 por dia. Porém, os mais baratos vão desde R$ 30 por uma quitinete na Água Verde até as duas opções mais caras, casas inteiras por R$ 1.201 ao dia. Uma delas, não coincidentemente, fica ao lado do Parque Vila Germânica.

A Oktoberfest, inclusive, é um dos principais eventos que movimenta o Airbnb em Blumenau. Não é raro encontrar a festa como um dos principais chamarizes nos anúncios da região.

Talvez este seja o motivo para 29 hóspedes anunciarem no site que falam alemão. O idioma só perde para o inglês, com 159 anúncios afirmando compreender o idioma. As outras duas línguas oferecidas em Blumenau são o francês, com 14 falantes, e o italiano, com 13.

Além de oferecer uma acomodação personalizada e com jeitinho de casa, o site também é uma oportunidade de lucrar com um espaço sobrando. Fora das épocas de eventos, como a Oktober e o Festival da Cerveja, ainda há turistas que vêm ao Vale Europeu para conhecer a região.

Locações próximas de universidade, como a Furb e a UFSC, também recebem professores e estudantes que precisam passar um período na cidade, mas não querem pagar um hotel por várias semanas.

Esta é uma das vantagens de alugar um espaço no Airbnb. Além de ser mais caro ficar em um hotel por muitos dias, depender de serviço de quarto por um longo período de tempo pode ser cansativo para alguns. Em contrapartida, imobiliárias não costumam locar espaços por poucos meses.

Leo Laps e a esposa em um sítio de Quebrada de Humahuaca, em Jujuy, na Argentina. Foto: Arquivo pessoal

Foi este motivo que fez Leo Laps, jornalista e fotógrafo apaixonado por viajar, começar a usar o Airbnb. Após diversas experiências utilizando o site no Brasil, na Argentina, no Uruguai e em países da Europa, ele resolveu colocar a própria casa no site.

O imóvel ficou desocupado após ele sair para morar com a esposa e a mãe dele precisar se mudar para um apartamento por conta de um problema no joelho. Para aproveitar o espaço, Laps resolveu alugar os quartos.

“Eu tenho diversos anúncios. Para quartos individuais, dois quartos, a casa inteira… mais de 50 pessoas já ficaram aqui desde 2017. São várias situações, tem gente que vem a trabalho, tem gente que vem pra passear, dependendo do que a pessoa ta vindo fazer são experiências bem diferentes”, afirma.

Em um dos quartos, um amigo mora permanentemente. Ele passa as semanas em Blumenau à trabalho e nos fins de semana vai para o litoral ficar com a namorada. Leo e a esposa também anunciam o apartamento da família dela, em Balneário Camboriú, no Airbnb.

O casal teve apenas uma experiência alojando um visitante enquanto morava na casa, que fica no bairro Velha. David, professor de física do Rio de Janeiro que veio para UFSC, acabou se tornando um amigo.

“Apesar de não termos nos visto mais, até hoje trocamos mensagens. Estamos grávidos de nove meses e compartilhamos coisas de maternidade, já que ele também é pai”, conta.

Neste ano, Laps resolveu baixar o preço do aluguel fora da época de festas e sentiu uma melhora na procura. Apesar de não conviverem com os inquilinos, eles sempre deixam dicas para ajudá-los a ter uma experiência diferente.

Mensagem deixada por hóspedes na casa do casal. Foto: Leo Laps

“Ontem chegou um casal que veio para Blumenau passear, mas também está procurando emprego para se mudar para cá. O cara trabalha com cervejarias e eu acabei vendo um anúncio de emprego em uma daqui e já mandei pra ele”, exemplifica.

Além de uma renda extra, o valor recebido pelos aluguéis no Airbnb se tornaram a fonte de renda para Laps manter a mãe em um apartamento sem escadas, onde ela pode viver com mais conforto.

“Achávamos que depois de 40 anos na mesma casa ela não iria se adaptar, mas ela nem pensa em voltar. Tá muito feliz. Melhorou a qualidade de vida dela sem precisarmos tirar nada do bolso. Só o tempo e dedicação do serviço”, relata.

O que começou como uma forma de manter a casa, hoje se tornou um prazer na vida do casal. Com o dinheiro guardado com o lucro, eles vão adicionar mais um quarto à casa e melhorar a estrutura para quem sabe vender o imóvel no futuro.

“Eu curto muito a experiência. Várias vezes já pensei em não vender a casa. Dá até vontade de investir nesse ramo para receber mais pessoas, transformar o espaço em uma pousada”, reflete.

Além do preço e do conforto, o aluguel de espaços no Airbnb permite ao hóspede ficar em áreas onde não há hotéis e vivenciar diferentes áreas da cidade. Leo Laps e a esposa dirigiram até o deserto do Atacama, no Chile, e ficaram em vários lugares no caminho.

Leo Laps bebendo mate em uma cabana em Purmamarca, Jujuy, na Argentina. Foto: Arquivo pessoal

“Não curto o clima de hotel, as comodidades me incomodam. Gosto de ter uma experiencia de como as pessoas vivem na cidade. Ficar numa localização mais discreta e inserida na vida da cidade. Te permite morar num bairro fora daquela coisa de turista”, descreve.

Estadias que viram amizades

Maria Eduarda Boaventura é uma empreendedora apaixonada por conectar pessoas. Ela e o marido, Roberto, muitas vezes optam pelo Airbnb por conta do preço, mas também pela experiência autêntica proporcionada pelo contato com os anfitriões.

Porém, receber hóspedes no apartamento deles já rendeu uma estadia em Paraty, no Rio de Janeiro. O casal de Volta Redonda acabou indo para a Oktoberfest junto deles e convidou os dois para irem ao litoral fluminense para se reverem.

Maria Eduarda, à frente, com o marido Roberto (esq.) e os amigos fluminenses. Foto: Arquivo pessoal

“Na hora rimos, falamos que como ele já tinha bebido, era melhor ele não falar isso porque íamos mesmo. No outro dia de manhã, ele falou que era verdade, que era pra ir mesmo. E fomos! Ficamos alguns dias na casa dele no verão”, conta Maria Eduarda.

Outra amizade que surgiu com as locações do Airbnb foi de um professor de Curitiba, que vêm à Furb regularmente para dar aulas em regime concentrado e sempre se hospeda com o casal. Durante o período de Oktober eles também receberam um hóspede da Alemanha e Roberto aproveitou para levá-lo para Pomerode e conhecer uma cervejaria.

O casal com o hóspede alemão. Foto: Arquivo pessoal

A ideia de alugar o quarto adjacente do apartamento surgiu a partir de uma amiga que, durante o processo de mudança do casal no ano passado, sugeriu que eles usassem o site.

“Quando nos mudamos para um apartamento de dois quartos, e ideia era usar o outro como atelier. Mas um dia uma amiga comentou sobre o Airbnb e ficamos com isso na cabeça. Como nos mudamos perto da Oktober, achamos uma ótima época pra testar, tanto pela experiência como pelo dinheiro”, relata.

Para o casal, o retorno financeiro não é o foco, mas sim conhecer pessoas e histórias diferentes. Eles já receberam mais de 15 hóspedes e assumem que no começo era estranho dividir o lar com pessoas desconhecidas, mas hoje se divertem com o serviço.

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