Polícia de Blumenau fecha empresa de turismo suspeita de aplicar golpes em haitianos

Dono da empresa, também imigrante do Haiti, teria ficado com o dinheiro de passagens aéreas

A Polícia Civil de Blumenau fechou na manhã desta quinta-feira, 20, uma empresa suspeita de aplicar golpes em haitianos que vivem na região. O proprietário, um homem de 30 anos também imigrante do Haiti, teria enganado ao menos oito compatriotas e foi encontrado pelos policiais em casa.

Ele mantinha uma agência de turismo na rua João Pessoa, bairro da Velha, que teria retido o dinheiro pago pelos clientes para comprar passagens aéreas. Em geral, as vítimas tentavam trazer parentes ao Brasil e só descobriam a fraude no momento dos embarques.

Um dos lesados pagou cerca de R$ 10 mil à empresa na esperança de trazer para Blumenau a namorada, com quem pretendia se casar. Nunca mais viu o dinheiro e a moça continua no Haiti.

Outra vítima, de 29 anos, tentava trazer o primo para o Brasil. Pagou pela passagem e o parente recebeu uma confirmação do bilhete, mas era falsa.

Esse tipo de agência se tornou comum no Brasil após a chegada de milhares de refugiados haitianos. Como poucos falam português, são muito dependentes de compatriotas já estabelecidos. Caso do o homem conduzido à delegacia nesta quinta.

Além de trabalhar com turismo, o suspeito de estelionato mantinha uma mercearia. A polícia investiga se o estabelecimento também funcionava como uma casa de câmbio ilegal.

O Município Blumenau

Segundo o delegado Lucas Gomes de Almeida, o número de vítimas pode crescer:

“Há dificuldade para denúncia porque muitas das vítimas não falam português. Tem um dano emocional às vítimas, as pessoas queriam o apoio da família, pagaram valores altos e foram lesadas”, explica.

No momento da condução coercitiva, por volta das 6h, o suspeito estava escondido debaixo da cama. Ele afirmou que se assustou com a invasão e pensava ser um ladrão. O homem alegou que também foi vítima da fraude.

Segundo o suspeito, ele teria comprado as passagens das vítimas de uma empresa de São Paulo, mas a proprietária, uma mulher, teria desaparecido com o dinheiro, cerca de R$ 43 mil.

“Eu fiz um evento para dar um dinheiro para eles no dia 10, mas não deu certo o evento. Eu tenho o nome de todos que eu tenho que pagar”, reconheceu.

O homem detido será ouvido na delegacia e depois poderá aguardar o desenrolar das investigações em liberdade. Porém, ele teve o passaporte retido para que não possa deixar o Brasil.

Os nomes do suspeito e das vítimas não foram divulgados pela Polícia Civil.

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