Polícia Federal investiga empresa de Blumenau suspeita de golpe milionário
Polícia Civil de Blumenau iniciou as investigações, mas repassou o caso para a federal
Em agosto de 2022 a empresa Multiplus Investimentos Ltda, de Blumenau, virou alvo de investigação da Polícia Civil, por suspeita de estelionato, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Além disso, passou responder processos impetrados por um grupo de empresários e investidores, que alegavam ter perdido dezenas de milhões por supostas fraudes financeiras.
Ainda no ano passado, a Divisão de Investigação Criminal de Blumenau chegou a cumprir diversos mandados de busca e apreensão nas casas e escritórios dos responsáveis pela empresa. Entretanto, todo resultado das apreensões foram encaminhadas à Polícia Federal, que estava à frente das investigações por suspeita de fraude financeira na bolsa, e assumiu o caso como um todo.
De acordo com o delegado da DIC de Blumenau, Ronnie Esteves, a Polícia Civil de Blumenau nem chegou a investigar o conteúdo da apreensão. “Ficamos cientes de que a Polícia Federal estava no caso, e, por isso, já repassamos tudo que tínhamos, inclusive o que há havia sido investigado até então, como depoimentos e etc”, explicou.
Desde então as investigações continuaram na Polícia Federal. Nossa equipe tentou detalhes dos desdobramentos, mas até a publicação da reportagem, não recebemos resposta.
Em relação aos processos impetrados por investidores, ainda não houve sentença proferida pela Justiça.
Relembre os detalhes
Alvo das denúncias e processos, a Multiplus possuia oficialmente dois sócios: Bruno Lippel e Ingomar Mueller. Na empresa, eles recebiam recursos dos investidores e aplicavam no mercado financeiro. A suspeita é que relatórios e documentos apresentados aos clientes tenham sido adulterados para esconder os rombos e prejuízos.
Em agosto do ano passado, Bruno atendeu nossa reportagem e confirmou toda a situação. Ele apontou que teve conhecimento dos problemas após as denúncias, mas que tudo havia sido causado pelo sócio, que era quem realizava os investimentos e fazia todo o acompanhamento.
Segundo Bruno, o sócio informava aos investidores um valor diferente do que tinha em conta. “Ele fraudava os relatórios de operação, onde por exemplo ele poderia ter perdido
R$ 5 milhões para o grupo todo, ele dizia que tinha sido R$ 2. Isso foi criando um desfalque e um resultado que não existia”, afirmou à reportagem.
Bruno também disse sentir-se responsável, já que confiou e juntou seu nome com o do sócio, que teria cometido as fraudes. Ele afirmou que muitos dos investidores são amigos e que teve a vida destruída por ingenuidade.
À reportagem, Bruno confirmou que a conta da Multiplus tinha naquela época R$ 4 milhões de saldo – valor que sobrou dos mais de R$ 71 milhões investidos. Ele diz também que apenas Ingomar tinha acesso a essa conta e que o valor é bem inferior aos relatórios encaminhados aos investidores, que apontavam rendimentos e um saldo de cerca de R$ 83 milhões.
Ingomar Mueller também foi procurado pela reportagem, através do telefone, mas não respondeu.
Casos relatados à reportagem
Após a publicação da primeira reportagem sobre o caso, o jornal O Município Blumenau recebeu informações de outros investidores que teriam sido lesados pela empresa. Um casal, por exemplo, colocou toda a aposentadoria no negócio e estava buscando junto a advogados tentar reaver o dinheiro. Outro empresário, teria investido R$ 2 milhões.
Há casos relatados de investidores que colocaram toda a reserva de dinheiro no negócio e, enganados pelos relatórios apresentados pela empresa, estavam planejando o saque para quitar um apartamento. As vítimas preferiram não se identificar.
– Assista agora:
Heiko Grabolle fala sobre início na gastronomia e qual prato não come