Polícia Federal investigará professora do Vale do Itajaí que fez publicação xenofóbica nas redes sociais
Mulher sugeriu que pessoas vindas do Nordeste deveriam voltar para seus estados de origem
A Polícia Federal investigará a professora da Escola de Educação Básica Padre Lux, do bairro Azambuja, em Brusque, que fez uma publicação nas redes sociais em que sugeria que pessoas vindas do Nordeste deveriam voltar para seus estados de origem.
Em documento enviado ao jornal O Município nesta quarta-feira, 7, é descrito que será instaurado um Inquérito Policial para que sejam apuradas possíveis ocorrências no Artigo 20 (§ 2º – Lei 7.716/1989), que é a Lei do Racismo.
Processo Administrativo
Em portaria publicada na sexta-feira, 14 de outubro, a Secretaria Adjunta do Estado da Educação afirmou que iria designar servidores públicos de cargos efetivos de categoria igual ou superior a da acusada, para constituir uma Comissão de Processo Administrativo Disciplinar. A comissão possui como objetivo, apurar supostas irregularidades cometidas pela professora.
Confira os membros da comissão:
- (Presidente) Cristina Aparecida E. Machado (assistente técnico-pedagógica);
- Maria Lucia de Oliveira (consultora educacional);
- Luiz Carlos da Silva (professor).
A comissão foi instalada em 10 dias (a partir da data da publicação do documento) e se encerrará no prazo de 60 dias, prorrogável por mais 60 dias. Em caso de força maior, por prazo determinado a critério da autoridade competente, não excedente a 60 dias.
Relembre o caso
Nas redes sociais, professora postou um vídeo que, além de sugerir “o retorno” para os nordestinos que vivem em Brusque, propõe que as empresas deveriam fazer um “boicote” (negando emprego) às pessoas vindas do Norte do país.
“Que tal fazermos um boicote a todos que vêm do Norte para Santa Catarina pedir emprego, ganhar a vida e crescer? Começar a mandar de volta né gente? Depois de uma eleição dessa, né? 70% pra Bahia, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Pará, né? A gente passa a não deixar eles ficarem por aqui, segue seu caminho, seu rumo. Vai lá fazer o seu estado crescer, né”, diz a professora no vídeo.
Após a publicação, o material foi apagado pela mulher, porém, pessoas salvaram ele antes de sumir das redes sociais. Enquanto falava, havia também uma enquete no vídeo com as opções: “voltar pro estado” e “liberado pra todos”.
Confira o vídeo:
Denúncia
Em conversa com o jornal O Município, uma leitora que não quis se identificar mandou o vídeo da professora e relatou detalhes do acontecido.
“Venho denunciar um post xenofóbico em rede social em forma de vídeo, de uma servidora da secretaria de Educação de Brusque. Ela usou sua rede social no Instagram para promover um “boicote” contra nortista e nordestinos, dizendo que os mesmos deveriam ser mandados de volta para seus estados. Ela apagou o vídeo se sua conta, mas temos salvo”, conta a leitora.
“Gostaria de ressaltar o quanto me senti ofendida, pois sou do Norte e moro na cidade há quase 14 anos. Há 13, sou servidora efetiva da Rede Municipal de Educação e sempre atuei de forma digna, trabalhando em prol da educação nessa cidade. Entendendo que xenofobia é crime”, complementa.
Respostas
O jornal O Município entrou em contato com Secretaria de Educação de Brusque, que relatou que a professora atuava com um contrato temporário, na Educação de Jovens e Adultos (EJA) de Brusque. A Coordenadoria Regional de Ensino (CRE) de Brusque informou que a professora pediu licença médica.
Nas redes sociais, a mulher possui um perfil em que diz trabalhar com artesanato e peças para bebê e utilitários. Adolescentes que se dizem ex-alunos dela afirmam que ela lecionava a disciplina de inglês.
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