Quando o Napoleão resolveu construir a ponte ligando a rua Itajaí à Ponta Aguda aconteceu um tão grande berreiro quanto pequeno foi o grupo que berrou. Ponte ali não, com direito à decisão judicial e ponto final.

Enquanto proposta teórica do saudoso arquiteto Hans Broos, uma ponte ligando esses dois pontos centrais de Blumenau, que eu lembre, nunca recebeu protestos.

Está certo que a localização da ponte do Broos era um pouco mais rio abaixo. Mas, qual o problema do meio-termo, ou seja, deslocar a ponte do Napoleão um pouquinho mais para baixo? A ponte do Mário, já pronta e em pleno uso, paralela à antiga ponte central da Ponta Aguda, segundo o próprio Mário, do ponto de vista do trânsito, atendeu critérios técnicos de localização.

Ninguém pode negar, no entanto, que, do jeito que está implantada, obriga a congestionada Av. Beira-Rio a aceitar os veículos, incluindo alguns ônibus que, vindo do Reino do Garcia, poderiam ser desviados pela ponte do Napoleão direto para a Ponta Aguda, via rua Itajaí, sem ter que passar pelo centro do Centro.

Não faltaram argumentos para os anti-ponte do Napoleão. Questionaram se foi feito o cálculo de quanto os pilares iriam influir no fluxo do rio quando da ocorrência de enchentes, mas, ninguém questionou o aterro na curva da prainha que obstruiu uns respeitáveis 150 a 200 metros quadrados de seção de vazão do leito secundário do rio, aterro este que obstrui “n” vezes mais a vazão do rio numa enchente do que uns dois esbeltos pilares de ponte no meio do rio.

Questionaram que a ponte do Napoleão iria macular a paisagem da curva mais icônica do rio Itajaí Açu, mas ninguém questionou nem o já referido aterro, muito menos o enrocamento feito junto ao rio, que assassinou de vez com o que restava da prainha ali no local, parte indissociável da fisionomia da curva mais icônica do rio. Aliás, o tal enrocamento forçou a curva no rio a ser geometricamente perfeita, absolutamente anti-natural, portanto.

Aliás, impingiram ao rio ter uma curva mais perfeita do que os ângulos de curvas de muitas esquinas e curvas de ruas da cidade. Basta olhar de cima, com um drone, por exemplo, para conferir essa forçada de barra na paisagem fluvial. Mais assassinato da paisagem natural do local, impossível, mas, ninguém berrou.

Logo depois da polêmica sobre a ponte do Napoleão surgiu em espigão gigantesco, fincado quase em cima da “curva mais icônica” (a estas alturas já entre aspas) e que, além de desfigurar a “curva mais icônica” mais que uma ponte, joga sua gigantesca sombra sobre a prainha na parte da tarde e ninguém xingou. Só valeu xingar a ponte do Napoleão.

Ponte do Broos, do Napoleão, do Mário, tudo ligado à Ponta (Aguda). Mais um espigão, atropelando também para sempre um projeto de minimização de enchentes na cidade (assunto para outro artigo). Quanta confusão! E eu aqui apenas querendo entender.

Lauro Bacca

Protesto organizado pela Acaprena em 1980, fechando a rua Sete de Setembro, no Centro, contra projeto do governo do Estado que pretendia instalar em Blumenau uma Usina de gaseificação do poluente carvão mineral que seria trazido da região carbonífera do Sul de Santa Catarina até perto da cidade. Foto Lauro E. Bacca, 1980.


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