Prática de exercícios com máscara é prejudicial? Confira a palavra de especialistas
Entenda também os motivos da dificuldade do uso de máscara em atividades físicas
Seja correndo, caminhando, pedalando, indo à academia, as pessoas não abrem mão de se exercitar durante a pandemia. Mas um novo item tem acompanhado essas práticas: a máscara, indispensável em locais públicos.
Contudo, é recorrente ouvir reclamações acerca do desconforto causado por ela, principalmente pela dificuldade na respiração. Afinal, o uso da máscara pode fazer algum mal durante a prática de exercícios físicos?
Por enquanto, não existe nenhuma comprovação científica que mostre que o uso da máscara, durante exercícios físicos, possa causar algum mal. “Ainda que alguns digam que o dióxido de carbono exalado fique represado na máscara, não se chega ao ponto de isso causar danos ao indivíduo”, aponta a professora da Furb e mestre em saúde coletiva Caroline Schramm.
O coordenador do Núcleo de Atividades Físicas da Associação Empresarial de Blumenau (Acib), Sebastião Schmitt Junior, observa que atividades mais leves são mais fáceis de realizar, enquanto as que exigem mais esforço podem não ter o mesmo rendimento devido à máscara. “Hoje, a prática de atividade física com a máscara, quando ela é feita de intensidade baixa até moderada, é tranquilo. A gente vê que muitas pessoas conseguem realizar. No início é desconfortável e depois consegue realizar”.
Porque há sensação de desconforto, maior cansaço e queda no rendimento?
De acordo com estudo publicado na Revista Brasileira de Medicina do Esporte em julho, quando comparado a respiração normal, o uso de máscara diminui o fluxo de ar que vai aos pulmões. Com menos oxigênio nos pulmões, há menos oxigênio indo para o sangue e músculos, o que dificulta os treinos pois, consequentemente, gera menos energia.
Schramm explica que a queda no rendimento pode ser similar a prática de exercício em altas atitudes, pois a frequência cardíaca, que já é maior durante o exercício normalmente, com a máscara, aumenta ainda mais. Ela fala ainda que daqui para frente, a adaptação quanto ao uso da máscara, provavelmente também será parte do processo de treinamento.
Junior aponta uma alternativa que algumas pessoas têm encontrado para treinar com a mesma intensidade. “Hoje a gente tem até algumas pessoas que estão alugando equipamentos para treinar em casa, para poder, então, treinar sem máscara, para poder se desempenhar melhor”.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), em postagem nas redes sociais, recomendou não usar máscara durante a prática de atividades físicas, pois reduzia a capacidade respiratória de forma confortável e dizia que a medida de prevenção importante durante os exercícios é manter o distanciamento físico de pelo menos um metro de outras pessoas.
Recomendações
Caroline Schramm indica que a questão essencial é se adaptar. “Possivelmente a necessidade do uso da máscara talvez seja uma medida mais longeva do que imaginávamos”. Por isso, aqui vão algumas recomendações da professora para a prática de exercícios físicos durante esse período:
– A máscara deve ser confortável e adaptável à pessoa. Dependendo do ajuste, o atrito pode até machucar a pele.
– A máscara deve ser trocada durante a atividade, pois, depois de um tempo, devido à respiração mais intensa, ela umedece mais rápido, perdendo a sua eficácia. Após a atividade, também deve-se usar nova máscara e ter atenção durante o processo de troca. Quanto mais longa e intensa a atividade, maior será a necessidade de se trocar a máscara.
– Praticantes com problemas cardiovasculares e/ou pulmonares crônicos devem ter mais atenção para que, durante a prática, não se chegue ao ponto de ter vertigens que podem causar quedas e até mesmo desmaios, dado o desconforto e inadaptação ao uso.
– Se houver desconforto durante a atividade, a recomendação é diminuir a intensidade do exercício.
– O tipo de tecido da máscara também implica no nível ou não de desconforto. Deve-se optar por tecidos que evitem o superaquecimento facial. Alguns especialistas têm recomendado máscaras de TNT descartáveis e tecido hidrofóbico. Máscaras, como a N95, devem ser evitadas. Há empresas de produtos esportivos que estão fabricando máscaras específicas para atividades físicas.
– Acompanhamento e orientação de um profissional de educação física para indicar a melhor programação da atividade e intensidade.
Esportes coletivos
Nos últimos dias houve alguns desencontros entre governo municipal e estadual em decisões quanto à liberação ou não dos soccers e outras práticas de esportes amadores coletivos em Blumenau, com o uso de máscara.
A professora da Furb e mestre em saúde coletiva Caroline Schramm explica que a máscara é uma forma essencial de proteção, mas lembra que ela, aliada ao distanciamento físico é o que impede o contágio.
“Em atividades coletivas deve-se evitar a proximidade. Apesar de que em alguns esportes isso é, praticamente, impossível. Então, o executante deve também estar ciente de seu risco de exposição”.