Prejuízo a distribuidores de alimentos de Santa Catarina atinge R$ 100 milhões
Associação de Distribuidores e Atacadistas Catarinenses (Adac) afirma que pode haver desabastecimento total
Colaborou Renata Westphal
A greve dos caminhoneiros chega nesta terça-feira, dia 28, ao nono dia. Os reflexos do desabastecimento vêm sendo sentidos pelos empresários e moradores da região, principalmente no setor alimentício. Segundo o presidente da Associação de Distribuidores e Atacadistas Catarinenses (Adac), Valmir Müller, o setor registra prejuízo de mais de R$ 100 milhões.
“Temos um faturamento anual na faixa de R$ 50 bilhões. Dividindo por 250 dias úteis, já passa de R$ 100 milhões”, calcula.
Alimentos perecíveis estão faltando nas prateleiras dos supermercados, que chegam a limitar a venda. Seguindo o mesmo contexto, a falta de matérias-primas obriga restaurantes e padarias a alterar o cardápio ou interromper o atendimento em Blumenau.
“Hortifruti eu já posso considerar um desabastecimento na faixa de 80%. Alimentos como batata, cebola, tomate já não tem desde quarta ou quinta-feira”, relata Müller.
Para o presidente, ainda não há desabastecimento total, mas caminha para isso. No caso das carnes in natura, os supermercados costumavam renovar o estoque a cada dois dias. Produtos como trigo e óleo de soja, Müller afirma que, de forma geral, os mercados mantém estoques relativamente abastecidos.
Em contrapartida, o presidente fala sobre situações extremas que precisam ter solução rápida. É o caso dos caminhões que possuem cargas altamente perecíveis, como peixes importados e embutidos. A situação preocupa.
“Tenho caminhões, por exemplo, em alguns pontos, que chegam a ter carga de R$ 500 mil em peixes. E isso vence no início de junho, daqui a cinco, seis dias. Se esse produto não sair entre hoje e amanhã ele vai para um aterro sanitário”, lamenta.
A cada dia de permanência da greve, Müller afirma que são necessários pelo menos mais três dias para recuperar. Produto não falta, tanto na lavoura quanto carnes e produtos acabados. O problema é como fazer a carga chegar.
Restaurantes driblam falta de reposição
O diretor executivo do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Blumenau e Região (Sihorbs), Inácio Negherbon, diz que ainda não foi feito um levantamento das consequências da paralisação nos estabelecimentos blumenauenses, mas alerta caso a greve continue.
“Por enquanto a situação está sob controle, não é preciso se apavorar. O problema é que daqui para frente as coisas podem piorar”, salientou Negherbon.
Segundo o diretor, os restaurantes da cidade estão driblando a falta de reposição de alimentos para conseguir controlar a situação inclusive com mudanças de itens essenciais do cardápio.