Telefonema sobre Jaguar em zigue-zague passou pela central da PRF, em Florianópolis
Direção da corporação em Brasília respondeu questionamentos de O Município Blumenau
As ligações de Silvio Bambinetti à Polícia Rodoviária Federal (PRF) na manhã do último sábado, 23, para denunciar um Jaguar trafegando em zigue-zague pela BR-470 passaram pela central de atendimento da corporação, em Florianópolis, antes de serem transferidas ao posto de Blumenau.
Quando alguém liga para o número de emergência 191, fala com um atendente na capital, que decide se transfere a ligação ao posto da região ou registra as informações para repassá-las adiante. Os telefonemas de Bambinetti, que poderiam ter evitado as mortes de duas jovens no acidente provocado pelo motorista do Jaguar, foram transferidos para Blumenau.
Os telefones do posto da PRF em Blumenau não possuem identificadores de chamadas. Ou seja, os agentes não têm a certeza da origem deles e nem podem retornar ligações que apresentam problemas. Porém, na central do 191 há identificador.
Ou seja: para terem acesso ao número de telefone do denunciante bastava que os patrulheiros de Blumenau solicitassem à central.
As informações foram prestadas pela assessoria de comunicação da direção da PRF em Brasília à reportagem de O Município Blumenau. Além desta questão, os profissionais da PRF responderam outras quatro encaminhadas pelo jornal (as mesmas que Câmara de Vereadores de Blumenau incluiu em um pedido de informações à instituição).
Em nota divulgada ainda no sábado, a PRF havia informado que “os policiais consultaram a placa repassada e esta não batia em um Jaguar, provavelmente porque a ligação não estava boa“. Silvio Bambinetti, o denunciante, informou que ligou duas vezes para o 191.
As perguntas foram elaboradas na tentativa de esclarecer em que circunstâncias agentes da PRF de Blumenau deixaram de abordar o Jaguar dirigido por Evanio Prestini, 31 anos, minutos antes do motorista embriagado causar um acidente que matou duas jovens em Gaspar, no último sábado, 23. Bambinetti, que é morador de Ibirama, denunciou o veículo ao número 191 cerca de meia hora antes da batida. A denúncia foi gravada em vídeo.
Trotes
A assessoria de comunicação da PRF também informou que os agentes não deixam de fiscalizar denúncias por suspeita de trote. Os chamados seriam tratados de maneira padrão, conforme um protocolo de atendimento. Não foram divulgados detalhes de como funciona esse protocolo.
No site da Polícia Rodoviária Federal há um documento chamado Carta de Serviços ao Cidadão, que explica como funciona cada um dos serviços prestados. Nesta carta, o telefone 191 é apresentado como um número para comunicar acidentes de trânsito e denunciar crimes.
No item Comunicação de Crimes Diversos, informa-se que o denunciante deve prestar informações de identificação pessoal, telefone e endereço, assim como dados da ocorrência. No atendimento dado a Silvio Bambinetti por telefone, sábado passado, os policiais não solicitaram essas informações.
Comunicação de Crimes Diversos
a) O que é: consiste no registro de comunicação relativa a crimes diversos, ocorridos nas rodovias e estradas sob a responsabilidade da PRF.
b) Quem pode solicitar: qualquer pessoa.
c) Onde solicitar: em qualquer Unidade da PRF.
d) Como solicitar:
Por telefone: através do telefone 191;
Pessoalmente: em qualquer Unidade da PRF.
e) Quais os documentos/informações/requisitos necessários:
1.Dados pessoais do informante (nome, documento de identificação pessoal, endereço, telefone, etc);
2. Dados do veículo roubado/furtado (características, cor, placa, ano, modelo, etc);
3. Dados da ocorrência (data e local do crime, outros dados).
f) Qual o prazo para atendimento: imediato
Investigação sigilosa
A assessoria de comunicação da PRF não respondeu duas das cinco perguntas apresentadas, alegando que é necessário preservar a investigação da Corregedoria da Polícia Rodoviária que está em andamento.
Uma das questões é sobre a estrutura disponível para fazer uma abordagem na BR-470 na manhã daquele sábado. A outra é sobre a justificativa, também contida na nota da PRF divulgada sábado, de que o Jaguar poderia ter entrado em Blumenau ao invés de passar em frente ao posto da corporação na BR-470.
A investigação deve ser concluída em 60 dias, que podem ser prorrogados por mais 60.
Correções
Até 13h42, desta sexta-feira, 1º, o texto acima informou, equivocadamente, que a investigação não tinha prazo para ser concluída. Na verdade, a Corregedoria da PRF tem 60 dias para concluí-la, prazo que pode ser prorrogado por mais 60 dias.
A reportagem também informou que, quando alguém liga no telefone 191, a PRF em Blumenau não consegue identificar o autor da chamada. Na verdade, as ligações para o 191 caem na central, em Florianópolis, que possui identificador.
O texto acima já traz as informações corretas.
Veja as respostas na íntegra
1 – Quantos policiais estavam de serviço às 5h30 de sábado, 23, no posto de Blumenau? Havia pessoal suficiente para fazer uma abordagem com segurança?
O procedimento correicional já foi realizado e para preservar a autonomia do procedimento, que corre em sigilo, como preceitua a legislação pertinente, essa informação não pode ser fornecida nesse momento.
2 – A Polícia Rodoviária Federal possui um protocolo padrão de atendimento de denúncias pelo telefone 191?
Sim. O protocolo é o padrão de chamadas para a central do estado e da central do estado para a Unidade Operacional mais próxima, via telefone 191.
3 – O telefone da PRF no posto de Blumenau é capaz de identificar a origem das chamadas? Se houve dificuldade de comunicação por telefone, seria possível retornar a ligação ao denunciante?
O telefone da Unidade Operacional não consegue fazer o reconhecimento do número que está ligando. Somente a Central, na Superintendência, consegue fazer a identificação do número do solicitante.
4 – A justificativa, em nota da PRF, de que o carro poderia ter entrado em Blumenau ao invés de passar diante do posto da PRF não é um desestímulo às denúncias?
Esse item também é alvo de investigação da Corregedoria e também não será divulgado nesse momento.
5 – A PRF deixa de fiscalizar denúncias quando suspeita de trote? Essa conduta tem o aval da corporação?
Não, a PRF não deixa de fiscalizar denúncias por suspeita de trote. As ocorrências são fiscalizadas de acordo com o protocolo do item 2.