Polícia Rodoviária Federal deixa perguntas sem resposta sobre o acidente na BR-470
Corporação ignorou denúncia sobre condutor embriagado feita antes da batida que matou duas jovens
A Polícia Rodoviária Federal confirmou nesta segunda-feira, 25, a abertura de uma investigação para apurar a conduta de agentes que ignoraram denúncia sobre um motorista embriagado na madrugada deste sábado, 23. Pouco tempo após a ligação, Evanio Wylyan Prestini causou um acidente que matou duas jovens e deixou outras duas feridas.
A Polícia Rodoviária Federal emitiu nota ainda no sábado. O texto apresenta uma série de justificativas para a ausência de fiscalização, entre elas dificuldades na comunicação com o denunciante e o grande número de trotes, que comprometeriam a credibilidade das ligações.
A PRF também afirmou que “normalmente, os veículos não passam na frente do posto da PRF de Blumenau: eles entram antes em direção a Blumenau”. No pé da nota, a corporação prometeu abrir uma investigação sobre a conduta dos envolvidos.
Perguntas sem resposta
Entre domingo e segunda-feira, a reportagem de O Município Blumenau procurou o posto da PRF em Blumenau e o chefe do núcleo de Comunicação da corporação em Florianópolis, Luiz Graziano. Ninguém aceitou dar esclarecimentos sobre o acidente.
Graziano alegou que a corporação não prestará mais informações sobre o caso, já que não existem novidades desde o envio da nota de sábado. Segundo ele, a decisão é da direção-geral em Brasília.
Quando questionado sobre como será conduzida a investigação, ele garantiu que o superintendente da PRF em Santa Catarina já determinou a criação de uma comissão para investigação do ocorrido.
“Vamos averiguar como foi a ação dos policiais, tomar o depoimento desse denunciante e tudo o mais. Isso vai ser apurado para verificar se os policias agiram corretamente ou não”, explicou.
A reportagem de O Município Blumenau fez contato com a assessoria de comunicação da PRF em Brasília, mas ainda não obteve retorno. Entre os questionamentos que seguem sem resposta estão:
1 – Quantos policiais estavam de serviço às 5h30 de sábado, 23, no posto de Blumenau? Havia pessoal suficiente para fazer uma abordagem com segurança?
2 – A Polícia Rodoviária Federal possui um protocolo padrão de atendimento de denúncias pelo telefone 191?
3 – O telefone da PRF no posto de Blumenau é capaz de identificar a origem das chamadas? Se houve dificuldade de comunicação por telefone, seria possível retornar a ligação ao denunciante?
4 – A justificativa, em nota da PRF, de que o carro poderia ter entrado em Blumenau ao invés de passar diante do posto da PRF não é um desestímulo às denúncias?
5 – A PRF deixa de fiscalizar denúncias quando suspeita de trote? Essa conduta tem o aval da corporação?
Denúncia
Integrantes do grupo que organizou uma manifestação em frente ao Fórum de Blumenau, no domingo, pretendem apresentar uma denúncia à Ouvidoria do Ministério da Justiça contra a conduta dos policiais rodoviários.
Segundo Gabriela Zwang, o documento deve ser protocolado na tarde desta segunda.