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Produtos químicos perigosos abandonados por empresa poluem Blumenau há três anos

Elementos da extinta Star Zink poluem região do Badenfurt e também colocam comunidade em risco

Em abril de 2017 uma empresa de galvanização encerrou seus serviços em Blumenau. A Star Zink chegou a ser alvo de protestos dos funcionários na época. Eles encontraram as portas fechadas e relataram que os salários já estavam atrasados. Entretanto, não são apenas os processos trabalhistas que acompanham o empreendimento até hoje.

Nesta quinta-feira, 7, o Ministério Público publicou uma ação civil pública contra a empresa. A denúncia partiu da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Sustentabilidade de
Blumenau (Semmas), em dezembro do ano passado.

Não foram apenas os funcionários que foram abandonados quando a empresa fechou as portas, mas também os produtos químicos que estavam lá dentro. De acordo com a Semmas, muitos deles a céu aberto e até mesmo expostos ao solo.

A edificação precisou ser interditada pela Defesa Civil, já que podia ser facilmente acessada pela população. Dessa forma, além da poluição causada pelos químicos, pessoas que poderiam entrar em contato com os produtos também estavam em risco, e a própria estrutura está correndo o risco de desabamento. Um morador de rua já foi encontrado no local, completamente exposto aos químicos.

Entre os produtos encontrados estavam químicos rotulados com compostos à base de ácido clorídrico, cromatizantes, abrilhantadores para zincagem, entre outros, sendo que vários desses reservatórios estavam com perfurações e vazamentos.

Após inúmeras tentativas de contato com a empresa, sem sucesso, a Semmas decidiu que atuaria na remoção dos produtos. A saída foi a única encontrada para reduzir os danos ao meio ambiente.

De acordo com o secretário da pasta, André da Cunha, durante as visitas a equipe já recolheu amostras dos produtos e está apenas aguardando. A Semmas está apenas aguardando ser notificada pelo Ministério Público para dar início aos trabalhos.

“Já levantamos todas as provas, fizemos fotos e coletamos as amostras quando fizemos a denúncia. Quando assumi a pasta [em novembro de 2019] havia fiscais e diretores indo lá diariamente, já que as pessoas tinham acesso a todos aqueles produtos químicos”, conta.

Localizada na rua Johann Sachse, bairro Badenfurt, a empresa foi fundada pelos sócios Artur Baader e Airton Francisco Theiss. De acordo com o Ministério Público, há relatos de práticas ambientalmente irregulares em anos anteriores.

Em fevereiro de 2010, a região foi danificada por um tanque de químicos que vazou no local. Em 2015 o armazenamento dos produtos químicos já foi considerado “equivocado”. Ainda de acordo com o MP, há mais de 30 processos trabalhistas contra eles.

Pedidos do Ministério Público

Além do envolvimento da Semmas, que tem 20 dias para coletar amostras de todos os produtos para análise e retirar as substâncias do local, outros órgãos também farão parte do processo.

A perícia oficial será feita pelo Instituto Geral de Perícias (IGP), a partir dos resultados levantados pela prefeitura. E também contarão com o apoio do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA), que fará a fiscalização ambiental. Eles têm o prazo de 30 dias para apresentar seus relatórios.

O Ministério Público também autoriza os órgãos a arrombarem as entradas se for necessário. Se necessário, a Polícia Civil deve acompanhá-los no processo.

A indenização por direitos morais cobrada pelo MP é de R$ 150 mil. Caso a empresa não cumpra com as determinações da ação, haverá uma multa diária de R$ 1 mil. O dinheiro será destinado ao Fundo para a Reconstituição dos Bens Lesados de Santa Catarina Os gastos do processo também serão cobrados dos responsáveis.

A reportagem tentou contato com os responsáveis pela empresa ou com o advogado que a representa. Porém, assim como a Prefeitura de Blumenau, não obteve sucesso.

 

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