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Projeto infantil de incentivo à leitura é saída para o analfabetismo no Brasil

Mestranda em Ensino incentiva o protagonismo de pequenos leitores por meio da doação de livros

Um levantamento realizado em junho de 2019 sobre as condições de analfabetismo no Brasil mantém a região Nordeste estagnada em último lugar na taxa de pessoas alfabetizadas, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). 

Apesar dos índices terem melhorado, o Brasil ainda conta com 11,3 milhões de analfabetos entre a população de 15 anos ou mais, o equivalente a 6,8% dessa população. O número está relacionado ao contexto analisado em 2018 e apresentou queda de 0,1% comparado a 2017, significando 121 mil analfabetos a menos. 

Protagonista do seu próprio destino, a formadora de docentes da rede estadual de ensino e mestranda em Ensino pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) Márcia Mendes teve acesso aos livros tardiamente. Apesar de não ter tido livros em casa, a graduada em Letras sempre foi ‘apaixonada’ pelos escritos e cresceu motivada a modificar a realidade de muitos brasileiros por meio da leitura 

Ciente da importância da educação como mecanismo de transformação social, Márcia criou, no ano de 2017, o projeto “Um livro para chamar de meu”. Durante os eventos infantis que participa, a educadora percebeu que muitas crianças, assim como ela na infância, não tinham livros. Comovida, ela criou uma ação em que recebe os exemplares de amigos, outros educadores e de editoras, e os doa em escolas, feiras literárias e rodas de conversa. 

“Eu recolho doações no trabalho, recebo de escritoras parceiras, livrarias, carrego dentro da bolsa e sigo distribuindo. Não existe um local específico. Entrego para as crianças em escolas e diversos lugares”, explica. 

Convidada para realizar umcontação de histórias na rede de educação básica, no mês de dezembro de 2019, na Escola Municipal Nova Brasília, em São Sebastião do Passé, Márcia Mendes irá retornar à unidade para fazer a entrega de muitos livros e, a pedido das próprias crianças, fará uma roda de diálogo sobre a consciência negra.  

Na oportunidade, a também escritora irá presentear as crianças com o seu mais novo título A gata que não era xadrez, que será lançado na abertura do semestre na Uesb. Em seus livros, a autora incentiva o protagonismo dos pequenos leitores. “Em todos os meus livros, priorizo espaço em branco para que eles possam reescrever a própria história, para que possam descobrir seu potencial criativo e de escrita”, sugere Mendes que defende uma educação mais lúdica, interativa e estimulante. “A essência do ato de aprender está na pergunta e não nas respostas”, conclui.