Não há mais no mundo nenhuma região dos oceanos onde a fauna marinha, – leia-se peixes, crustáceos, moluscos e outros – possa escapar da captura por pesca do ser humano moderno que, em termos globais, tem se revelado insustentável.

O resultado é esse que todos sabemos. Ano após ano os estoques pesqueiros diminuem e torna-se necessário ir cada vez mais longe para se obter um bom pescado, com peixes, em geral, cada vez menores. Em outras palavras, salvo exceções, o esforço e o custo de pesca é cada vez maior para cada tonelada de peixe pescado.

Diante desse quadro, não bastam apenas medidas de defeso, de restrição de épocas de pesca e medidas semelhantes. É sabido que a criação de reservas marinhas, estrategicamente estabelecidas nas áreas certas, são cruciais não apenas para a proteção da biodiversidade, mas, também, para a garantia dos estoques pesqueiros.

David Attenborrough, no livro “Nosso Planeta”, Editora Globo (2022), explica o que aconteceu com a pesca e a comunidade pesqueira de Cabo Pulmo, localizada na ponta da Baixa Califórnia, no México, exemplo que pode ser replicado na maior parte dos mares do mundo, inclusive por aqui, em Santa Catarina e no Brasil:

“Na década de 1990 aquela área do mar sofria com a pesca excessiva, e a comunidade pesqueira, desesperada por uma solução, concordou com as sugestões dos cientistas marinhos de reservar mais de 7 mil hectares de sua costa como zona de pesca proibida.

Para a população local, os anos imediatamente após a criação daquele Parque Nacional Marinho foram os mais difíceis que já enfrentaram. As famílias de pescadores pescavam muito pouco nas águas vizinhas dessa área protegida e tinham que sobreviver com os vales-alimentação oferecidos pelo governo mexicano.

Com o passar dos anos os pescadores, vendo cardumes cada vez maiores na área do Parque Nacional, ficavam muitas vezes tentados a desobedecer a proibição de pesca. Foi apenas a fé que a comunidade tinha nos cientistas marinhos que manteve sua determinação.

Cerca de 10 anos depois da proibição os tubarões voltaram para Cabo Pulmo. Os pescadores mais velhos lembravam-se deles na infância e sabiam que eram um sinal de recuperação. Depois de apenas quinze anos, a quantidade de vida marinha na zona livre de pesca aumentou em mais de 400%, chegando a um nível semelhante ao de recifes onde nunca havia ocorrido pesca e os cardumes de peixes começaram a se espalhar pelas águas vizinhas.

Os pescadores voltaram a pescar como há décadas não faziam e, mais do que isso, a comunidade passou a ter um ponto turístico bem próximo. Os homens e mulheres de Cabo Pulmo encontraram então, por meio de lojas de mergulho, pousadas, guias e restaurantes, novas fontes de renda”.

Se o leitor digitar Parque Nacional Marinho Cabo Pulmo, México, na internet vai descobrir que, graças à preservação do ecossistema local, a região atualmente é um grande “point” de atração de turismo internacional junto à Natureza e todos saíram beneficiados com isso.

De forma semelhante, Parques Nacionais e demais Unidades de Conservação da Natureza criados em ambientes terrestres, exercem efeito semelhante, de verdadeiros criadouros de vida silvestre e biodiversidade, proteção de mananciais etc., com os quais todos saem ganhando.

Precisamos urgentemente compreender o valor dessas áreas de proteção da Natureza, sejam terrestres, sejam marinhas, no Brasil e no mundo. Até mesmo como vizinhas de terras indígenas, elas são importantes.

Por isso, urge que os governos priorizem sua implementação. Na nossa região vejo com apreensão o fato de indígenas da Terra Indígena Laklaño-Xokleng (e não indígenas também) estarem adentrando e causando danos à vizinha Reserva Biológica Estadual do Sassafrás, no vale do Rio Itajaí-Norte. Assunto que abordaremos oportunamente.

Imagem obtida da, se não última, uma das últimas vezes que cruzei pela velha e até então única Ponte Hercílio Luz de Florianópolis, com vista para a Ponte Colombo Sales em construção.

Todos acham normal, mas é assustadora a forma como nossas cidades crescem, ou melhor, incham a olhos vistos, reflexo do aumento populacional e da migração de hordas de população para os centros urbanos e foco centrado apenas no uso do automóvel, ao invés do transporte público de qualidade como ônibus, trens, trams e metrôs, além de barcos, bicicletas e outros modais.

Hoje, com três pontes e outras obras, a capacidade de travessia no Estreito quase decuplicou e mesmo assim revela-se insuficiente. Como brinca um amigo, é mais uma evidência de que não existe vida inteligente no Planeta Terra. Foto Lauro Eduardo Bacca, em 10/07/1974.


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