Quem ronca mais o homem ou a mulher?
Quem aí já foi constrangido ao ser apontado porque roncou demais na noite passada?
A brincadeira comum entre muitos casais, que apontam as falhas do companheiro, pode se tornar um caso muito sério, inclusive gerando divórcios entre os menos tolerantes e mesmo problemas mais graves à saúde.
Atualmente, com a era digital, a comunicação se tornou instrumentalizada pela internet, com a principal característica da realidade a hiperconectividade, ou seja, as pessoas estão cada vez mais conectadas.
Com tantas transformações e avanços tecnológicos, o ser humano está tão alarmado em ficar acordado e participar de todos os acontecimentos, que se esquece de dormir com qualidade.
O importante é entender que a fonoaudiologia trabalha na melhora da dicção e da fala e esse tratamento tem relação direta com a melhora da qualidade do sono.
Essa área vem ganhando cada vez mais espaço e ajudando muitos pacientes com distúrbios respiratórios do sono através dos profissionais da área de motricidade orofacial.
O sono é tão essencial para uma vida saudável quanto a nutrição, e a saúde física e emocional dependem diretamente de suprir essa necessidade básica. Sem uma noite bem dormida, a irritabilidade aumenta, e a capacidade de concentração, clareza e participação em atividades da vida diária diminui.
Os fonoaudiólogos observam a relação entre as alterações das estruturas e funções do sistema estomatognático nos indivíduos roncadores e com apneia obstrutiva do sono.
Muitos estudos já foram desenvolvidos, e já se sabe que os programas de exercícios fonoaudiológicos são capazes de reduzir a frequência do ronco em 36% e a sua intensidade em até 59%.
Por que roncamos?
Apesar de ser muito comum, o ronco camufla problemas de saúde. Na prática, ele só acontece enquanto dormimos, porque os músculos do pescoço ficam relaxados e diminuem o espaço de passagem do ar. Devido a isso, o ruído é provocado.
De acordo com Talita Todeschini, fonoaudióloga do Conselho Regional de Fonoaudiologia do Paraná e Santa Catarina (CREFONO3), a vibração dos tecidos pelos quais o ar passa é o motivo de roncarmos.
“Existe uma curiosidade sobre o ronco, ele afeta mais o homem do que a mulher, e isso porque a faringe masculina tem uma predisposição maior à obstrução da passagem. Inclusive, os homens costumam sofrer mais de apneia do sono”.
O termo apneia do sono é utilizado para determinar a interrupção da respiração por 10 segundos ou mais devido a um bloqueio parcial da via aérea na garganta. É importante ressaltar que nem todo mundo que ronca tem apneia, no entanto, quando essas duas questões são associadas, vários riscos podem surgir.
Essa parada de respiração é considerada uma doença crônica, a longo prazo, pode aumentar o risco cardiovascular, hipertensão, arritmia e insuficiência cardíaca.
A fonoaudiologia e a relação com o ronco e a apneia
Segundo a fonoaudióloga do CREFONO3, a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) é o estágio mais avançado do ronco.
“Seu diagnóstico é realizado por meio da avaliação clínica e confirmado pelo estudo polissonográfico, o qual consiste na monitorização do sono durante uma noite, permitindo a avaliação de diversos parâmetros fisiológicos básicos como eletroencefalograma, eletrooculograma, eletromiograma, fluxo aéreo, esforço respiratório, eletrocardiograma e oximetria”, resume Talita.
O exame polissonográfico permite classificar a SAOS de acordo com o número de paradas respiratórias, ou seja, o índice de apneia apresentado no intervalo de 60 minutos. Estudos indicam que, em média, 75% dos pacientes que realizam polissonografia têm diagnóstico de SAOS.
Uma das condutas existentes para o tratamento da SAOS é a pressão positiva em vias aéreas superiores (CPAP), reconhecidamente eficaz e, usualmente, o método de primeira escolha. O CPAP é uma maquininha ligada durante a noite que ajuda a manter o paciente respirando enquanto ele dorme.
A conduta de uma terapia miofuncional orofacial é capaz de promover melhoras significativas. Quando direcionada aos pacientes roncadores com e sem SAOS visa a adequação da postura, da sensibilidade e propriocepção, do tônus, e mobilidade da musculatura orofacial e faríngea.
Com base nos estudos apresentados, é possível afirmar a importância da terapia fonoaudiológica no tratamento dos pacientes roncadores e/ou portadores da SAOS, visto relatos de melhora e diminuição dos episódios.
Essa inter-relação entre a fonoaudiologia e os distúrbios respiratórios do sono remonta ao fato de que as estruturas envolvidas nesses distúrbios são respiratórios obstrutivos, como a SAOS e os roncos, e são unidades neuromusculares, ou seja, objeto de estudo e intervenção da área de motricidade orofacial.