“Só queremos a verdade”, dizem fiéis de padre que foi removido de paróquia de Blumenau
Diocese de Blumenau mantém segredo do motivo do afastamento do padre Pilotto
Na quinta-feira, 6, O Município Blumenau esteve na paróquia Cristo Rei após a Polícia Militar ser acionada durante a troca do pároco. Porém, muitos fiéis não se sentiram representados pelo relato dos policiais e do padre que assumiu a comunidade.
Membros a favor da permanência do padre Alcemir Pilotto explicaram que eles não tentaram impedir a saída dele, e sim garantir que ela fosse feita de forma digna e respeitosa. O sacerdote teve uma semana para desocupar a casa e dizer adeus à paróquia.
“Mesmo a saída dele sendo contra nossa vontade, não podíamos falar nada. A decisão era do bispo. Mas na quinta-feira me deparei com a polícia e o padre Carlos dentro da casa paroquial. O padre Pilotto tinha avisado que estava arrumando as coisas, mas eles não queriam esperar”, relata Bernardino dos Santos, coordenador da igreja.
De acordo com fiéis, alguns membros membros da Capela Santa Ana estariam contra o padre desde o início da sua atuação pelo fato de ele morar com uma mulher, que é sua secretária, o que não significaria um relacionamento. “Existem outros padres que moram com mulheres que cuidam deles. O antigo padre morava com um homem e nunca tiveram problema com isso”, relata o catequista Mateus Henrique Silva.
No dia da saída do pároco, os grupos entraram em um embate. Havia os que estavam lá para se despedir do padre, os que vieram acompanhados do novo sacerdote e, em seguida, mais fiéis para defender Pilotto.
Para os defensores do padre, a maior revolta é não receberem explicações da Diocese de Blumenau do motivo da remoção do pároco. Ele está afastado e sem previsão de retornar ao sacerdócio.
“Até hoje o bispo não deu resposta nenhuma para comunidade. São mais de 3,7 mil famílias cadastradas, e ele tomou o lado de meia dúzia. Ele desmontou nossa comunidade. Várias pessoas já estão se afastando”, conta Bernardino.
Oficialmente, o bispo Dom Rafael Biernaski informou que não pode se pronunciar por ordens de Roma. “Importante neste momento é a oração e o silêncio, até mesmo para preservar a boa fama de todos os envolvidos, especialmente o sacerdote em questão”, declarou em um documento enviado ao padre Marcelo Marthendal.
“Antes mesmo de o padre Pilotto chegar, já havia um grupo querendo destituir ele. O que mais me deixa confuso é que, se o padre tinha algum problema em sua antiga comunidade, por que foi colocado na Cristo Rei para trazer resultados positivos e depois fazer o que foi feito com ele”, questiona Alexandre Raddatz, que fazia parte do Conselho Pastoral Comunitário até a expulsão do pároco.
Enquanto isso, membros da paróquia continuam buscando respostas para a saída do pároco, que chegou para ficar por seis anos e completou apenas um como pároco. “Eu nunca pensei que isso ia acontecer em um ambiente que é para ser de amor e paz. Muitas pessoas estão saindo da comunidade por conta disso”, desabafa Mateus.
“A igreja não é uma casa, não é o bispo, não é o padre. É a comunidade. A Igreja tem que entender isso. Eles precisam nos ouvir. A igreja não existe sem as pessoas”, conclui Bernardino.