Rádio Clube de Blumenau completa 90 anos de história pronta para se tornar FM
Clube é a primeira rádio da história de Santa Catarina
Por Jotaan Silva- 19/03/2022
- 9:00
Relevância, tradição e renovação. Essas três palavras podem melhor resumir os 90 anos de Rádio Clube de Blumenau, a primeira rádio de Santa Catarina. Na história, elevou nomes de políticos da região, foi importante para inúmeras conquistas da cidade, se firmou como um meio de comunicação para todos as classes em períodos de crise em Blumenau – como nas enchentes – e está prestes a se migrar do AM para o FM.
O aniversário é comemorado neste sábado, dia 19 de março, data da emissão das primeiras ondas dos transmissores em 1932 por iniciativa de João Medeiros Júnior, rádio-amador que já atuava com seus alto falantes desde 1929. Quatro anos depois de ter realizado as transmissões iniciais, a Clube finalmente conquistou a licença para operar e ganhou o prefixo PRC-4, sendo oficializada como a pioneira no estado e uma das primeiras em todo Brasil.
Relevância
A Rádio Clube comprovou a importância para Blumenau e região desde a primeira década de existência, com a quantidade e agilidade de informações levadas ao público. Foi a primeira a transmitir uma partida de futebol, foi responsável pela transmissão de eventos, pela cobertura de diversos internacionais e fatos que marcaram a região, como as enchentes registradas na cidade – principalmente as mais lembradas, como 1983 e 1984.
“A rádio era juntamente com o jornal impresso o principal meio de comunicação das pessoas. Com o rádio havia mais rapidez em repassar as notícias e era de graça, tinha muito alcance”, destaca Edelcio José Vieira, diretor da Rádio Clube.
“Além de informar, ainda havia a comunicação entre as pessoas. Em casos de enchente, por exemplo, a ‘dona Maria’ poderia saber pela rádio que a filha ou o filho não iriam retornar aquele momento para casa, porque estavam ajudando, porque estavam ilhados”, completa.
Não há como falar da Rádio Clube sem citar a relevância para a política blumenauense. Por ela, passaram diversos nomes com relevância regional e estadual, como o ex-vereador Rodolfo Sestrem, os ex-prefeitos Vilson Kleinubing, João Paulo Kleinubing e Napoleão Bernardes, entre outros nomes. “Não é que a rádio elegeu e elege as pessoas. É que ela transmite credibilidade”, afirma Edélcio.
Tradição
A história da Rádio Clube é totalmente ligada a do rádio catarinense, não só por ser a primeira do estado, mas pela quantidade de programas e locutores que são lembrados por serem gigantes em Santa Catarina, sendo todos apresentados em Blumenau.
Marcha do Esporte, A Polícia é Notícia, Picape da Frigideira, Repórter Catarinense e Jornal da Clube são alguns dos exemplos de atrações oferecidas pela rádio blumenauense e que marcam a história do rádio em Santa Catarina.
Rodolfo Sestrem, Nelson Rosembrock, Tesoura Júnior, Enei Mendes, Manoel Pereira Junior, Neneco, Nilton Amorin, Wilson Santos, Farley Jota Santos – esse que atuava desde 1966 e permaneceu até recentemente – são nomes que remetem não só à Rádio Clube, mas o rádio catarinense como um todo, pelo sucesso, tradição e relevância.
“A gente entende que o rádio nos anos mais antigos atingia todos os públicos, os nichos e conseguia ser feito para todo mundo, mas que agora, precisamos encontrar nichos. E fazemos isso, continuamos com essa relevância, mas com nosso nicho bem definido”, aponta Edélcio Vieira.
Renovação
Por falar em público e nicho, a Rádio Clube de Blumenau está pronta para migrar do AM ao FM ainda no primeiro semestre de 2022. Essa é a segunda rádio da família Vieira a realizar a transição nesses últimos dois anos – a antiga Rádio Nereu Ramos, atual Jovem Pan, pertence a família.
Porém, diferentemente da irmã, que funciona no mesmo prédio, o objetivo da diretoria é que a Rádio Clube permaneça como Clube.
“O objetivo, a nosa vontade é permanecer a emissora que é hoje, obviamente com adaptação e modernização para o FM, que é diferente do AM. E isso porque queremos manter uma grande parcela do público que temos hoje, que é um ouvinte mais maduro, e agregar um ouvinte novo em função da qualidade e não inteferencia de sinal, que ocorre no AM”, afirma Edélcio.
“Estamos trabalhando para isso. Alterando nossa programação, nossa plástica, nos atualizando. A ideia é manter mesmo como Clube, é nossa vontade. Mas queríamos que a Nereu continuasse também, então, como negócio, a gente não descarta nada”, complementa o diretor.
A mudança para o FM está prevista para ocorrer em caráter experimental até meados de maio e oficialmente ainda no primeiro semestre. Todos equipamentos necessários já foram adquiridos e, neste momento, falta apenas a liberação do sinal pelo Ministério das Comunicações. Do atual 1330 AM, a rádio passará para o 89.1 FM.
“Acreditamos na força que tem e no potencial da Rádio Clube. Além do mais, nos últimos tempos o rádio vem crescendo muito, na questão de faturamento, audiência e relevância. A panemia até deu uma ajuda nisso, mas era uma linha que já vinha acontecendo no mundo inteiro antes da Covid-19. Então, temos projeto e temos confiança no que está por vir”, destaca Evelásio Vieira Neto, gerente da Rádio Clube.
