Bolsonaro pode estar em dois palanques na disputa pelo governo de Santa Catarina
Palanques múltiplos
Passam por uma hibernação, digamos assim, as relações entre Carlos Moisés e Jair Bolsonaro. Há convergências pela reaproximação, que interessa a ambos. Há indicações de que o presidente poderá subir no palanque tanto de Carlos Moisés, que vai à reeleição, como do senador Jorginho Mello (PL), na disputa pelo comando do Executivo estadual. Estes chamados palanques múltiplos são esperados nas eleições de 10 estados, pelo menos.
Aposentadoria
Ele evita o assunto publicamente, mas em círculos próximos e íntimos o senador Esperidião Amin (PP-SC) deixa transparecer que está a fim de encerrar sua longa carreira política assim que concluir seu atual mandato. Aos 74 anos, sua preocupação é com a reeleição da mulher, Ângela, para deputada federal, e do filho, João, para a Assembleia Legislativa.
Preservação
O Refúgio de Vida Silvestre Municipal Meiembipe, que ocupa 12% do território de Florianópolis, onde estão nascentes de duas bacias hidrográficas que abrigam 10 espécies ameaçadas de extinção, como a cuíca d’água e a perereca de vidro, é uma das mais novas unidades de conservação criadas por municípios, na contramão de política do governo federal. Hoje são 1.388 unidades apenas de Mata Atlântica, que preservam 5,4 milhões de hectares do bioma. A boa notícia vem junto com projeto prestes a ser aprovado no Congresso que incentiva a criação voluntária de áreas de proteção ambiental em propriedades privadas rurais ou urbanas. Pelo texto, se a área da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) ultrapassar 30% da área total do imóvel, o proprietário terá isenção do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR).
Desconfiança
Brasileiros e latino-americanos confiam menos nas pessoas do que o restante do mundo, e isso está contribuindo para o baixo desenvolvimento econômico e social da região. A conclusão é de estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Apenas 12,6% dos latino-americanos confiam na maioria das pessoas. Último colocado entre os vizinhos, o Brasil tem desconfiança ainda maior: somente 4,69% dos brasileiros acreditam uns nos outros. Triste.
Posição
A propósito de algumas insinuações sobre o posicionamento deste espaço em relação a candidaturas para cargos eletivos neste ano: a única torcida que faz é para que sejam eleitos aqueles e aquelas, de qualquer partido, que têm a honestidade como sua principal qualidade. Não parece ser uma exigência tão difícil de atender, não?
Quem paga
A Comissão de Infraestrutura do Senado vai analisar o projeto de lei 5325/2019, que limita o repasse ao consumidor com as chamadas perdas não técnicas de energia elétrica, como furtos e erros de medição. O absurdo atual é que as empresas cobram do consumidor por um erro delas ou por gestão ineficiente. O texto original proibia totalmente o repasse, mas foi alterado pelo relator Jorginho Mello (PL-SC), que criou um limite para a transferência destes custos.
Desestatização
O governador Carlos Moises ainda não se manifestou quanto à sanção ou veto de projeto aprovado no Legislativo no final de 2021 que desestatiza as loterias estaduais. O projeto, do deputado Bruno Souza (Novo) permite a exploração de loterias pela iniciativa privada, já que a Constituição não atribui à União exclusividade sobre o funcionamento das loterias, conforme decisão recente do STF.
Direito fundamental
O ano de 2022 começa com a análise de interessante proposta de emenda constitucional no Congresso Nacional: a PEC 47/2021 coloca a inclusão digital entre os direitos fundamentais previstos pela Constituição de 1988, obrigando o poder público a promover políticas “que visem ampliar o acesso à internet em todo território nacional”. Difícil acreditar que quase 40 milhões de brasileiros ainda não tinham acesso à internet.
Eficácia duvidosa
O que parecia um grande feito – a redução de 48% na mortalidade – ainda não se comprovou quanto a eficácia do vermífugo ivermectina contra Covid em Itajaí, conforme um estudo feito na cidade. O “Estadão” publicou que a pesquisa existe, mas não foi revisada por outros cientistas, nem publicada em revista médica. Ademais, não se trata de um ensaio clínico devidamente controlado, e sim de uma análise de dados, insuficiente para comprovar ou descartar a eficácia do medicamento. Teriam sido analisados dados de 220 mil pessoas, das 133.051 de grupo que receberam o medicamento e 87.466 não usuárias. Destas, 7.345 tiveram infecção e 141 vieram a óbito. Quem tomou o remédio teve 7% menos casos da doença e 48% menos mortes.