“Reflexo financeiro será pior que o da primeira parada”: a avaliação das entidades empresariais de Blumenau sobre medidas restritivas

Presidentes da Acib e Câmara dos Dirigentes Lojistas reclamaram da falta de diálogo entre prefeitura e entidades

O comércio de rua e lojas nos shoppings da cidade fecharam as portas no fim do expediente da última segunda-feira, 21, mas com prazo de reabrirem apenas na terça-feira da próxima semana, dia 28, ou, em uma segunda hipótese, daqui a duas semanas, no dia 4 de agosto.

Isso devido ao decreto assinado pelo prefeito de Blumenau, Mário Hildebrandt, para tentar diminuir a situação crítica que a cidade vive, com os leitos de UTI praticamente lotados e recordes de novos casos e mortes no município, por conta da Covid-19.

Porém, para os presidentes da Associação Empresarial de Blumenau (Acib), Avelino Lombardi, e da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Helio Roncaglio, a decisão foi equivocada e não trará os resultados que se espera.

Para ambos, o comércio aberto não é o motivador do aumento de casos, e o fechamento só irá piorar a situação, já que causará um segundo grande problema: desemprego e queda da economia local.

“A gente entende a situação. Participamos de todas as reuniões que fomos chamados, contribuímos sempre. Tomamos todas as medidas de prevenção, fizemos campanhas de conscientização, tudo que a prefeitura pediu, estávamos lá pra cooperar. Mas do jeito que foi feito, não foi certo”, afirmou Roncaglio.

“Faltou diálogo. O prefeito não conversou com as entidades, com os empresários. Ele apenas nos comunicou. Ele decidiu no gabinete e não ouviu quem está lá no dia a dia. Estamos muito preocupados com a situação da saúde na cidade, mas não acredito que é fechando tudo que vai resolver, tem que ter é mais fiscalização, e estratégias mais dialogadas com todos envolvidos”, disse Lombardi.

Prejuízo econômico

O Presidente da Acib, Avelino Lombardi, apontou que alguns empresários estavam apenas agora retomando seus negócios por conta da parada nos serviços no início da pandemia, e que a nova paralisação, irá afetar muito.

“As minhas empresas são essenciais, vão continuar. Mas eu falo pela categoria, tenho vários associados e colegas, com 20, 30 empregados, que não sabem o que irão fazer. Sete ou 14 dias parados é complicado. Tem muita gente que não tem mais férias pra dar, dias pra liberar ou condições de manter tantos funcionários sem funcionar”, destacou Lombardi.

Ele ainda complementou dizendo que entende toda a situação envolvendo a saúde no município e concorda que são necessárias medidas extremas para proteger o cidadão, mas não fechando as empresas.

“Quem está indo trabalhar não é quem está ficando doente, porque nas empresas estão tendo os cuidados, as medidas de proteção que a gente cobra de todos. O maior problema está em casa, com as pessoas se reunindo, fazendo festas… ali sim tem aglomeração. Nas empresas há distanciamento, há equipamentos de prevenção”, concluiu.

A opinião de Lombardi se assemelha ao que diz o presidente da CDL, Hélio Roncáglio. Por diversas vezes ele cita que a entidade colaborou com a prefeitura sempre que possível, mas que em contrapartida recebeu a notícia do fechamento do comércio de surpresa.

“Tem comerciante que comprou mercadoria pra chegar essa semana. Como ele vai receber? Como ele vai repassar isso? Podiam ter nos avisado com mais antecedência, podiam ter discutido isso conosco. Não estou criticando os ofícios dos hospitais e médicos, mas a gente estava na prefeitura sempre, e fomos surpreendidos numa live no Facebook”, pontuou Roncáglio.

Ele ainda comentou sobre os prejuízos econômicos que esse novo “lockdown” para o comércio pode trazer. Segundo ele, a nova parada será pior que a primeira.

“Na primeira parada perdemos várias datas importantes, e uma retomada era esperada apenas agora para o segundo semestre. Mas parando de novo, a gente perde, provavelmente, até o fim do ano. Tem gente que perdeu o ano inteiro com essa nova decisão”, relata.

Para concluir, Roncaglio faz coro aos dizeres do presidente da Acib, e afirma que não é fechando o comércio que a situação vai melhorar. Mas que são necessárias mais medidas de fiscalização e prevenção e que é nisso que a Prefeitura de Blumenau está pecando.


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