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Azia, queimação, estufamento e desconforto no estômago são problemas que afetam todo mundo em algum momento da vida. Em alguns casos nos quais o refluxo gástrico se torna uma doença confirmada, existem tratamentos e procedimentos que podem transformar a vida do paciente.

O médico blumenauense André Accioly, especialista em cirurgia do aparelho digestivo, explica que nem sempre todas as queixas (sinais ou sintomas de refluxo) relatadas pelo paciente estão conectadas. Entretanto, caso a doença do refluxo gastroesofágico seja diagnosticada, há soluções que podem curar quem sofre deste mal.

O que é o refluxo gastroesofágico (DRGE)

O DRGE ocorre quando o conteúdo ácido do estômago retorna para o esôfago – o tubo que liga a garganta ao estômago. Esse caminho contrário pode causar dor, queimor, desconforto e podendo gerar uma inflamação na parede do esôfago (esfogite).

Isso acontece quando o músculo que deveria impedir o ácido de sair do estômago não funciona adequadamente. O esfíncter, que não temos como controlar, acaba ficando muito relaxado, tornando o refluxo ácido frequente ou até mesmo constante.

Este retorno do ácido pode ser considerado normal (aceitável em alguns casos), mas quando acontece com muita frequência ou exageradamente, atrapalha a vida do paciente. Nestes casos, pode ser uma doença do refluxo, que tem tratamento.

Quais os fatores de risco?

Um dos poucos fatores de risco que pode ser combatido para resolver os sintomas é a obesidade. Em alguns casos, a perda de peso pode diminuir os sintomas. Entretanto, em muitos casos, é necessário agir diretamente na causa.

Alguns alimentos como café, chá preto, chá mate, chocolate, molho de tomate, comidas ácidas, cítricos, bebidas alcoólicas e gasosas, e o tabagismo agravam o refluxo. Comer em excesso antes de dormir também pode trazer maior desconforto.

Como detectar os sintomas

Além da tradicional azia, a dor tipo queimação que atinge a região do peito e da garganta são frequentes. Isso pode fazer com que os sintomas sejam confundidos com outras condições, como um infarto. Tosse seca, irritação e inflamações frequentes das cordas vocais e garganta, como doenças pulmonares de repetição também podem ser causadas pelo refluxo.

Outra condição que pode existir junto da doença do refluxo ou não, é a hérnia de hiato. Neste caso, o músculo da região do diafragma fica “frouxo”, fazendo com que o caminho entre estômago e esôfago seja facilitado. A condição também é operável. Entretanto, para diferenciar as condições e garantir um tratamento preciso, é necessário um diagnóstico detalhado.

“A pessoa pode ter uma esofagite, que é quando o esôfago fica inflamado devido a exposição deste órgão ao ácido gástrico, associada a uma doença do refluxo ou a uma hérnia de hiato. Ou ela pode ter a doença do refluxo sem ter o restante. Outros têm hérnia de hiato sem ter sintomas. Por isso é importante realizar os exames”, detalha o Dr. Accioly.

Diagnóstico preciso

Dois exames são necessários para garantir um diagnóstico preciso. Um deles é a endoscopia digestiva alta, quando uma câmera observa os órgãos internamente(esôfago, estômago e duodeno). O outro é a pHmetria de 24h, que consegue medir a acidez do esôfago e o tempo que o órgão é exposto a ela.

Neste segundo exame, um fino cateter fica alojado entre o nariz e a entrada do estômago por 24 horas. Os sensores ficam na entrada do estômago e na garganta, monitorando o ácido. Em seguida, um software analisa se os índices estão acima do normal, indicando uma doença do refluxo.

Tratamentos

Caso a doença do refluxo seja confirmada, o médico atesta que a cirurgia é a melhor opção. Como ela trata a condição direto do problema, o paciente pode viver normalmente após a operação.

“Os medicamentos não tratam, não resolvem definitivamente o problema, só mantém o paciente assintomático enquanto estiver utilizando-os. Sem a cirurgia, a pessoa dependeria deles para sempre.”, defende.

Caso o paciente tenha comorbidades, que contra indiquem uma cirurgia ou não queira passar pelo tratamento cirúrgico, o medicamento será mantido. É importante ressaltar que, mesmo com a cirurgia, o paciente ainda precisa tomar cuidados até estar completamente recuperado.

“Inicialmente a pessoa terá uma dieta apenas líquida, porque a região onde é realizada a cirurgia do refluxo encontra-se edemaciada/inchada. Com o passar dos dias, ela passará a ingerir alimentos pastosos até chegar nos sólidos. Em média isso levará 20 dias. Mas a longo prazo ele poderá comer até mesmo o que não conseguia antes”, explica.

Vida após a cirurgia

Atualmente a cirurgia para tratamento cirúrgico da Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) é realizada de forma menos invasiva, por meio de laparoscopia, a operação dura cerca de 30 minutos e o paciente pode receber alta em menos de um dia. Na operação do refluxo, uma válvula, espécie de “gravata”, é feita ao redor do esôfago para que o líquido do estômago não retorne.

Por conta dessa válvula, feita com o próprio estômago, o paciente terá dificuldade de arrotar e possivelmente nunca mais conseguirá vomitar. Entretanto, o médico afirma que essas questões podem ser resolvidas com medicamentos e não representam um problema a longo prazo.

“Quem tem o hábito de comer muito rápido também deverá ter cuidado extra, porque a comida inicialmente poderá ter dificuldade em passar pela válvula. Por conta disso, pacientes acima do peso podem emagrecer após a cirurgia, já que se sentem satisfeitos mais cedo”, aponta.

Dr. André Accioly

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