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A história pouco conhecida do escritor Gustavo Konder, filho de prefeito em Itajaí e pai de arquiteto no RJ

CAPA: Gustavo Adolfo Konder, ao centro, pouco lembrado na história da família Konder, teve como pai, Marcos Konder (à esquerda);como irmão, Victor Konder e como filho, o renomado arquiteto no Rio de Janeiro, Marcos Konder Netto (à direita). Gustavo Adolpho Konder residiu em Itoupava Seca, e sua terceira esposa foi uma jovem da família Spernau, deste bairro. O escritor e poeta nos chamou a atenção em especial, o que lhe confere importância histórica, entre outros feitos, por ter informado o nome de quem vandalizou casa de Gottlieb Reif, localizada na cidade de Itajaí, fato omitido por seu pai, Marcos Konder que, na época, ocupava o cargo de prefeito de Itajaí. Fomos buscar esta informação fotográfica, para lhe dar feições, no cemitério localizado na rua Bahia,  Blumenau.

Uma parte da genealogia de Gustavo Adolpho Konder. Fonte: Family Search.

É de conhecimento de muitos que a família Konder de Blumenau e de Itajaí ocupa um lugar de destaque na economia, na política e na história regional do Estado de Santa Catarina. Sua história não requer propagação pois já tem seu espaço.

Assim imaginávamos, até ter contato com o nome de Gustavo Adolpho Konder durante a leitura de um artigo publicado na revista Blumenau em Cadernos, editada por décadas pela Prefeitura de Blumenau. Nela, Gustavo Adolpho Konder elucidou uma lacuna da história regional, ao revelar o nome do líder que vandalizara a residência de Gottlieb Reif, em Itajaí, em uma longínqua noite de novembro de 1917. Esse nome surgiu em meio ao relato de fatos que Gustavo presenciara em sua infância.

Residência de Gottlieb Reif vandalizada em Itajaí, fato que o menino Gustavo ouviu de seus e interlocutores com o nomes dos responsáveis. Foi orientado a “não contar para ninguém”. O que fez, muitos anos depois em um antigo seu publicado na revista Blumenau em Cadernos – está no final deste.

Algumas pessoas que acompanharam o seu trabalho e nos viram citar Gustavo Konder em artigos anteriores, comentaram:

“Conheci Gustavo Konder, trabalhava na Gaitas Hering em 1964 (mais ou menos). Era um querido amigo! Ele era surdo, mas se comunicava muito bem! Contou-me que sua mãe lhe ensinou a ler e escrever, falando ao “pé de ouvido” desde pequeno! Ele falava, mas tinha que prestar muita atenção.” Daisi Petersen Demarchi
“…historiador e cronista, filho do político Marcos Konder e que teve 11 irmãos, morador da Itoupava Seca, baixinho e que usava fumar cachimbo. Foi casado com a Renate Spernau.

Certidão de nascimento de Gustavo Adolfo Konder em 1906, filho de Marcos Konder e Maria Corina, nascido em Itajaí – Este é o cronista e historiador.

“No tumulo dele na rua Bahia tem uma foto e reconheci a imagem dele. Morava na Itoupava Seca e sempre circulava pelo bairro.” Bruno Kadletz

Túmulo já vandalizado pela retirada dos metais da lápide. Na fotografia seguinte ainda está completo.
Está sepultado em Blumenau localizado na Rua Bahia. Renate Spernau era 25 anos mais jovem que Gustavo e que seu filho Marcos. Foi sua 3ª esposa.

Quem foi Gustavo Adolpho Konder?

Foi o segundo filho do comerciante de sucesso e ex-prefeito de Itajaí, Marcos Konder (1882-1962) e de Maria Corina Lebon Regis Konder (1882-1946). Gustavo nasceu em Itajaí, em 29 de julho de 1905.

Casa onde Gustavo Adolpho Konder passou a infância – Itajaí.

Há fontes que apresentam como sendo 1906 o ano de seu nascimento. Deve ser um erro de registro, pois no cemitério em que está sepultado, em Blumenau, consta 29 de julho de 1905. Gustavo teve 12 irmãos, de acordo com o site de genealogia Family Search, filhos de Marcos Konder e Maria Corina Lebon Régis, são:

Ex Prefeito de Itajaí Marcos Konder.

1. Alexandre Marcos Konder (1904–1953);
2. Gustavo Adolfo Konder (1905–1981);
3. Maria Sulamita Konder (1907–1988);
4. Regina Amélia Konder (1908– -);
5. Valério Regis Konder (1910–1968);
6. Octavio Emilio Konder (1911–1914);
7. Maria Luíza Regis Konder (1913–1984);
8. Octávia Benvinda Konder (1915–1961);
9. Brazilia Beatriz Konder (1919–1919);
10. Victor Márcio Konder (1920–2005);
11. Konder (1922– – );
12. Regina Amelia Konder (1933–1933);
13. Elisa Konder (1939–1939);

Em 1926 Gustavo se casou pela primeira vez, com uma jovem do Rio de Janeiro ( à época, capital do Brasil) Clea Guerra de Mattos. Clea era filha de Joaquim Ferreira de Mattos e de Alzira Guerra e nasceu em 11 de dezembro de 1908. O casal, Gustavo e Clea, teve um filho, o único filho de Gustavo – que recebeu o nome de seu pai Marcos Konder Netto, nascido em 11 de novembro de 1927.
A primeira esposa de Gustavo, Clea, fora uma criança órfã que foi criada por um médico que era seu tio e que fora trabalhar na cidade de Itajaí, onde ela conheceu Gustavo Adolpho Konder. Casaram-se em 1926 e em 1927 nasceu Marcos Konder Netto. Em 1929, Clea e Gustavo tiveram outro filho, que não sobreviveu, tendo falecido ainda criança. Clea teve algumas dificuldades no parto. Marcos Konder Netto confirma que a rede hospitalar de Blumenau era mais avançada neste período e a família ainda não residia em Blumenau, mas em Itajaí. Gustavo já havia narrado em seu artigo sobre os vândalos da casa de Gottlieb Reif, que seu pai, também foi transferido para Blumenau para ser atendido melhor. Um dos motivos para que o neto do ex prefeito de Itajaí, Marcos Konder, tivesse nascido em Blumenau. A família viveu na cidade até o início da década de 1930, quando seu filho Marcos foi para o Rio de Janeiro por questões políticas. Chegara o Nacionalismo no Vale do Itajaí. Nesse tempo, Getúlio Vargas deu um golpe no Governo do Washington Luís, vencedor das eleições, e os Konder sofreram represálias, pois eram oposição Getúlio e a outra liderança. Dada esta situação e por questões de segurança, resolveram partir para o Rio de Janeiro, pois tinham familiares residindo lá, além de negócios – o Rio era a capital do Brasil. De acordo com o arquiteto Marcos Konder Netto, a família Konder sofreu muito com a chegada de Getúlio Vargas ao poder, através de um golpe. Gustavo Konder, como funcionário público, teve que retornar para Blumenau, pois na cidade era escrivão de uma coletoria. Em 1934, Clea e o filho Marcos passaram um tempo no Rio de Janeiro, visto o casal não estar com bom relacionamento. O filho ingressou na escola no Rio de Janeiro. Estudou em escola pública e contou, em uma entrevista a Vitruvius, datada de 8 de janeiro de 2007, que nessa época as crianças eram obrigadas a participar de alguns rituais que tinham de louvar o governo de Getúlio Vargas e cantar canções nativistas, fora as perseguições e retaliações que o ditador impetrou no Sul, contra as famílias pioneiras. Depois de um ano, Marcos Konder Netto retornou a Blumenau e reencontrou seu pai. Terminou seus estudos primários no Colégio Santo Antônio, e depois parte do antigo ginasial também.

Em 1938, Gustavo e Clea se separaram definitivamente, e ela levou o filho para o Rio de Janeiro, onde ele terminou seus estudos e estudou Arquitetura e Urbanismo, na primeira turma da AU. Mas Marcos não morou sempre com a mãe, e sim com sua avó, mãe de Gustavo, ex-primeira dama de Itajaí, Maria Corina Lebon Regis Konder, que morava no Rio desde 1930. A família Konder, com intenção de ajudar e sem pensar na mãe de Netto, tirou-o de Clea, que tinha poder aquisitivo inferior. Marcos Netto contou que isso foi um golpe para sua mãe.

Perdeu contato com o pai momentaneamente, e o restabeleceu quando contava com 17 ou 18 anos. O que estranhamos, pois ele estava com a mãe. Podemos concluir que Gustavo vivia isolado de toda a família Konder, como imaginamos. Gustavo permaneceu em Blumenau, ocupando o cargo de funcionário público.

Gustavo Adolpho Konder não pagava pensão a Clea que passava muitas dificuldades além de estar, também afastada do filho, agora adotado informalmente pela matriarca da família e também sob cuidados de Victor Konder (1920 – 2005), irmão de Gustavo Konder e que também tinha casa em Blumenau – no Bairro Victor Konder.
Clea faleceu com 46 anos de idade em 5 de dezembro de 1955, quando seu filho Marcos Konder Netto, então arquiteto há 4 anos, contava com 28 anos de idade.

Casa de Victor Konder em estado muito ruim de conservação, invadida pelo mato. Foto de agosto de 1997. Atualmente, encontra-se longe do alcance visual público, dentro de um condomínio, no bairro Victor Konder.
Foto aérea da década de 1930, com a localização da residência da família Konder, responsável pelo surgimento do bairro Victor Konder.
Casa de Victor Konder em estado muito ruim de conservação, invadida pelo mato. Foto – Agosto de 1997. Um pouco antes do início da construção das duas torres no terreno.
Situação atual da Casa de Victor Konder, encampada por um condomínio e sem acesso visual à cidade. História descaracterizada e “presa”.
Fonte: LUCENA, 2017.

O filho de Gustavo e de Clea – na entrevista para Vitruvius, disse que tinha vergonha de dizer aos amigos que ia visitar a mãe em uma comunidade humilde, uma pensão da Rua do Catete. Mesmo assim, visitava a mãe todo final de semana. Talvez Clea superasse muito bem esta situação, sem exigir uma pensão ou melhor moradia ao seu ex-marido, devido à sua religião. Era espírita. Marcos Konder ia aos sábados para a Rua do Catete, e aos domingos retornava para Copacabana – casa de sua vó. Marcos Konder Netto – com a veia artística do pai, formou-se na primeira turma de Arquitetura e Urbanismo do Brasil em 1951, na Faculdade Nacional de Arquitetura e Urbanismo na Universidade do Brasil, na qual ingressou em 1945.

Residência Konder, Rio de Janeiro, 1978. Imagem divulgação [Acervo Marcos Konder Netto]
Fonte: BARBOSA, 2022.

No curso, estudou junto com Tom Jobim, que não terminou o curso. Casou-se com Sarita Konder. Assim como a sua avó, a esposa Sarita também passou pela experiência de alfabetizar um dos seus filhos, que, assim como seu pai, Gustavo Adolpho Konder, nasceu surdo.

Desde seu nascimento, Gustavo Adolpho Konder não possuía o dom da voz nem da audição. Por isso, foi preciso, tanto de sua parte quanto de sua dedicada mãe, muito esforço e dedicação, para que ele conseguisse aprender a ler e escrever, chegando, na sua vida adulta, a tornar-se escritor e jornalista.

Sua mãe não deixou que a patologia interferisse de forma negativa no desenvolvimento e formação de seu filho, e contou com total dedicação deste, que conseguiu aprender a ler e a escrever. Por volta de 1910, Maria Corina Lebon Regis Konder resolveu que não aceitaria que seu filho também ficasse mudo. Ela passou a se corresponder com médicos renomados e professores de instituições da França e, por conta própria, a partir das informações que ela recebia destas pessoas, passou a ensinar Gustavo Adolpho Konder a falar e a entender pela leitura labial.

Quando Gustavo tinha 6 para 7 anos, já estava alfabetizado. Com o passar do tempo, Gustavo se tornou erudito, escritor, jornalista e artista, vocação a qual foi herdada por seu filho Marcos. Gustavo – por meio de seu dom para as artes, tornou-se um dos nomes mais destacados da pintura, em sua época.

Como jornalista, fez parte do corpo redatorial do “Jornal do Povo”, de Itajaí, e colaborou por décadas com a revista Blumenau em Cadernos. Também foi funcionário público e empresário – viveu em Blumenau desde 1926 (ano em que casou com Clea), ocupando o cargo público de exator federal da Segunda Exatoria Federal, localizada na Itoupava Seca, até sua aposentadoria, quando começou a trabalhar na firma Gaitas Hering, da filha e do genro de Paul Hosang. Por um tempo, Gustavo teve como companheira, Eva Stein, e depois se casou com uma mulher 25 anos mais jovem que ele e que seu próprio filho, Marcos Konder Netto (1927 – 2021) – Renate Spernau (1930 – 2014).

Oficialmente, Renate usava o nome de família do marido – Konder. Coincidentemente, em maio de 2022, demoliram uma casa da década de 1940, projetada por Simon Gramlich nas proximidades de Itoupava Seca, e que foi construída por uma família Spernau.

A história de Gustavo e a Família Konder contada por seu filho – o arquiteto Marcos Konder Netto – por suas palavras

Arquiteto Marcos Konder Netto, filho de Gustavo Adolpho Konder e Clea Guerra de Mattos – primeira esposa de Gustavo, que teve 3 esposas.

“Eu nasci em Blumenau, no Estado de Santa Catarina no dia 11 de novembro de 1927. (…). Sou filho de uma família tradicional de toda aquela região que é a família “Konder”. E esta família é originada de imigrantes alemães. Para ser mais preciso é uma família de alemães católicos que desde a sua origem havia a tradição do nome “Markus Konder”, assim mesmo com “U” e com “K”. Um dos filhos deste Markus Konder, meu bisavô alemão, foi o meu avô que também se chamava Markus Konder. Depois este nome não se repetiu na geração de meu pai e retornou na ocasião do meu nascimento e passei a ser chamado de Marcos Konder Netto, agora o “Marcos” já sem o “K” e sem o “U”. De maneira que é uma antiga tradição na nossa família este nome “Markus”. E também tive conhecimento de muitas outras pessoas que também possuíam este nome como foi o caso do poeta, muito bom diga-se, que era o Marcos José Konder Reis que era meu primo. E na verdade este meu primo era de Itajaí e não de Blumenau.
Cabe dizer que aquele meu bisavô alemão chamado Markus Konder veio para o Brasil e se estabeleceu pioneiramente em Itajaí. Ele veio para o Brasil para ser professor, e veio a pedido de um migrante também alemão que chegara alguns anos antes no Brasil e que já havia até constituído família aqui no Brasil e tinha filhos. Então, como naquele tempo não havia no interior tantas escolas e um ensino formal e de qualidade, e também pelo fato de os alemães terem o interesse em manter o ensino da língua, o meu bisavô foi literalmente importado para ser professor, ou melhor, preceptor, dos filhos deste alemão. E o meu bisavô veio para o Brasil e depois de algum tempo se enamorou por uma brasileira, o que é um fato curioso pois, naquele tempo, era raro um alemão casar e constituir família com uma moça que não fosse também alemã. (…) meu bisavô alemão teve oito filhos sendo quatro homens e quatro mulheres. E os homens desta família se desenvolveram em algumas coisas. Eu tive, por exemplo, dois tios avôs, irmãos de meu avô, que foram políticos famosos e importantes em Santa Catarina. Um deles foi o Adolfo Konder que, ainda antes dos anos 30, foi Governador do Estado de Santa Catarina e foi também Deputado Federal. O meu outro tio avô foi o Victor Konder – que tem até uma rua aqui no Rio, no Bairro da Barra da Tijuca com o nome dele – que chegou a ser Prefeito de Blumenau e também ocupou o Cargo de Ministro da Aviação e Obras Públicas no Governo do Presidente Washington Luis. E foi este meu tio-avô que abriu esta estrada Rio – Petrópolis, pois o Washington Luis tinha como slogan do seu governo a ideia de que governar era abrir estradas.
(…) minha família sempre esteve ligada diretamente à política no Estado de Santa Catarina. Eu não diria que se constituía numa oligarquia, pois não havia a mesma relação entre a política e as formas de dominação e o coronelismo como nas oligarquias do Nordeste, por exemplo. Cabe dizer que estes meus antepassados eram, na sua maioria, profissionais liberais ligados diretamente à política. Não eram, como em geral ocorre no Nordeste, grandes proprietários de fazendas e terras.” Marcos Konder Netto

Comentário: O filho de Gustavo Adolpho Konder menciona somente nomes dos parentes com espaço proeminente dentro da sociedade catarinense e não menciona seu pai e sua mãe. Nós também sentimos essa falta na própria história da família Konder. Gustavo mal é citado, e encontramos muito poucas informações sobre ele para este artigo.

Prosseguimos com a narrativa de Marcos Konder Netto – para apresentar a própria história familiar na sociedade – sem seu pai como parte nesta história.

“Mas, de fato, é uma família que sempre ocupou várias esferas de comando em Santa Catarina, tanto é que até hoje um dos mais importantes expoentes da política no Estado é o Senador Jorge Bornhausen (PFL – SC) que é, na verdade, Jorge Konder Bornhausen e ele é meu primo. Na verdade, o pai dele era um alemão que viveu em Itajaí de nome Bornhausen que se casou com uma das irmãs de meu avô.
Antes dele também teve o Antônio Carlos Konder Reis que foi Deputado Federal e também Governador de Santa Catarina várias vezes. E por aí você já observa que eu sou oriundo de uma família tradicional lá do Estado de Santa Catarina.
Bem, então voltando ao que nós comentávamos, eu devo dizer que o meu avô casou com uma moça lá de Santa Catarina e um dos filhos dele foi o meu pai que foi o Gustavo Konder. E o meu pai se casou com uma carioca, pois minha mãe tinha ido com uns parentes dela lá para Santa Catarina. Na verdade minha mãe era órfã e era criada por um tio que era médico e que foi trabalhar lá em Santa Catarina numa espécie de serviço profilático do Ministério da Saúde na época. E aí minha mãe se fixou em Itajaí e por lá ela conheceu o meu pai e eles se casaram. Aliás, foi um casamento que, infelizmente, não foi muito feliz. Pois quando eu ainda era criança com cerca de 10 ou 11 anos os meus pais se separaram. E eu fui o único filho deste casamento.
Na verdade eu devo dizer que a minha mãe chegou sim a ter um outro filho algum tempo depois que eu nasci mas, infelizmente, este meu irmão morreu ainda criança por que naquele tempo as coisas eram mais difíceis e a minha mãe teve algumas dificuldades no parto e ela não podia fazer cesariana e também tinha a dificuldade de transportes pois em Itajaí não tinha um hospital com muitos recursos. E a minha mãe contava que eu quase morri também por que tive que ser levado às pressas para Blumenau que era uma cidade com uma rede hospitalar mais avançada. Daí a explicação de eu ter nascido em Blumenau. Por que a família toda era baseada em Itajaí. E Itajaí é uma cidadezinha que fica no litoral de Santa Catarina, onde tem um porto e Blumenau é uma cidade do interior do Estado. A distância até não é muito grande é como se fosse do Rio até Petrópolis mais ou menos. E Blumenau sempre foi uma cidade mais desenvolvida, com um bom hospital fundado pelos alemães, pelas freiras e pelos padres alemães.
Então, devido à morte daquele meu irmão recém nascido eu fiquei sendo filho único. Eu passei uma grande parte da minha infância em Blumenau com os meus pais durante um período em que eles se fixaram lá. E em 1930, eu com três anos, estive no Rio de Janeiro por conta até de questões políticas. Foi o período em que Getúlio Vargas chegou ao poder e derrubou o Governo do Washington Luis. E como a minha família era toda ela ligada ao Washington Luis, então tivemos que partir para uma espécie de pequeno exílio no Rio de Janeiro. Houve muita retaliação contra a nossa família de maneira que vieram todos para o Rio de Janeiro. Então, ainda bem criança eu passei uma temporada no Rio de Janeiro mas, algum tempo depois, meus pais retornaram para Blumenau por que meu pai tinha que trabalhar lá na cidade. Meu pai era escrivão de uma coletoria.
Aos sete anos eu também passei uma outra temporada aqui no Rio por que meus pais estavam meio brigados e já em um processo de crise e a minha mãe veio para cá e eu vim com ela. E fiquei um ano aqui de forma que estudei aqui numa escola pública durante um ano ainda nos anos 30. Era o tempo do Prefeito Pedro Ernesto, um grande prefeito que investiu muito em educação e que modernizou as em escolas municipais. Mas era um tempo em que as crianças eram obrigadas a participar de alguns rituais meio fascistas em que tínhamos que louvar o governo de Getúlio Vargas e cantávamos canções nativistas e por aí vai.
Então depois eu voltei novamente para Blumenau e acabei o meu curso primário lá e parte do meu curso ginasial também em um colégio de Padres Franciscanos.(…) Quando eu tinha 11 anos aí meus pais se separaram definitivamente e eu vim para o Rio de Janeiro com a minha mãe. A princípio fui morar com ela, mas depois eu passei a morar com a minha avó, mãe do meu pai, que desde 1930 tinha ficado residindo aqui no Rio. E como a minha mãe era uma pessoa pobre, não tinha recursos, a família do meu pai decidiu cuidar de mim.
Isto foi um golpe muito violento para a minha mãe, mas creio que também eles fizeram com boas intenções já que queriam que eu pudesse ter acesso a melhores oportunidades. (…)
Mas aí um dos irmãos de meu pai, um tio meu que me influenciou muito na minha vida, resolveu me tirar daquela escola. O nome dele era Victor Konder, que era o mesmo nome daquele tio-avô que eu já mencionei. Pois na minha família tinha muito esta tradição de repetir os nomes. E o meu tio Victor era o irmão mais novo do meu pai e foi uma pessoa importante na minha vida. Ele era ainda bem jovem quando eu vim para o Rio com a minha mãe. Eu tinha 11 anos e ele tinha cerca de 20 anos mais ou menos.
E o meu tio Victor era, embora jovem, uma cara de ideais de esquerda e um tanto quanto rebelde e já com certas opiniões e conceitos bem definidos na política. Ele era comunista, na verdade. Para você ter uma ideia ele era irmão do Valério Konder que foi o pai do Leandro Konder, um grande filósofo brasileiro, de ideais marxistas e que é meu primo. Na verdade também era “comuna”, como a gente dizia na época. Este meu tio Valério Konder, irmão do meu pai e do meu tio Victor e pai do Leandro Konder, chegou a ser preso em 1965.
Enfim, a minha família também sempre teve internamente estas dicotomias na política pois alguns eram de direita e outros eram comunistas, com idéias mais avançadas como era o caso deste meu tio Victor Konder que já mencionei. Tem tanto uma figura de direita como o Senador Jorge Konder Bornhausen como um grande homem de esquerda que é o Leandro Konder, ambos meus primos.
E o meu tio Victor decidiu que eu não iria mais estudar em colégio de padre e fui estudar num bom colégio que era o Colégio Juruena que ficava na Praia de Botafogo e era um colégio leigo. E ali eu fiz todo o meu científico. Meu pai havia ficado em Blumenau e eu perdi bastante o contato com ele neste período após a separação. Somente quando eu já tinha 17, 18 anos é que pude retomar uma ligação mais constante com o meu pai.
A minha mãe, que passava muitas dificuldades financeiras, morava numa pensão na Rua do Catete. E eu visitava a minha mãe todo final de semana. Mas naquele tempo tudo isto era muito difícil pra mim, pois havia muito preconceito com relação a filhos de pais separados. E eu me lembro que eu tinha vergonha de dizer aos meus amigos que ia visitar a minha mãe lá no Catete. Eu me lembro que eu sumia, assim de repente, sem dar muita satisfação pra ninguém todo sábado à tarde quando eu ia ficar com a minha mãe. E no domingo eu voltava para a casa da minha avó (…).
Hoje em dia, tudo isto pode até parecer uma bobagem mas, naquele tempo, foi muito complicado de administrar e eu tinha um pouco de vergonha também da situação. De forma que estas visitas que eu fazia à minha mãe era um segredo que eu guardava e não contava para ninguém.
Então eu acho importante expor tudo isto para vocês nesta nossa entrevista por que são aspectos da minha vida que, certamente, marcam a pessoa e que contribuíram para formar a minha personalidade e a minha maneira de ver e de perceber as coisas.
Então se eu pudesse resumir tudo isto eu resumiria assim estas passagens da minha infância: “memórias de um menino nem sempre feliz”. Por que eu lembro de ter vivido momentos de muita melancolia e de tristeza por conta de uma série de questões que já mencionei aqui para vocês.
E eu me lembro bem de Copacabana naquele tempo. Já estava lá o Hotel Copacabana Palace e a minha avó morava num casarão. Copacabana, naquele tempo, tinha apenas casas, ainda não tinham os edifícios de apartamentos. Mas eu me lembro que o maior edifício de Copacabana era o edifício OK que ficava ali na Praça do Lido. Um edifício art deco. E esta casa onde eu morei com a minha avó era uma mansão com três pavimentos, quintal, tinha um monta carga interno que ligava a cozinha que ficava em baixo à sala de jantar que ficava em cima. Depois a gente se mudou para um outro casarão que ficava na Rua Figueiredo de Magalhães, bem no coração de Copacabana. E isto tudo com a minha avó que era uma matriarca que tomava conta de todo mundo, cuidava dos filhos, dos netos. Ah! E tem um detalhe importante que eu tenho que dizer para vocês que é o fato de o meu pai ter nascido surdo. Este é um fato importante e que marcou a minha vida. E minha avó, lá por volta de 1910, resolveu que não ia aceitar que o meu pai também ficasse mudo. E veja você que coisa interessante, ela passou a se corresponder com algumas autoridades médicas e professores das mais importantes instituições da França e, por conta própria, a partir das informações que ela recebia destas pessoas, ela passou a ensinar o meu pai a falar e a entender o que nós falávamos a partir da leitura labial. E aos 6, 7 anos de idade meu pai já estava alfabetizado.
A minha bisavó, casada com o velho “Markus”, não gostava muito da minha avó. Por que a minha avó era uma livre pensadora, com pensamentos de esquerda. Era uma mulher avançada para a época dela. E ela foi a grande responsável pela educação do meu pai que, apesar da deficiência auditiva, adquiriu uma instrução muito boa. Quando o meu pai foi para São Paulo, ele passou um ano lá se aperfeiçoando como professor. Esta história é muito interessante por que, anos mais tarde, ela se repetiu na minha família. Eu, por exemplo, tenho um filho mais moço que também nasceu surdo. E isto é uma coisa genética na minha família e de vez em quando alguém nasce com esta deficiência. Eu tenho uma prima e uma sobrinha que são surdas também.
A minha mulher, Sarita Konder, que também é uma pessoa muito inteligente, avançada, ela é professora. Ela, já sabendo do caso do meu pai, nós constatamos logo cedo a surdez do nosso filho. Aí quando os nossos filhos nasceram a gente logo em seguida corria para fazer uma audiometria para verificar se algum deles havia nascido surdo. E quando o nosso segundo filho nasceu, o Ricardo, nós constatamos logo que tudo indicava que ele tinha nascido surdo. Aí a minha mulher teve a mesma iniciativa que a minha avó e passou a se corresponder com alguns especialistas dos Estados Unidos já que ela é professora de inglês. Ela descobriu uma Clínica Especializada em Surdez de crianças que nos orientou como proceder nos cuidados com o nosso filho. E a Sarita, minha mulher, foi a grande responsável pelo nosso filho ter sido criado dentro de um ambiente completamente normal, pois ele estudou, se formou e hoje é funcionário público e tem uma vida normal. Ao contrário de ter estudado numa escola específica de educação de surdos, onde eles ensinam apenas a linguagem de sinais e com isto, na minha opinião, vai se criando uma espécie de um gueto, por que somente as pessoas que dominam aquela linguagem é que podem se comunicar. E o meu filho também pode conhecer o meu pai que era um homem muito culto e que tinha uma biblioteca muito grande e lia muito.
AA / JM: Em que momento o senhor se sentiu despertado pela arquitetura? Havia algum arquiteto e ou artista na sua família?
MK: Esta pergunta é boa. E cabe dizer que desde que eu era bem pequeno eu já gostava de desenhar. Quando eu não tinha amigos pra brincar eu não ligava a mínima pra isto por que eu ficava distraído com meus desenhos. E instintivamente, eu até já fazia alguns “desenhos de arquiteto”, por que eu fazia cortes. Eu gostava muito de imaginar túneis e com pessoas andando ali por dentro. E talvez muitos destes desenhos deviam ter a influência de revistas de histórias em quadrinhos que começavam a chegar no Brasil naquela época tais como: Flash Gordon, o Príncipe Valente, o Fantasma Voador. E todo mundo na minha família dizia: “esse menino tem muito jeito pra desenho e quando crescer vai ser engenheiro!”
Aí eu cresci com esta ideia de que, pelo fato de desenhar bem, só me restava ser engenheiro.
E agora eu faço um corte importante nesta história que é que quando eu tinha uns 16 anos eu me mudei pra Ipanema, ali na Rua Nascimento Silva. E a Nascimento Silva lembra alguém a vocês da Música Popular? Pois bem, foi ali que nasceu a Bossa Nova e onde morava o Tom Jobim de quem eu fui grande amigo e companheiro por muitos anos. Fui amigo dele e do Newton Mendonça. Nós éramos três inseparáveis. Éramos adolescentes e eu vi nascer o Tom Jobim como músico. O Tom era filho de uma professora, proprietária do Colégio Brasileiro de Almeida. E nós nos reuníamos com mais um outro rapaz que era o Carlos Madeira que, mais tarde, se formou em medicina. E todos nós tínhamos muito interesse por arte e também por música. Uma ocasião resolvemos estudar gaita e o Newton Mendonça, que morava três edifícios além do meu, já tocava piano e violino. Todos da mesma geração, mesma idade, eu era um pouco mais moço, coisa de meses. Creio que todos até tínhamos nascido no mesmo ano em 1927. Então vivenciamos tudo isso juntos. Para o Tom, aquela coisa de “gaitinha de boca” não satisfazia. A mãe dele tinha uma garagem no colégio onde tinha um piano para a aula de música, ele ia pra lá e ficava batucando no piano, de ouvido. Lembro-me que a gente passava várias tardes por lá, eu também ia, a gente cantava as músicas da época. Isso na década de 1940, pois entrei na faculdade em 1945. O Tom Jobim era um garoto, assim como eu. A mãe dele, Dona Nilza, e o padrasto, Celso Pessoa, pessoas avançadas para a época, também perceberam seu talento para a música e contrataram uma professora de piano particular, a Dona Lúcia Branco. E o Tom começou a estudar música como se fosse para ser um pianista, um concertista. E aprendeu e reclamava muito que gostaria de ter a mão maior para ser um bom pianista. E eu ficava gravitando em torno desse universo musical e conheci a irmã dele, uma moça muito bonita, a Helena Jobim, mais moça, ela é escritora e recentemente escreveu um livro sobre o Tom Jobim. Então fomos crescendo, naquela rodinha de amigos. O Tom estudava comigo no Colégio Juliano, nós íamos de bonde, pegava o bonde lá na praça General Osório e íamos até a praia, tinha bonde no Rio de Janeiro inteiro naquela época.
Mas o fato é que a gente estava meio sem saber o que fazer da vida, e como a gente gostava muito de arte, resolvemos estudar arquitetura. Mas, inicialmente, eu comecei a me preparar para prestar o vestibular para engenharia. Naquele tempo não havia cursos preparatórios para o vestibular e sim os professores particulares. Nós éramos garotos de praia. Em uma ocasião, eu estava na praia, num domingo, e conversando com um rapaz um pouco mais velho que eu, que tinha acabado de entrar pra faculdade, e estávamos conversando sobre vestibular e ele me perguntou o que eu iria fazer. Falei-lhe que iria fazer engenharia. E ele: “Engenharia, por quê?” Respondi que iria fazer engenharia porque gostava de fazer projetos, desenhos. Não rapaz isso não é engenharia, isso é arquitetura (risos). E perguntei a ele: “E tem essa faculdade de Arquitetura?” E ele me disse que havia acabado de entrar para a faculdade de arquitetura, um curso da Escola de Belas Artes. Na época não era uma faculdade como hoje, mas apenas um curso da Escola de Belas Artes. E então decidi fazer o curso de arquitetura, num domingo na praia. E nos preparamos entre tantas farras, estudamos bem e passamos bem. Eu acho que eu passei em terceiro lugar e o Tom Jobim em quinto. O Tom era muito inteligente e tinha muita facilidade para aprender matemática e física. É engraçado, podemos ver como é curiosa a relação entre estas duas matérias com a música. Ele não tinha sido um aluno muito aplicado no ginásio e quando fomos estudar para o vestibular, compramos livros e estudamos sozinhos. E o Tom mesmo não sendo um bom aluno, como já mencionei, tinha muito mais facilidade que eu para a matemática. Entramos juntos para a faculdade de arquitetura, mas o Tom nunca abandonou a música. O Tom ficou apenas seis meses e desistiu. E nós entramos para o Curso de Arquitetura da Escola de Belas Artes no mesmo ano em que este foi transformado em Faculdade de Arquitetura. Entrei em 1945, quando, então, foi fundada a Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil. Sou, portanto da primeira turma, que concluiu o curso após essa mudança. Interessávamo-nos muito pela garotas da Escola de Belas Artes. Na época, a hoje famosa atriz Nathalia Timberg, era uma dessas alunas da Belas Artes, estudava pintura. As primeiras faculdades de arquitetura no Brasil foram essa aqui no Rio e a Mackenzie, em São Paulo. Sendo a do Rio a primeira Federal de Arquitetura do Brasil. Vindo nela estudar muitos alunos de fora como, por exemplo, o compositor Billy Blanco Trindade, que se formou na mesma turma que eu. Ele era do Pará, foi estudar no Mackenzie, e quando ele estava no terceiro ano (naquela época era por ano e não por semestre como hoje em dia) veio a ser meu colega. E ele até fez o samba da nossa formatura. O “Eu danço samba de anel no dedo”. Ele fez um samba, também na ocasião da transferência da Capital, o “não vou pra Brasília…nem eu, nem minha família…”. Ele é um bom compositor, mas assim como o Tom Jobim, não se dedicou à arquitetura.” Marcos Konder Netto (Filho de Gustavo Konder – que residiu no bairro Itoupava Seca – Blumenau e está sepultado no cemitério da Rua Bahia, também, Blumenau).

O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro CAU RJ noticia e homenageia o filho de Gustavo Adolpho Konder, Marcos Konder Netto, que viveu distante de sua cidade natal e de seu pai e foi um destacado profissional de arquitetura e urbanismo no Rio de Janeiro e no Brasil, falecendo com 94 anos, em 14 dezembro de 2021.

O CAU/RJ informa, com pesar, a morte do arquiteto e urbanista Marcos Konder Netto, um dos principais representantes da arquitetura moderna do país, aos 94 anos.
Konder nasceu em 11 de novembro de 1927 em Blumenau, SC. Formado pela Faculdade Nacional de Arquitetura e Urbanismo na Universidade do Brasil, atual UFRJ, ocupou de 1966 a 1967, a presidência do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB). Em sua carreira, Marcos Konder trabalhou com nomes como Affonso Eduardo Reidy e Sérgio Bernardes, foi funcionário público, professor da FAU/UFRJ e participou de inúmeros concursos de arquitetura.
O mais conhecido projeto de Konder, em colaboração com Hélio Ribas Marinho, foi o Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial (“Monumento aos Pracinhas”), no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro. Konder também é autor do projeto original do restaurante Rio’s e do prédio da prefeitura do Rio (Centro Administrativo São Sebastião), além da casa onde morava, em Santa Teresa, e da creche Sarita Konder, que construiu em homenagem à esposa.
Marcos Konder Netto conquistou prêmios relevantes como o de “Arquiteto do ano”, em 1995, pelo Sindicato dos Arquitetos e o “Colar de ouro”, maior comenda do Instituto de Arquitetos do Brasil, em 2003, pelo conjunto de sua obra. CAU RJ

Gustavo Adolpho Konder faleceu em 11 de março de 1981, aos 75 anos de idade, no hospital Santa Isabel, por problemas cardíacos e foi sepultado no cemitério da Rua Bahia – ala da comunidade luterana, bairro Itoupava Seca. E foi somente nesse local, que encontramos um registro fotográfico seu.

Parte de seu acervo cultural foi doado ao Arquivo Público e Histórico da cidade – Fundação “Casa Dr. Blumenau”, pouco divulgado. Sua história poderia ter sido mais bem divulgada e conhecida. Felizmente, seu único filho, que residia no Rio de Janeiro, deixou esta história para a História.

Atestado de óbito de Gustavo Adolpho Konder.

Seu filho, o arquiteto e urbanista Marcos Konder Netto, faleceu em 14 de dezembro de 2021, aos 94 anos. Formou-se pela Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil, atual UFRJ, em 1951, em uma primeira turma de faculdade federal do Brasil. Entre os projetos que desenvolveu, o mais conhecido é o Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Aterro do Flamengo.

Em primeiro plano a visão da maquete do Monumento Nacional aos mortos da Segunda Guerra, projeto vencedor do concurso. Da esquerda para a direita, o escultor Alfredo Ceschiatti, o arquiteto Hélio Ribas Marinho e o arquiteto Marcos Konder – autor do projeto vencedor.  Acervo do Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra. Fonte: BARBOSA, 2022.

O único filho de Gustavo Adopho Konder também foi pintor e poeta. Assim como o pai, Marcos foi funcionário público. Projetou o edifício da prefeitura do Rio (Centro Administrativo São Sebastião); foi professor da FAU/UFRJ. Participou de mais de 60 concursos. Defensor da promoção de concursos públicos de projeto e da valorização da cultura arquitetônica, foi presidente do Departamento Rio de Janeiro do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RJ), em 1964. Também foi homenageado pela Vitruvius, no artigo assinado por Antônio Agenor Barbosa sob o título: O arquiteto Marcos Konder Netto (1927–2021).

Sarita Konder – 15 de agosto de 1932 – 21 de agosto de 2006.

O Espaço de Desenvolvimento Infantil Sarita Konder foi inaugurado em 14 de fevereiro de 2014, e memorial para a cidade de Itajaí. Com capacidade para atender 125 crianças de 6 meses a 3 anos e 11 meses, a creche Sarita Konder possui cinco salas de aula e dois berçários. O local foi construído em homenagem à sua esposa, que foi professora.

Documento de nascimento do filho de Gustavo Konder, Marcos Konder Netto.

Um dos artigos de Gustavo Adolpho Konder publicado na Blumenau em Cadernos, entre muitos, onde revela o nome dos vândalos de Itajaí.

Três personalidades de uma mesma família, com destinos tão diferentes, em cidades diferentes e que viveram distante uns dos outros. Marcos, pai de Gustavo, pai de Marcos, que partiu com 94 anos, em 2021, sendo que seu avô nasceu na década de 1880.

Obs.: Lembramos que quem fazia parte da família Konder também, foi o capitão do Vapor Blumenau I, Gustav Hackländer.

Um registro para a História.

Referências

• BARBOSA, Antônio Agenor; MATTOS, Juliana. Marcos Konder. Entrevista – Vitruvius. 29.02 – Ano 08, jan. 2007. Disponível em: https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/08.029/3297?page=6 . Acesso em: 30/05/2022 – 16:34h.
• BARBOSA, Antônio Agenor. O arquiteto Marcos Konder Netto (1927–2021) – Vitruvius. 22, fev. 2022. Disponível em: https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/22.261/8414 – Acesso: 3 de abril de 2023 – 12h26.
• CAU RJ. CAU/RJ. Lamenta a morte de Marcos Konder Netto, autor do “Monumento aos Pracinhas”. 15 de dezembro de 2021. Disponível em: https://www.caurj.gov.br/cau-rj-lamenta-a-morte-de-marcos-konder-neto-autor-do-monumento-aos-pracinhas/ . Acesso em 2 de abril de 2023 – 18h10.
• Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro – CAU RJ. Marcos Konder completa 90 anos. 11 de novembro de 2017. Disponível em: https://www.caurj.gov.br/marcos-konder-completa-90-anos/ . Acesso em 30/05/2022 – 23:20h.
• LUCENA, Felipe. Breve história do bairro do Catete. Diário do Rio. Publicado em 20 de outubro de 2017. Disponível em: https://diariodorio.com/breve-historia-do-bairro-do-catete/ . Acesso em 02 de maio de 2013 – 22h22.

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Sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
Contatos:
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@AngelWittmann (Twitter)

Agenda:

  • Dia 10 de maio estaremos lançando o Livro “Fragmentos Históricos Colônia Blumenau – Arquitetura * Cidade * Sociedade * Cultura Volume 1″ no espaço Cultural da Assembleia Legislativa de Santa Catarina – ALESC, Florianópolis.