Entenda porque algumas noivas se casavam de preto em Blumenau no passado
É importante conhecer o espaço, a sociedade que vive neste espaço e também, suas práticas e interações praticadas no seu interior, no tempo presente e também, em outros períodos da história. Cientes disto, neste sexto artigo, vamos apresentar um pouco sobre hábitos e costumes daqueles que fundaram as cidades na região e também Blumenau.
Já ouviram falar das “Noivas de Preto”?
Entre os hábitos e costumes trazidos pelos imigrantes alemães para a Colônia Blumenau – região do Vale do Itajaí e também, para outras regiões do Brasil – intrigou-nos muito a existências de noivas que se casavam de preto, com a disponibilidade de um amplo acervo fotográfico.
Este fato era contado de uma geração para outra e a partir desses repasses foram surgindo conclusões e acréscimos de dados e, a partir destes, surgiam lendas, as quais também eram repassadas de uma geração para outra.
Quando pesquisamos e escrevemos sobre outras etnias, como por exemplo, os letos, percebemos que não é uma tradição exclusivamente dos pomeranos, como muitos levavam a crer, ou de imigrantes de qualquer região da Alemanha. Encontramos fotografias de noivas de preto em Franken (norte da Baviera), em Baden Württemberg e por certo, haviam noivas de preto, também em outras regiões alemãs e em países vizinhos. Não eram somente as noivas pomeranas que se casavam de preto, dentro de um determinado período histórico, e como uma tradição, repetida nos dias atuais.
Há diferentes versões sobre esta “tradição”. Ouvimos depoimentos diversos, estudamos as histórias destes povos que habitavam regiões próximas ao mar Báltico, como os pomeranos, mas não tínhamos certeza do porquê e como surgiu a tradição. Durante nossas viagens para a Alemanha observamos que em todas as regiões do país, dentro de um determinado recorte de tempo histórico, as noivas se casavam de preto.
Na cidade de Blumenau e nos municípios vizinhos (ex-território da Colônia Blumenau), este hábito é comemorado e divulgado entre os descendentes de imigrantes do século XIX oriundos da região do mar Báltico – os pomeranos. Apresentam a tradição da cerimônia de casamento como se fosse algo exclusivo somente de sua cultura – do Norte da Alemanha. Práticas, hábitos e costumes de imigrantes prussianos (ex-pomeranos) que chegaram em diferentes regiões do Brasil, de um mesmo local da Alemanha (na época, ainda não formada como país).
A Pomerânia
Os pomeranos, originalmente, faziam parte de um povo que possuía cultura própria. Ao longo da história transcorrida no seu território, passou a fazer parte do domínio prussiano.
Vamos conhecer um pouco desta história de maneira resumida.
O Sacro Império Romano, a partir das Cruzadas Cristãs, dominaram todo o seu território – sob a organização social do feudalismo e a conversão, através das armas, ao cristianismo. A Igreja Cristã de Roma prometeu aos Teutônicos, que em troca da missão de converter “os pagãos” da região do Báltico, seriam Senhores dessas terras e tornar-se-iam seus suseranos.
E assim aconteceu. Os Senhores Teutônicos tornaram-se representantes formais da Igreja Católica e do Sacro Império Romano na região – a elite – por mais de 6 séculos – de 1186 até 1806. Em 1806 ocorreu a dissolução do grande Império pelo exército do francês Napoleão Bonaparte.
Neste tempo, a Pomerânia passou a fazer parte do Reino da Prússia e logo após, também fez parte do Império Alemão, período que mais de 330 mil pomeranos migraram para os Estados Unidos da América e muitos outros, para o Brasil.
A primeira Dinastia de Duques pomeranos chamava-se Greifen. A Família Greifen ficou no poder por mais de 500 anos (século XII até meados do século XVII). Rompeu seu domínio, quando o último Duque faleceu sem deixar herdeiros diretos.
Após a morte do último Duque da família Greifen, seu cunhado, que pertencia Família Hohenzollern, Duque do estado alemão de Brandenburg, assumiu o Ducado. A família Hohenzollern, com os dois Ducados, herdou também o Ducado da Prússia, criando um superestado conhecido como Bradenburg-Prússia. Através de conquistas, foi somando sob seu poder, outras regiões, quando o duque recebeu o direito e o Título de Rei.
O superestado passou a ser chamado de Reino da Prússia e a Pomerânia passou a ser uma província dentro deste novo reino. Mesmo após a unificação da nação da Alemanha, a Pomerânia continuava como província dentro da Alemanha.
Permaneceu assim, até a Segunda Guerra Mundial, quando a região da Pomerânia ficou sob controle militar da União Soviética. Também, o limite que existia entre Alemanha e Polônia foi deslocado para oeste na linha Oder-Neisse. A região que restou em território alemão se tornou a República Comunista da Alemanha Oriental. A população que residia ao oeste da nova divisa, os pomeranos, foram quase totalmente expulsos e a área foi ocupada por poloneses, russos, ucranianos. Provavelmente foi um grande impacto na identidade e cultura locais.
A Pomerânia que restou ficou muito pequena, então foi reunificada com o estado de Mecklemburg – sendo chamado Mecklemburg-Pomerânia Ocidental. O que restou da verdadeira cultura Pomerana nesta região sudoeste do Báltico? Talvez esta esteja mais original, nas práticas dos descendentes de Pomeranos que vieram para o Brasil no final do século XIX e não passaram pelo processo pós 2° Guerra Mundial – existem inúmeras pesquisas neste sentido.
A lenda e a prática do “casamento pomerano” é resgatado em algumas comunidades fundadas por pomeranos no Brasil, e que não existe mais em nenhuma região da Europa, onde as noivas se casam de qualquer cor e, também, de branco.
A pergunta é…
Por que suas noivas se casavam preto?
A região da Alemanha onde estava localizada a antiga Pomerânia – território de origem dos antepassados das “noivas de preto” que vieram para o Brasil – não tem mais esta tradição de casamento. Atualmente é a mesma região da faixa de terra junto ao mar Báltico – coincide aproximadamente com a fronteira entre a atual Alemanha e o Mar Báltico.
Os primeiros pomeranos chegaram no Brasil – no século XIX, antes mesmo da data da unificação da Alemanha que ocorreu em 1871. Em sua bagagem trouxeram o hábito de suas noivas usarem o “melhor vestido” no dia de seus casamentos, que geralmente eram da cor preta.
Vamos entender isso, através de uma análise histórica.
Origem dos vestidos de noivas
A adoção do uso de vestido de noiva branco é muito recente. Foi adotado pela primeira vez no Século XIX – em 1840 (10 anos antes dos primeiros pomeranos e imigrantes alemães de outras regiões migrarem para o Vale do Itajaí), quando a rainha Victória da Inglaterra pediu em casamento e se casou com seu primo – o príncipe Albert de Saxe-Coburg. Seu vestido foi assunto por muito tempo em todo o mundo e a partir de então, foi incansavelmente imitado. Há registros e conhecimento de um ou outro casamento onde as noivas se vestiram de branco, mas não teve o “eco” e a sensação deste casamento, já reproduzido pela sétima arte, o cinema, em 2009 – The Young Victoria.
O vestido de sua majestade inglesa foi confeccionado em cetim branco, adornado com flores de laranjeira e uma grinalda com véu de 5,58m. Foi este o vestido que chamou atenção e foi copiado por muito tempo, pelas noivas de todo o mundo, tornando-se tendência.
O vestido da rainha Victória ofuscou, até mesmo, a história da primeira noiva que supostamente usou vestido de noiva branco (nem tão branco assim, mas é mencionado na história) que foi usado por Maria de Medici, no seu casamento com Henrique IV – herdeiro da coroa francesa. Contam que Maria foi de encontro aos costumes da família do noivo – espanhola, mostrando a exuberância italiana – para isto usou um vestido com decote quadrado com o colo amostra – escandalizando a família do marido. O vestido de Maria de Medici não era totalmente branco.
É interessante como o vestido de noiva da rainha Victória seguia a tendência do início do século XIX – com destaque para a gola Bertha.
Mas por que a rainha usou vestido de casamento branco? De acordo com os guias de etiqueta da época, branco era a cor mais elegante, pois como suja facilmente, não daria para ser reusado. Podendo ser usado por poucas e ilustres mulheres. A cor dos vestidos usados pelas mulheres da nobreza ou de família abastadas.
O vestido branco realmente só passou a se tornar padrão depois da Rainha Vitória. Ela reinou com uma regra rígida de conduta (daí que vem a expressão “moral vitoriana”) e os costumes das cortes europeias em termos de sexualidade, que até então eram bastante liberados, passaram a ser mais fiscalizados. Ficou viúva aos 42 e guardou luto até morrer. Foi uma época de intensa repressão, que influenciou todos os países da Europa, porque ela era ligada, através de casamentos de filhos e netos, a todas as outras cortes. A questão do vestido preto entre os pomeranos também é verdade, mas não tem a ver com a Prima Nocta (direito do senhor feudal de passar a noite de núpcias com esposa de quem morasse em suas terras). Na verdade a Prima Nocta é uma lenda, alimentada por achismo e preconceitos contra a Idade Média e filmes estilo Coração Valente. A questão da virgindade antes do casamento só existia para as moças de nobreza (e olha lá) por causa da linha de sucessão, mas não era tabu para as demais (até chegar a Rainha Vitória). Além do que eram povos majoritariamente cristãos e isso também geraria muitas revoltas. Mas no caso dos vestido, as mulheres “do povo” casavam com seu melhor traje. Poderia ser de qualquer cor. Azuis e vermelhos sempre foram tecidos caros, por causa dos corantes (a maioria das realezas usam eles). Verdes, rosas e laranjas tem corantes naturais mais fáceis de achar. Mas marrons e pretos são mais baratos, logo eram mais comuns. Brancos não são práticos, sujam, é coisa de quem não trabalha. Isabel Wittmann – Antropóloga.
Entre os pomeranos, contam a lenda de que o uso do vestido preto foi uma maneira encontrada para as mulheres protestarem contra os senhores feudais – têm origem nos Teutônicos (Alemães) que chegaram à região com as cruzadas, no século XII (7 séculos passados) e, em troca da cristianização dos nativos, receberam as terras como recompensa a partir da autoridade da Igreja Católica de Roma sob a ordem feudal – com toda a estrutura humana também.
Esta lenda é contada pelos descendentes dos pomeranos e dos letos – o uso do vestido preto seria uma forma de protesto – algo paralelo, local e peculiar, se comparado à história ampla do uso do vestido de noiva preto ou, branco. Muito tempo antes do uso histórico do primeiro vestido de noiva branco, como vimos, aconteceu somente no século XIX (bem depois do século XII), permaneceu a tradição, do uso do “luto” e não do vestido de noiva, que praticamente inexistia, entre as noivas mais humildes.
Cavaleiros Teutônicos
Na época das cruzadas, o território próximo ao Mar Báltico estava a mercê e sob o domínio dos Cavaleiros Teutônicos, enviados pelo Sacro Império Romano, para cristianizar os “pagãos”. Em troca, os alemães católicos tinham como promessa e premiação a partir da missão cumprida, as terras do povo cristianizado. De acordo com o sistema feudal – tornar-se-iam seus senhores e de todo seu povo – do século IX ao século XII – recebendo títulos de nobreza.
Nesta época, mesmo sob o domínio da Rússia, os Senhores das Terras em toda a região do Báltico, foram os membros da Ordem Teutônica.
Também os letos se tornaram seus servos. Muitas histórias deste período não eram muito nobres dentro das relações senhor e vassalos e sob os preceitos do próprio cristianismo que pregava à força dentro do sistema de servidão.
Um destes exemplos, dizem ser a origem da tradição, não pela tendência e moda internacional, das noivas desta região – pomerana e letas, casarem-se de preto. Foi uma maneira de protestar contra o ato tirano – de a noiva ser obrigada a passar sua primeira noite de núpcias com seu senhor e não com seu marido.
É um estória local, trazida para o Brasil pelos imigrantes pomeranos e letos e que coincidiu com a prática e a tendência da moda do uso de outros vestidos no casamento, não especificamente branco. No caso dos pomeranos e letos, propositadamente com um significado e comunicação a partir de uma simbologia – o luto.
É uma lenda, a exemplo do que expressa Isabel Wittmann – pesquisadora da área e doutoranda da USP – confirmado por nós, após viagens à Alemanha.
As Cruzadas Teutônicas chegaram à região da Pomerânia no século XII. Os imigrantes, que trouxeram as noivas de preto para o Brasil, chegaram no século XIX – um intervalo de 7 séculos e sem os meios de comunicações que temos hoje.
A partir de registros e lembrando que a história pode ser contada pelo “vencedor”, como é conhecido: o vestido branco pela primeira vez só foi usado no século XIX. Antes do século XIX, não somente na Alemanha, mas em vários países da Europa, as noivas se casavam de preto, marrom, vermelho, azul, cinza. As noivas se casavam com o seu melhor vestido e não o usavam somente no dia do casamento, mas também em outros dias da semana.
Casavam com seu melhor vestido, geralmente preto, porque não era tão caro, não sujava muito, ou não aparecia muito a sujeira. Poder-se-ia, desta forma, ser usado mais vezes, se comparado com um vestido de cor clara ou branco – usado por aquelas que não precisavam trabalhar e se preocupar com sua renda. Mesmo dentro das novas classes sociais do renascimento, as noivas usavam o vestido festivo, de passeio no seu casamento. Noivas oriundas do seio de famílias de agricultores e artesãos casavam com seu melhor vestido preto e que geralmente usavam nos domingos – muitos destes trajes são os trajes históricos resgatados nos grupos de danças folclóricas. Observamos, que dentro do resgate dos trajes de danças, na Alemanha atual, há o destaque para os trajes históricos do casamento.
Em algumas partes da Europa, o valor gasto com a noiva e com a festa de seu casamento, foi, e ainda é, um indicador de status social, de riqueza ou poder da família. Aqueles que podiam pagar, escolhiam tecidos luxuosos como os veludos, sedas ou mesmo prata e ouro, brocados, decorados e cravejados com pedras semipreciosas para fazer os vestidos de suas noivas. As cores eram variadas. Na idade média e também no renascimento, as noivas das classes mais abastadas se casavam vestidas de azuis, verdes e vermelhas, o tecido colorido, também custava muito.
Na Idade Média, o casamento dentro das classes sociais mais abastadas, geralmente era uma espécie de negócio combinado entre as famílias dos noivos, visando conveniências econômicas, políticas ou prestígio social. Estas combinações, na maioria das vezes, eram feitas quando os bebês nasciam, tornando-se um pacto entre famílias em questão. Ao lado, a imagem de uma noiva com vestido colorido, pertencente à nobreza.
As jovens mulheres da sociedade de elite casavam-se cedo – em geral com 13, 15 anos. Os enxovais, repletos de peças de linho bordadas com esmero, veludos e brocados, começavam a ser feitos quando a jovem estava com 12 anos e eram guardados em baús, religiosamente protegidos por folhas de eucalipto e mesinhas de proteção.
A cor preta ganhou notoriedade no modo de vestir feminino, também por influência da igreja católica, na Espanha do século XVI – época do surgimento da contrarreforma e a escola jesuítica. O preto com tendência, estampavam vestidos sóbrios e longos – registrados em fotografias, onde quase sempre elas tinham a bíblia nas mãos. Não somente a classe alta, mas também as noivas das regiões rurais se casavam de preto. Como já comentado, era uma cor fácil de se manter limpa e poderia ser usada em muitas e diferentes ocasiões especiais – preto – o nosso “básico” atual.
Outro casamento histórico e de grande repercussão e, também registrado pela sétima arte, foi o casamento da Princesa Elisabeth Amalie Eugenie von Wittelsbach da Baviera – Sissi, com Imperador Franz Joseph I da Áustria, em 1854 – trajou um riquíssimo vestido branco.
O vestido branco usado pelas noivas a partir do século XIX, após o casamento real da rainha Victória com seu primo, o príncipe Albert, foi adotado por noivas das mais variadas classes sociais, principalmente noivas da nobreza. Período que o vestido de noiva passou, definitivamente, a ser um símbolo de status e um “sonho” de um bom número das mulheres do ocidente. Também passou a ser o símbolo da “pureza sexual” e do ideal virginal proposto pelo cristianismo.
Em 1854, quando a Colônia Blumenau tinha 4 anos de fundação, o Papa Pio IX proclamou que as noivas deveriam demonstrar através do vestido branco, a “Imaculada Concepção”, assim como Maria Imaculada. Esta fala papal, estabeleceu para a noiva do Romantismo um padrão católico e cristão que se estende até os dias atuais, em todas as religiões e cleros que herdaram estas práticas.
Esta noiva, pós a proclamação papal, agregou à sua veste um adereço de mão que podia ser um terço ou um pequeno livro de orações porque, além de casta, ela deveria também ser religiosa.
Estivemos na Alemanha pesquisando…
Estivemos na Alemanha buscando um pouco mais de respostas sobre este assunto. Como se casavam as moças em determinadas regiões, e por que?
As respostas encontradas vieram de encontro àquilo que tínhamos concluído. As noivas casavam-se de preto por sua deliberada vontade e tendência da época. Também se casavam com vestidos de cores variadas para quem podia. Encontramos algumas imagens em álbuns de família que visitamos, comprovando isso.
Estivemos em duas regiões distintas – Francônia e Suábia e em ambos os locais, suas noivas se casavam de preto, dentro de um determinado período histórico.
Em Franken (Bavaria) estivemos na cidade de Glosslangheimer e na Suábia (Baden-Württermberg), nas cidades de Stuttgart e Winterbach.
Casamento em Suttgart
Casamento em Winterbach
Casamento em Glosslangheimer
Foi conclusivo observarmos durante a pesquisa, na Alemanha, as imagens de festividades que comprovam o clima festivo e sem a conotação de manifestações das noivas a partir da cor de seu vestido de casamento. Todos felizes, comemorando a cerimônia em família e não somente na antiga região de Pomerânia.
Na sequência um pouco sobre os casamentos no Brasil – no mesmo período histórico – século XIX – século da chegada de muitos imigrantes alemães na região do Vale do Itajaí – Colônia Blumenau e, no Brasil.
Colônias no Brasil
Casamentos 1860 e 1870
Se observarmos as noivas das fotografias a seguir, podemos afirmar que estão trajadas com vestidos de passeios na cor preta. Seria muito interessante, conhecer como casavam-se as plebeias no Brasil colonial, antes de 1840, entre as famílias portuguesas. Sabemos que também haviam casamento com noivas de preto, entre os portugueses. Mas não encontramos registros sobre o tema na história do Brasil colônia.
Em maio de 2018, Roni Loebens de Santa Cruz do Sul – Rio Grande do Sul, após ler nossa pesquisa, comentou conosco que era muito comum as mulheres de sua família casarem-se de preto. Disse-nos que todas as 10 irmãs de seu avô usaram vestidos pretos no dia de seu casamento como também suas bisavós e tetravós.
Sua contribuição não se limitou somente a esta informação. Enviou-nos inúmeras fotografias históricas destas passagens na família. Loebens, que originalmente poderia ser Löbens, afirmou que tem um acervo de mais de 400 fotografias dos antepassados.
Algumas imagens das noivas de preto de sua família.
Casamentos do Imperador Pedro I
No primeiro casamento, sua noiva Caroline Josepha Leopoldine von Habsburg-Lothringen – Imperatriz Leopoldina usou um vestido de noiva verde (13 de maio de 1817 – em Viena). No segundo casamento, sua noiva Princesa Amélia de Beauharnais da Baviera usou um vestido dourado com branco (11 de dezembro de 1826). Há quem afirme, que Amélia usou vestido de noiva branco, antes da Rainha Victória. Talvez, o “branco” do vestido de noiva da Imperatriz Amélia não fosse tão branco e o impacto e influência na tendencia dos vestidos de noivas no período, não aconteceu.
Curiosamente, na comunidade da colônia alemã do Espírito Santo, foi somente na década de 1940 que suas as noivas passaram a usar vestido branco – um século depois do casamento da Rainha Victória. Até então, as moças se casavam com vestido preto, de feitio muito simples. Contam que o caminho percorrido até a igreja pelos noivos era todo enfeitado com ramos de ciprestes e flores de papel colorido. A noiva quase sempre era arrumada pela mãe e vestia o vestido preto geralmente de cetim com uma faixa verde, também de cetim na cintura, acompanhada de um coroa verde tecida de murta, alecrim ou de cipreste, adornada com flores de laranjeira.
O vestido de noiva tem raízes nos tempos antigos, mas a idealização de se casar com branco surgiu pela primeira vez na idade moderna e ganhou notabilidade e tendência, mais especificamente, no século XIX. Tem ligações estreitas com as tendências da moda ao longo dos séculos e muda sua aparência muitas vezes. Atualmente, novamente, a noiva pode usar qualquer vestido que se adeque ao seu gosto, ao seu bolso ou estilo pessoal até vestidos pretos.
Concluindo, até o século XIX, não existia o hábito, costume e tradição de se casar de vestido branco. A cor preta era frequentemente usada pelas noivas de toda a Europa e não somente pelos pomeranos e letos. A cor preta em vestidos, era uma cor popular, por diversos motivos. Entre eles, a maior acessibilidade às pessoas mais humildes e do campo, este como uma opção de maior praticidade quanto a manutenção. Poderiam se casar de preto ou, com o melhor vestido de passeio, que durante um período histórico, coincidia com a tendência do preto, usado entre o século XVI e XIX, na Europa.
Vestidos pretos de noivas contemporâneos
Passarelas de Paris nos dias atuais.
Conhecer é preciso!
Um registro para a História.
Referências
- WITTMANN, Angelina. Noivas de preto. Publicado em: 8 de agosto de 2015. Disponível em: <https://angelinawittmann.blogspot.com/2017/01/wurzburg-roteiro-alemanha-2016.html> Acesso em: 30 de novembro de 2021 – 10:25h.
- Coleção Time Life – História em Revista. Abril Livros
Sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
Contatos:
@angewittmann (Instagram)
@AngelWittmann (Twiter)