Por muitos anos, a língua fluente na Colônia Blumenau foi o alemão, mesmo ainda não existindo a nação da Alemanha, que surgiu somente em 1871. As primeiras famílias alemãs que migraram para a região viviam isoladas no Vale do Itajaí. Nos primeiros tempos da história local, residiam no galpão dos imigrantes (à noite) e durante o dia trabalhavam no seu lote colonial – geralmente afastado do Stadtplatz. Até bem pouco, antes da chegada dos primeiros imigrantes à região, existiam somente três povoações em Santa Catarina: São Francisco do Sul, Nossa Senhora do Desterro e Laguna.
Mais tarde, por decreto, foi fundada a povoação de Lages, com o objetivo de fornecer apoio e suporte às tropas oriundas do Rio Grande do Sul que seguiam para São Paulo e passavam na região. Também existiam as tribos nativas seminômades, que se deslocavam em caminhos existentes que interligavam várias regiões ao longo das quatro estações do ano.
Os imigrantes viviam isolados no vale e sem muito contato com os brasileiros. Esta configuração ficou mais ou menos estabilizada nas primeiras décadas de existência da colônia.
Entre estes imigrantes haviam pessoas que buscavam práticas culturais a partir da música, do teatro, da literatura e poesias, como por exemplo o imigrante alemão Rudolf Damm, ou, Paul August Rudolf Damm – nascido em 18 de dezembro de 1858 na cidade alemã Dresden. Seu pai foi o pintor Rudolf Damm.
Nome
Quanto ao seu nome correto, não temos certeza – ou talvez sim se considerarmos documentos oficiais. Embora o seu nome usado nas suas publicações na Europa seja o mesmo nome que predominantemente conhecemos em Blumenau, encontramos outras formas de escrevê-lo.
Para confundir ainda, encontramos sua assinatura em um documento de seu filho, como Rodolpho Damm, que ao nosso ver, seria o nome correto de maneira oficial e também, como seria usado na Alemanha. Também encontramos um registro com seu nome Rodolpho Damm, na lista de professores no Liceu de Artes e Ofícios – Data de 1891 – retirado do Jornal do Comércio, de 3 de julho de 1890; 18 de julho de 1890.
Além disso, há uma rua em Blumenau, no bairro da Velha, com o nome Rodolfo Damm (seria o nome original “aportuguesado”). Neste artigo, adotaremos o nome mais conhecido, que é: Rudolf Damm.
Formação e Família
Rudolf Damm iniciou o curso de Filologia em Munique – Sul do atual território da Alemanha, mas não lhe foi possível dar prosseguimento, em função de problemas financeiros de seu pai. Prestou exame em Leipzig e tornou-se professor primário. Filologia é o estudo da linguagem em fontes históricas escritas, incluindo literatura, história e linguística – talvez isso explique o porquê Damm foi um exímio tradutor e estudioso da língua e da literatura brasileira, posteriormente a este período histórico.
Antes, em 1887, casou-se com Ida Hachmann e no ano seguinte, em 1888, nasceu a primeira filha – Elise Damm – na cidade de Dresden, ano no qual emigrou para o Brasil. Desembarcou no Porto de São Francisco, residindo na Colônia Dona Francisca, com sua família.
Mudou-se para Nossa Senhora do Desterro, onde trabalhou como professor na Escola Normal e Ginásio Santa Catarina. Em dezembro de 1896, mudou-se com a família para Blumenau, atuando como professor, jornalista, poeta, compositor, cantor e tradutor.
De acordo com sua neta, Cândida Furtado, o casal Rudolf e Ida teve 10 filhos. Não temos comprovação sobre esta informação. Temos os nomes de 5 filhos, a partir de registros do Site Family Search, que são:
- Elise Damm – Germer (1888–1963) – Casou com o filho de Catharina Wagner (e Andreas August Germer – neto de Johann Peter Wagner.
- Rudolf Gottfried Damm (1897– )
- Ida Margarete Damm (1903 – )
- Rudolf Wolfgang Damm (1905 – )
- Ida Helena Damm (1908–1978)
Dezembro de 2017 – Bisneta Cândida Furtado.
Residente no Rio Grande do Sul e como o bisavô Rudolf, também escreve.
Prezada Angelina,
Está maravilhosa a matéria que fizeste sobre a obra do meu bisavô e alguns flashes de sua vida!! Gratidão por me permitires, assim, conhecer um pouco mais sobre as minhas origens.
Não sei o nome de todos os meus tios avós porque não conheci vários deles, mas eles tiveram dez filhos!! Minha avó, Ida Margarida, foi a penúltima filha. Creio que a caçula era a tia Helena, que morava no Rio de Janeiro junto com uma irmã, a tia Ana. Em Curitiba morava o tio Damm, (não sei o nome dele, porque só o chamávamos assim), casado com a tia Flora e haviam outros tio(s) ou tia(s) em Joinville, minha mãe falava de uma prima, a Renate e de um primo o Bube.
Talvez alguns dos trisnetos, que se manifestaram acima, possam completar as informações. Seria mesmo uma grande bênção.
Gratidão enorme pelo teu trabalho! Cândida Furtado
Outubro de 2019 – Marcos Rodolfo Schoene de Joinville
Contribuição de Marcos Rodolfo Schoene de Joinville, esclarecendo questões apontadas por Cândida Furtado.
Talvez possa contribuir um pouco mais.
Me chamo Marcos e também sou bisneto do Rudolf Damm. Sou neto da Charlote Luize Ernestine Damm que casou na Alemanha com Karl Rudolf Schoene. Eu sou filho do Bube citado pela Cândida. Conheci as tias Ana, Helena, Gertrudes, a Margarida conhecida como “Grete” que morou em Curitiba. A minha Oma quando voltou da Alemanha, lá sepultou a primeira filha, vido ao Brasil com a Renate e grávida de meu pai, o Bube. Aqui teve mais um filho, o Wolfgang. Creio que o Damm teve uma filha na Alemanha e os demais nascidos no Brasil. A minha Oma nasceu em Desterro, hoje Florianópolis. Mas vamos trocar informações que nos levarão a montar esta frondosa árvore. A tia Flora teve um filho chamado de Arno e uma filha, chamada Vera.
Ainda com relação aos filhos de Rudolf Damm, encontrei informações de que Elisa Damm nasceu em 19.10.1888, em Leipzig/Alemanha, casada com Armandus Germer. Gotthard Damm nasceu 11.07.1897 em Blumenau, funcionário público municipal. Casou aos 27.07.1918 com Córdula Bruns 06.05.1900 em Blumenau, Ida Margarete Damm nascida em 10.10.1903, Rudolf Wolfgang Damm nasceu em 10.12.1905, Ida Helene Damm, em 20.03.1908 e ainda, sem muitas informações, Ana, Gertrudes, Margarida e Charlotte (minha Oma). Vamos ampliando a família.
Um grande abraço a todos. Marcos Rodolfo Schoene
Em 1889, foi Professor e diretor da Neue Deusche Schule – Nova Escola Alemã – inaugurada neste ano de 1889. Contava, então, com 31 anos de idade – Dirigia a escola ao lado do Pastor Faulhaber.
Uma curiosidade, dentro da história de Blumenau. Rudolf Damm foi professor de um dos nomes responsáveis pela escola local, Frederico Kilian – que foi avô de Bruno Kadletz, neto de Otto Stuttzer e de Fritz Müller.
Com relação a fotografia da Neue Deustsche Schule – anterior – Bruno Kadletz escreve:
” Esta imagem foi feita pelo blumenauense Alwin Seeliger, 1862-1907, fotógrafo morador em Altona/Itoupava Seca, filho do imigrante Karl Friedrich Seeliger. O provável registro deve ter ocorrido antes de 1900, pois foi editado no “Der Urwalsbote Kalender em 1900” no livro de comemoração dos 50 anos da Colônia de Blumenau.
Já Eugen Currlin utilizou-se da mesma imagem e a editou num postal em 1904 sob nr. 17.
Quanto a ‘Édition de la Mission Brésilienne de Propagande’, esta foi contratada no governo de Affonso Penna para fazer a propaganda da Exposição Nacional de 1908 – Rio de Janeiro, em comemoração ao centenário da abertura dos portos por D. João VI.
Como foi tudo feito muito às pressas, a “Mission” se valeu de imagens de fotografias já feitas e nunca atribuiu a autoria aos seus verdadeiros autores. Certo de ter colaborado.” Bruno Kadletz
Em 1901, Damm publicou uma gramática portuguesa para alunos da língua alemã, Lehrbuch der Portugiesischen Sprache. Em 1907, recebeu um prêmio, em São Paulo, por seu trabalho desenvolvido com música. Rudolf Damm recebeu o Prêmio de 1° lugar por um livro de sua autoria – livro de músicas para escola.
Tradução: (…) Há meio ano atrás, a associação de escolas alemãs em Santa Catarina publicou um livro de músicas fáceis e ao mesmo tempo barato, para uso das escolas alemãs de Santa Catarina. Seu grande desafio foi combinar o despertar do senso de pátria na juventude adolescente com a prática do canto da canção folclórica alemã. O resultado, a partir da necessidade de incluir um apêndice com textos relacionados à pátria brasileira, como base do Songbook de Tesch (livro de músicas) – foi a publicação de 70 músicas no livro de músicas. Para isto, com a finalidade de reunir grande número de músicas, foi realizado um concurso em maio, o que resultou , nada menos que 36 músicas recebidas somente do Preisrichterkollegium de Blumenau. Os juízes, com a visão correta de que estão lidando com um livro escolar, deram destaque especial à simplicidade linguística – durante o julgamento e concluíram, a partir destas considerações, o seguinte resultado: Primeiro prêmio – Rudolf Damm (…)
“A Nova Escola Alemã tinha entre seus professores Fritz Müller, Rudolf Damm, Georg Büchler e Carlos Jürgens e, em pouco tempo transformou-se em uma das escolas mais importantes do município. Recebia subvenção da Alemanha e do Estado de Santa Catarina.
No currículo da escola, contavam as disciplinas de alemão, português, inglês, francês, aritmética, matemática, física e química, história natural, geografia, história, transporte, desenho, trabalhos de agulha, ginástica, escrituração mercantil, caligrafia e história do Brasil.” Valéria Contrucci de Oliveira Mailer
Dissertação – O Alemão Em Blumenau: Uma Questão de Identidade e Cidadania.
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Linguística, na área de Ensino/Aprendizagem de Segunda Língua e Língua Estrangeira – 2003.
Nessa época, século XIX, era mais fácil o intercâmbio com a Alemanha, do que com o governo e cultura brasileiros. A situação foi “quebrada” e de certa maneira contornada, por ações e iniciativas isoladas, em um primeiro momento, quase insignificantes como as do professor, jornalista, poeta, compositor, cantor e tradutor – Rudolf Damm.
Damm buscou conhecer a literatura brasileira e também viabilizá-la aos conterrâneos que viviam no Brasil, que não liam no idioma português, e também, aos da Alemanha. Além de professor, jornalista, poeta e compositor, cantor, foi um exímio tradutor de textos da língua portuguesa para a língua alemã e vice e versa. Traduziu inúmeros poemas de poetas brasileiros. Também, em 1909, publicou “Lehrbuch der Portugiesischen Sprache” – um livro de apoio, da língua portuguesa, voltado para as escolas da Colônia, onde os professores, sempre de nacionalidade alemã, eram inseguros diante da língua da nova pátria. Mesmo pouco usados, as aulas eram ministradas no idioma alemão. Fez parte de estudos de língua portuguesa, com foco no seu aprendizado pelos estrangeiros, no Brasil e também, na Alemanha.
“Convém atentar para o fato de as gramáticas dos imigrantes terem sido elaboradas em regiões do Brasil em que o pronome “você” não ocorre com tanta freqüência, predominando o emprego do “tu”, especialmente naquela época. No entanto, o fato de João Ribeiro tê-lo descrito, aliado ao fato de ser observado no uso geral da língua portuguesa do Brasil, fez com que os gramáticos imigrantes se vissem motivados a incluí-lo, com explicações detalhadas. Rotermund, por exemplo, distingue o “você” ao lado das formas de tratamento, mas equipara-o ao pronome “du”. Distingue mais: o “V. Mcê”, indicando o modo de pronúncia “Voss-mecê” para o tratamento de pessoas desconhecidas. Rudolf Damm ensina que o “Vossa mercê” é uma expressão muito cortês que se utiliza com superiores (Höherstehenden) e que “você” tem quase o valor do “du” e é utilizado com inferiores. (…) Mas o problema ganha novos contornos quando os gramáticos imigrantes reconhecem a invariabilidade do infinitivo alemão e criam formas para alcançar a correspondência das formas: “sem eu ir = ohne mein Gehen” (Rotermund); “tu teres = haben du” (Damm). Em suma, os gramáticos imigrantes percebem em conjunto com os gramáticos brasileiros a dificuldade desta especificidade no vernáculo e tentam facilitar sua compreensão pelos imigrantes alemães então aprendizes da língua portuguesa. ” OSÓRIO
A grande dificuldade dos tradutores do idioma alemão para o português, até os dias atuais, é manter uma certa estética, sonoridade e rima, sem comprometer o sentido da ideia principal. Um exemplo do trabalho que Damm fez foi a tradução do poema de Gonçalves Dias – A Canção do Exílio, publicado em vários livros didáticos de língua alemã, na Alemanha.
“Rudolf Damm estudou filologia em Munique, na Alemanha e no Brasil, foi professor em Florianópolis e Joinville. Em Blumenau foi, além de professor, funcionário do Cartório. Esta atuação por si só demonstra um envolvimento do gramático com o português. Foi também escritor e poeta, publicando traduções e poesias. Suas fontes literárias para ilustrar as regras gramaticais, suas traduções e seus poemas atestam conhecimento da literatura brasileira e da língua portuguesa. Sua permanência em Santa Catarina assegurou-lhe um convívio com imigrantes alemães considerados como portadores de uma formação intelectual de melhor qualidade, representando nesta região o auge do sistema educacional alemão. Por estas razões, Damm reunia condições para a elaboração de uma gramática da língua portuguesa, como, de fato, o fez, e no modelo de gramática tradicional.” OSÓRIO
“Foi em Blumenau no ano de 1901 que Damm publicou seu “Lehrbuch der Portugiesischen Sprache” (Gramática portuguesa para alunos de língua alemã, cf. AHB), destinada às escolas das colônias cujos professores não dominavam a língua local, principalmente no nível da pronúncia, embora conhecessem bem as regras gramaticais e a ortografia da língua portuguesa. (…) Além dos inúmeros contos e novelas, Rudolf Damm escreveu também poemas em que ele costumava declamar a paisagem divina da época e o trabalho dos colonos. Traduções de peças literárias e poemas de escritores brasileiros consagrados ele também traduziu para o alemão e contribuiu para que alemães e descendentes conhecem um pouco de Cruz e Souza, Araújo de Figueiredo, Gonçalves Dias, José Bonifácio, Fagundes Varella, entre outros.” Killian, 1960.
Seu trabalho produzido no Brasil é conhecido em todo o mundo. Vejam o que diz um editor sobre – na apresentação de uma de suas publicações com nova roupagem.
“Este trabalho foi selecionado por estudiosos como sendo culturalmente importante e faz parte da base de conhecimento da civilização, como a conhecemos. Este trabalho foi reproduzido a partir do original e permanece o mais fiel possível ao trabalho original. Portanto, você verá as referências de direitos autorais originais, carimbos de biblioteca (já que a maioria dessas obras foi armazenada em nossas bibliotecas mais importantes ao redor do mundo) e outras anotações na obra.
Este trabalho está em domínio público nos Estados Unidos da América e possivelmente em outras nações. Nos Estados Unidos, você pode copiar e distribuir livremente este trabalho, pois nenhuma entidade (pessoa física ou jurídica) possui direitos autorais sobre o corpo do trabalho.
Como uma reprodução de um artefato histórico, esta obra pode conter páginas ausentes ou borradas, imagens ruins, marcas erradas, etc. Os estudiosos acreditam, e concordamos, que esta obra é importante o suficiente para ser preservada, reproduzida e geralmente disponível para o público. Agradecemos seu apoio ao processo de preservação e por ser uma parte importante para manter esse conhecimento vivo e relevante.” Editora Wentwort Press
Editora: Wentworth Press (8 agosto de 2018).
Idioma: Alemão
Capa comum: 190 páginas
ISBN-10: 0274991195
ISBN-13: 978-0274991198
Dimensões: 15.6 x 1.03 x 23.4 cm
Blumenau tem algum exemplar desta publicação?
Rudolf Damm traduziu também, vários romances, como Inocência de autoria Taunay; Ubirajara, Iracema e outros de autoria de José de Alencar.
Deixou uma grande contribuição na forma de “construir pontes” entre as duas línguas e países – Brasil e Alemanha. Foi jornalista atuante nos jornais blumenauenses – Blumenauer-Zeitung e Der Urwaldsbote.
Dentro das práticas culturais teve também papel de importante, na história do tradicional Coro Masculino Liederkranz, que nos dias atuais, interpreta o “Show dos Velhos Camaradas” no Oktoberfest Blumenau e também, em outras festas na região e, em outras regiões do país e na Alemanha.
Rudolf Damm foi o idealizador do Coro Masculino Liederkranz que foi seu fundador no ano de 1909 – um coro somente de homens e até atualidade – cantam tradicionalmente, no idioma alemão e somente formado por homens.
A sua iniciativa de fundar o coro masculino aconteceu no carnaval de 1909, quando organizou um grupo de amigos, que se reuniram para fundar a sociedade de canto. Naquela época, era assim que chamavam um grupo de cantores, como até hoje acontece na Alemanha e testemunhamos isto em nossas viagens. O primeiro nome do coro foi “Club Unter Uns”(Clube entre nós).
O coro masculino foi formalizado oficialmente em uma assembleia ocorrida em 26 de maio de 1909, no antigo salão da Confeitaria S. Katz, a qual estava situada na esquina da Rua XV de Novembro com a Alameda Rio Branco. A título de curiosidade, a casa de dois pavimentos da Confeitaria S. Katz deu lugar à Mercearia Kieckbusch, que deu lugar ao estacionamento da Casa Flamingo. Novamente o patrimônio sendo trocado pelo espaço para automóveis.
Neste momento, foi empossada a primeira diretoria. Damm convenceu Ricardo Max Grothe a ocupar o cargo da primeira Presidência da sociedade de cantores e ele próprio, Rudolf Damm, ocupou o cargo de Secretário, lavrando a ata da primeira reunião – de fundação – do Coro Masculino Liederkranz.
Observem a lista dos primeiros Regentes do Coro Masculino Liederkranz registrados por KORMANN e também a confirmação de que o fundador do coro foi Rudolf Damm.
1 – Carl Flesch;
2 – Josef Schwartz;
3 – Joseph Teichmann (família Teichmann – artigo desta coluna);
4 – Ernst Drawin;
5 – Kurt Boettner;
6 – Heinz Geyer.
Portanto, o idealizador e quem criou o centenário Coro Masculino Liederkranz, que atualmente ensaia no C.C. 25 de Julho de Blumenau – foi o professor, cantor, compositor, tradutor, jornalista e poeta, nascido em Dresden e que residia em Blumenau desde 1888, Rudolf Damm.
Como acontece em Blumenau atual, entre outras questões – Damm não é citado nas páginas oficiais do Coro Masculino, embora já os tenha alertado sobre esta questão e 1909 como data de fundação, até então comemoravam na mesma data do C.C. 25 de Julho de Blumenau, ou seja um pouco mais que 60 anos de idade. Passaram a comemorar o fato de serem centenário, mas sem o reconhecimento do nome daquele que fez acontecer – Rudolf Damm, registrado em uma edição de Blumenau em Cadernos de 1959, por Frederico Killian, avô de Bruno Kadletz, filho de Otto Stutzer e sobrinho do Pastor Stutzer.
Também, foi neste ano de 1909 que ficou viúvo e também descobriu problemas no coração.
Como sempre, na sua cidade – Blumenau, no seu tempo contemporâneo, um personagem histórico não foi reconhecido dentro de sua e partir de sua história – para muitos, Rudolf Damm é um mero desconhecido – contraditoriamente a sua valiosa contribuição à cidade de Blumenau e região. Talvez, até hoje, ainda não seja lembrado e reconhecido, pelo próprio desconhecimento de sua contribuição e trabalho.
No mundo acadêmico é estudado e sua contribuição é citada em várias produções. Atualmente é fonte de pesquisa e seus livros são referências, não somente no Brasil, como também, na Alemanha e no mundo.
Rudolf Damm viveu boa parte de sua vida no Brasil e faleceu no dia 18 de janeiro 1915 na cidade que escolheu para viver – Blumenau, com a idade de 57 anos.
Atualmente, seus livros podem ser encontrados em antiquários da Alemanha ou mesmo, com novas publicações pela importância de seu trabalho e também, digitalizados, como o livro abaixo – ofertado com o seguinte texto virtual:
Esta é uma reprodução de um livro publicado antes de 1923. Este livro pode ter imperfeições ocasionais, como falta de páginas, fotos pobres, marcas do tempo, etc. que eram parte do artefato original ou introduzidos pelo processo de digitalização. Acreditamos que este trabalho é culturalmente importante, apesar das imperfeições e não nos impediu de imprimir como parte de nosso compromisso com a preservação de obras raras.
Rudolf Damm, também era responsável por organizar e participar de cerimônias oficiais na Colônia Blumenau, como aconteceu em 14 de junho de 1928, no Hotel Holetz quando Blumenau recebia o Friedrich August III – ex Rei da Saxônia, que também, era conterrâneo de Rudolf Damm – nascido igualmente em Dresden. Neste dia, a programação terminou com uma canção composta e cantada por Rudolf Damm: “Das vagas azuis do mar ergue-se um país maravilhoso”.
“Antes, no Teatro Frohsinn, foi-lhe oferecida uma recepção. Após uma cantiga de saudação em alemão, o soberano foi saudado pelo Pastor Schroeder. Versos em dialeto saxão foram recitados por Willy Jungmichels. Várias peças musicais foram apresentadas sob a regência do Maestro Heinz Geyer. Um número humorístico coube ao Sr. Otto Arendt. Danças folclóricas e ginastas vieram após. Um brinde de honra foi proferido pelo Cônsul alemão
Otto von Rohkohl. De pé, todos cantaram o Hino Nacional.” Gerlach, 2019 – página 783.
“Além de muitos contos e novelas, Rudolf Damm escreveu considerável número de poemas nos quais ele declama nossa paisagem divina e os trabalhos dos colonos” – José Luiz Félix
“Além da atuante imprensa em língua alemã, a produção literária teuta tinha também papel de destaque na antiga colônia e contava como escritores como Rudolf Damm,…. ” Dissertação de Mestrado de Valéria Contrucci de Oliveira Mailer
DAMM, Rudolf. Lehrbuch der Portugiesischen Sprache. Blumenau: Probst e Filho, 1901.
Jornal Der Urwaldsbote – Homenagem após a sua morte
“Rudolf Damm era profundo conhecedor da língua portuguesa. Suas traduções para o alemão garantiam-lhe a posição privilegiada entre os tradutores de obras literárias brasileiras e que também mereciam apreciações e aplausos na Alemanha. Nós do “Der Urwaldsbote” trouxemos muitas de suas poesias e quem se recorda da canção “Aus blauen Wogen steigt ein Land” (das ondas zuis surge uma terra) que escreveu em homenagem a nova pátria. A associação dos professores igualmente lamenta profundamente o desaparecimento de seu membro honorário”
Rua sem Saída recebe seu nome – próximo à Vila Germânica – Blumenau
Referências
- GERLACH, Gilberto Schmidt, Colônia Blumenau no Sul do Brasil / Gilberto Schmidt-Gerlach, Bruno Kilian Kadletz, Marcondes Marchetti, pesquisa; Gilberto Schmidt-Gerlach, organização; tradução Pedro Jungmann. – São José : Clube de Cinema Nossa Senhora do Desterro, 2019. 2 t. (400 p.) : il., retrs.
HUMPL, Max. Crônica do vilarejo de Itoupava Seca: Altona: desde a origem até a incorporação à área urbana de Blumenau; Méri Frotscher Kramer e Johannes Kramer (orgs.). – 1.ed. – Blumenau (SC) : Edifurb, 2015. – 226 p. : il. - KORMANN, Edith. Teatro de Blumenau III. Acadêmico jornal Catarinense de Cultura. FURB – Agosto de 1978.
- MAILER, Valéria Contrucci de Oliveira. O Alemão Em Blumenau: Uma Questão de Identidade e Cidadania. Orientador: Prof. Dr. Werner Heidermann. Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Lingüística da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Lingüística, na área de Ensino/Aprendizagem de Segunda Língua e Língua Estrangeira. Florianópolis, 2003.
- OSÓRIO, Sara Gil. Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas de Letras Modernas – Programa de Língua e Literatura Alemã – As Gramáticas. Transcrição da apresentação. Disponível em: https://slideplayer.com.br/slide/10277321/. Acesso em: 6 de novembro de 2021 – 20:30h.
- SILVA, José Ferreira. História de Blumenau. -2.ed. – Blumenau: Fundação “Casa Dr. Blumenau”, 1988. – 299 p.
- WITTMANN, Angelina. Friedrich August III – ex Rei da Saxônia em Blumenau. Publicado em: 7 de abril de 2017. Disponível em: < https://angelinawittmann.blogspot.com/2017/05/passagem-da-equipe-documentario.html> . Acesso em: 23 de novembro de 2022 – 10:25h.
- WITTMANN, Angelina. Heinrich Albert Friedrich Gustav Stutzer – Rápida passagem na Colônia Blumenau – Trabalho Social na Alemanha. Publicado em: 8 de fevereiro de 2019. Disponível em: < https://angelinawittmann.blogspot.com/2017/05/passagem-da-equipe-documentario.html> . Acesso em: 23 de novembro de 2022 – 8:15h.
- WITTMANN, Angelina. Imigrante Otto Stutzer do Condado de Brauschweig – De agricultor à prefeito de Blumenau em 1895. Publicado em: 15 de março de 2017. Disponível em: < https://angelinawittmann.blogspot.com/2017/05/passagem-da-equipe-documentario.html> . Acesso em: 22 de novembro de 2022 –18:05h.
Sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
Contatos:
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Em breve – Estaremos lançando o livro: “Fragmentos Históricos – Colônia Blumenau” – inspirado nos artigos desta coluna. Aguardem.