Reino do Garcia: a brincadeira que movimenta o comércio e moradores do Sul de Blumenau

Entenda como a expressão nasceu e o que mudou na região desde então

Imagine um reino onde o líder costuma sentar em uma cadeira de praia na beira da rua para observar o movimento. Um ministro da Economia que era vendedor de picolés. Outro, parecido fisicamente com o terrorista Osama Bin Laden, é o da Defesa. A brincadeira do reino do Garcia virou coisa séria.

A região Sul de Blumenau já não é mais a mesma. Desde 2013, quando tudo começou, comércios têm sido batizados com o nome do reino, o criador da piada fatura com a marca registrada e os moradores – ou súditos – parecem ter ainda mais orgulho de dizer de onde são.

“O morador do Garcia sempre teve um bairrismo muito grande, de defender aqui, de discutir com pessoas de outros bairros – o que eu acho errado (risos) – e isso andou adormecido. Muitas pessoas dizem que o Garcia virou um bairro dormitório. E com essa minha brincadeira eu sinto que despertou esse carinho pelo bairro de novo”, acredita o criador do termo, Tiago Junkes.

O “sargento” Junkes ganhou popularidade com as manifestações de 2013 por todo o Brasil. À época, circulou um áudio pelo WhatsApp de um suposto sargento que estava na Amazônia. Ele ameaçava atacar os manifestantes com o apoio de outros países. Junkes então decidiu imitar o oficial, mas substituindo os lugares mencionados pelo Garcia.

O áudio se perdeu com o tempo, mas alguns ficaram salvos na internet. Ouça um deles:

O áudio que falava em criar um muro para proteger a região viralizou. Depois, com o empurrão das redes sociais, a brincadeira do reino com sua comitiva e principados (bairros) não parou mais. Atualmente Junkes trabalha com e-commerce e a página do personagem.

Moradores entram na brincadeira e imitam o presidente dos EUA, Donald Trump, e ex-presidente Dilma Rousseff (com sargento Junkes e Ministro da Defesa)

Pelo Facebook e Instagram ele expõe problemas do bairro de maneira descontraída, faz brincadeiras e tantas outras postagens que, normalmente, causam riso em que lê. E a ideia é somente essa, garante:

“Da minha parte é interessante justamente para firmar a questão do nome. Algumas pessoas acham que isso é uma campanha política para eu ser candidato a vereador ano que vem, mas não tem nada a ver, nunca tive interesse”.

O brasão e a expressão reino do Garcia são registrados por Junkes, ele inclusive vende camisetas e bonés com a imagem na loja online. Sem ligação com Junkes, mas inspirados na criação dele, alguns estabelecimentos surgiram e foram identificados com parte do termo para consolidar o negócio.

É o caso da Barbearia do Reino, inaugurada há seis meses. Os sócios, que moram no Garcia e são amigos de Junkes, não pensaram duas vezes na hora de definir o nome:

“Tem o apelo pela região, claro. Muita gente puxa por esse apelo, tem o Reino da Pizza, a Cerveja do Reino… É o poder da internet”, brinca um dos sócios da barbearia, Michel Rodrigo.

Além de ter dado outra cara para o comércio, o reino está em outdoors e na boca de muitos que se referem ao local. Quem passa por ali sabe que não é apenas o principado do Progresso, Jordão ou até Gaspar Alto. É mais que isso. É o Reino do Garcia, o Sul de Blumenau.

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