Reitor da Furb vai à Câmara de Vereadores de Blumenau defender finanças da universidade
Vereador questionou se problemas econômicos poderiam ameaçar o pagamento das aposentadorias de servidores no futuro
A reação de vereadores de Blumenau a um curso oferecido na Furb, intitulado “O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil” despertou questionamentos sobre a situação financeira da universidade. Nesta quinta-feira, 19, o reitor João Natel vai à sessão da Câmara para falar sobre os dois temas.
Na semana passada, o vereador Sylvio Zimmermann (PSDB) foi à tribuna para propor um debate sobre as finanças da universidade. Ele diz que, depois da polêmica sobre o curso, pessoas de dentro da Furb o procuraram, preocupadas com o cenário econômico do local onde trabalham:
“Eu recebi informações de que a Furb teria dificuldade em pagar suas contas até o final deste ano e que da forma que está funcionando vai ter uma dificuldade muito grande de arcar, no futuro, com a aposentadoria dos seus funcionários”, explicou.
Os servidores da Furb estão vinculados ao Issblu, mesmo Instituto de Seguridade Social mantido pelos servidores da prefeitura. Segundo Zimmermann, numa eventual impossibilidade da universidade de pagar a contribuição previdenciária obrigatória, a despesa seria assumida pelo governo municipal.
“Os vereadores fizeram uma especulação absolutamente sem sentido e em um certo ponto irresponsável em relação à saúde financeira da universidade”, protesta Natel.
Para o reitor, é importante desconectar o modelo de previdência de Blumenau com o momento que a universidade está passando:
“A Furb é uma estrutura viável, uma estrutura sustentável inclusive na sua aposentadoria. O Issblu é composto por pelo menos oito entes, um deles é a Furb. Eu faço parte do conselho de administração do Issblu e tenho dito que nós temos que encontrar uma maneira de repactuar as aposentadorias dos servidores para que o fundo seja sustentável. Essa é uma discussão complexa”, reflete Natel.
“Furb está em dia”, diz Issblu
O presidente do Issblu, Elói Barni, conta que, até o momento, não há problemas registrados com a contribuição patronal da Furb. De cada um dos 906 servidores concursados da universidade é descontado 11% da folha de pagamento. Em contrapartida, a instituição paga pouco mais de 15%, algo que rende ao regime previdenciário, mensalmente, cerca de R$ 1 milhão.
“Eles têm um percentual de contribuição hoje e estão conseguindo pagar. Eu não posso projetar esse futuro, mas a Furb está em dias com as contribuições”, ressalta.
Em 2007 e 2015, devido a problemas financeiros, a Furb parcelou a dívida. O mesmo vem sendo feito pela prefeitura, por causa de atrasos no pagamento desde setembro do ano passado. O município repassou em fevereiro para o fundo previdenciário do Issblu cerca de R$ 3,2 milhões mensais, referentes a 5.806 colaboradores.
Natel garante que há superávit
O reitor reconhece que este ano está atípico para as contas da universidade, mas lembra que uma situação parecida foi vivida há três anos, quando não houve repasse do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Neste ano, com a queda na receita, medidas internas serão tomadas para equilibrar lucro e despesa.
“A Furb, no ano passado, fechou o balanço em R$ 16 milhões no superávit financeiro. Entre 2010 e 2017, ela teve crescimento em sua receita de 67%. Houve uma redução no número de estudantes da graduação, mas ela não é decorrente da administração. Todas as instituições de ensino superior tiveram uma retração no número de alunos”, defende.
Na Câmara, Zimmermann lembrou que atualmente a Furb tem 8 mil alunos no ensino superior, em um ambiente que pode chegar a 15 mil estudantes. Em relação ao ano passado, o dado equivaleria a uma queda de 15%.
Os motivos para diminuição são diversos, como os cortes no Fies (antes, a Furb recebia entre 500 e 600 novos contratos por semestre, este ano, segundo o reitor, foram 30), evasão no ensino médio e aumento no número de cursos a distância em outras unidades, com valores muito mais acessíveis.
A sessão da Câmara começa às 15h.