Relatório final detalha causa de queda de avião em Guabiruba em 2020; relembre o caso
Causa do acidente foi confirmada e Cenipa deu detalhes sobre situação do voo
O Centro de Investigações e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) divulgou na quinta-feira, 30, o relatório final sobre a queda do avião monomotor em Guabiruba em julho de 2020. A causa do acidente também foi confirmada pelo órgão. Segundo o Cenipa, o piloto não possuía certificado, licença ou habilitação para pilotar aeronaves, apesar de ter um Certificado Médico Aeronáutico (CMA) válido.
No dia 25 de julho de 2020, um sábado, o avião monomotor de matrícula PU-OOO, modelo Kolbflyer, realizava um voo privado. A aeronave decolou do aeródromo Fazenda Aero-Amil, em Brusque, e sobrevoava a região. Por volta de 13h30, o avião precisou realizar um pouso de emergência e colidiu contra um poste e na fiação elétrica antes de atingir o solo. A aeronave caiu na rua José Júlio Schumacher, no Centro de Guabiruba.
Apenas danos superficiais foram registrados no avião. O piloto, Fábio Juliano Reis, de 35 anos; e o passageiro, Alexandro Cunhago, 34, tiveram lesões graves, foram levados ao hospital e sobreviveram ao acidente. Eles receberam alta um dia após a queda do avião.
Causa do acidente e situação do piloto
O Cenipa confirmou, também, que o acidente aéreo aconteceu em decorrência de uma falha no motor, forçando o piloto a realizar o pouso de emergência. No relatório consta, ainda, que o voo não estava de acordo com as regulamentações aeronáuticas. Porém, a aeronave possuía Certificado de Autorização de Voo (CAV), emitido em novembro de 2010.
“(…) ao constatar que o condutor não estava habilitado, nem qualificado para a realização do voo, verificou-se que a operação transcorreu em desacordo com as regulamentações aeronáuticas em vigor”, disse Cenipa, em trecho do relatório.
Nas conclusões do acidente, o Cenipa concluiu, ainda, que “o piloto não era qualificado e não possuía experiência no tipo de voo” e que, na avaliação dos destroços, “indicou que o motor estava parado no momento do impacto da aeronave”. O órgão considerou ainda o que classificou como “falta de aderência às normas ou regulamentos estabelecidos pela autoridade de aviação civil brasileira” como um fator contribuinte.
“Ao se deixar de atender aos níveis mínimos de segurança definidos pelo Estado Brasileiro, garantidos por meio do cumprimento dos Regulamentos Brasileiros de Homologação Aeronáutica (RBHA) ou Regulamentos Brasileiros da Aviação Civil (RBAC), podem-se criar condições inseguras latentes as quais deverão ser eliminadas ou mitigadas por meio do cumprimento da própria regulamentação”, escreveu o Cenipa, em outro trecho do relatório.
Piloto se manifesta
Procurado pela reportagem de O Município, Fábio Juliano Reis, piloto do avião, se manifestou sobre o trecho do relatório em que diz que ele não estava habilitado e nem qualificado para realização do voo.
“Tenho o CMA, exame de saúde. Fiz todas as horas de voo em uma escola. Passei na prova, mas, durante a pandemia, travou tudo e minha carteira demorou para vir. Agora estou esperando sair”, esclareceu o piloto.
Além disso, Fábio enviou uma declaração de instrução, com comprovante de que realizou horas de voo na Costa Esmeralda Escola de Aviação. No documento, consta que “o candidato realizou a instrução de voo prevista no RBAC (Regulamentos Brasileiros da Aviação Civil) nº 61 para concessão de licença de piloto CPR (Certificado de Piloto de Recreio) e habilitação UATE (Ultraleve Avançado Terrestre)”.