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Renate Rohkohl, filha do cônsul alemão e engenheiro da EFSC, Otto Rohkohl, e a doação de sua casa para Blumenau

Capa: residência da família Schwarzer/Rohkohl/Dietrich (3 gerações de uma mesma família), de 1880 a 1997, quando Renate Luise Rohkohl Dietrich a doou para a municipalidade de Blumenau, com quase tudo que havia em seu interior – história de sua família. Ali havia residido por mais de 115 anos.

Quarto que foi de Otto Rohkohl, primeiro diretor da EFSC e Cônsul Honorário da Alemanha em Blumenau. Este é o ambiente da casa enxaimel mais antiga do Vale do Itajaí, construída em 1858 para ser a residência de Hermann Wendeburg, que depois foi adquirida pelo sogro de Rohkohl, em 1880. Não há menção dessa história no ambiente interno, e também não há a identificação das fotografias de suas filhas crianças e de sua esposa, nele presentes.
Capa do livro “Fachwerk – A Técnica Construtiva Enxaimel”.

Uma das tipologias urbanas construídas no Stadtplatz da Colônia Blumenau, ainda na metade do século XIX e que se encontra na paisagem, por sua beleza e importância, foi escolhida para estampar a capa de nosso 3° livro, cujo tema aborda a técnica construtiva enxaimel.

Esta edificação histórica teve sua manutenção e cuidados feitos pela mesma família desde o ano de 1880, quando foi adquirida de Hermann Wendeburg, seu primeiro proprietário, pelo pioneiro Paul Schwarzer, um dos primeiros advogados de Blumenau e avô de Renate Luise Rohkohl, que casada, adotou o nome de família, Dietrich.

É sabido que a propriedade foi adquirida após a morte de Wendeburg que aconteceu em 1881. A casa foi adquirida em 1880. Existe alguma coisa nessa transação que precisa ser corrigida e ou esclarecida.

Paul Schwarzer era natural da Prússia, e foi casado com a nobre Mathilde von Knorring, nascida na antiga capital do Brasil, Rio de Janeiro, em 23 de outubro de 1852, e batizada em Florianópolis em 1857.

Frau Schwarzer foi sepultada em São Paulo, em abril de 1919. Mudara-se de Blumenau, pois ficou viúva muito cedo, deixando a residência enxaimel da Rua das Palmeiras – Palmenallee, construída em 1858, para sua filha Edith Anna. Seu marido, Paul Schwarzer, por sua vez, nasceu em 30 de outubro de 1844, na cidade de Brieg, Prússia, e faleceu aos 62 anos de idade, em 13 de abril de 1906, em Blumenau.

Edith Anna, filha de Paul Schwarzer e Mathilde von Knorring e herdeira da casa. Esposa de Otto Rohkohl e mãe de Renate Luise Rohkohl.

O casal Paul Schwarzer e Mathilde von Knorring teve 4 filhas:

  • Olga Schwarzer (1873–1953
  • Paula Schwarzer (1879–1956)
  • Alice Olympia Schwarzer (1883–1964)
  • Edith Anna Schwarzer (1887–1945) – Esposa de Otto Rohkohl .
Stammtisch.
Paul Schwarzer, entre os nomes da cultura, tradição e economia de Blumenau do início do século XX. Na foto está também Edith Gärtner, sua vizinha, a qual, quando idosa, foi cuidada por sua neta mais velha, Renate Luise Rohkohl.
Achamos curioso que Scheidemantel e Schwarzer estão sepultados no mesmo lugar no cemitério luterano Centro.
Johann Otto Rohkohl – 1° Diretor da Estrada de Ferro Santa Catarina EFSC.

A família de Paul Schwarzer passou a residir na ex-residência de Hermann Wendeburg, construída em 1858. Sua filha mais jovem, Edith Anna (1887–1945), se casou com o jovem engenheiro alemão da equipe de construção da ferrovia EFSC, Johann Otto Rohkohl, ou Otto Rohkohl, em 27 de novembro de 1909, no mesmo ano em que foi inaugurado o primeiro trecho ferroviário da estrada de ferro que dirigia. Foi o primeiro diretor da EFSC.

Seu sogro, Paul Schwarzer, havia falecido três anos antes do seu casamento; portanto, Otto Rohkohl não chegou a conhecê-lo. Sua sogra mudou-se de Blumenau tão logo ficou viúva. Há indícios de que os Rohkohls, juntamente com sua filha mais nova, mudaram-se para a Alemanha e permaneceram por lá durante a Segunda Guerra Mundial.

Cemitério Luterano Centro – Blumenau. Informações históricas de Paul Schwarzer na arte cemiterial.
Residência da Família Schwartzer/Rohkohl/Dietrich (3 gerações de uma mesma família) de 1880 até 1997.
Réplica fake da estação de Blumenau da EFSC, sobre uma praça pública da cidade, ano 2022/2023. Prefeitura Municipal de Blumenau, também com arquitetura fake, foi construída no local onde estava a original e primeira estação de Blumenau,  originalmente construída em enxaimel.

Otto Rohkohl e Edith Anna tiveram duas filhas, e conhecemos a existência de sua filha mais velha Renate Luise Rohkohl, por meio de um pequeno texto publicado na Revista Blumenau em Cadernos, em que se menciona que Renate Luise desejava encantar uma das sacadas da estação ferroviária de Blumenau com uma trepadeira.

Uma praça atual de Blumenau, localizada próximo ao antigo local da estação histórica (onde está localizada a atual Prefeitura Municipal de Blumenau), recebeu uma “réplica” fake desta – 2023.

Prosseguindo…Ao tentar conhecer todas as questões desta pequena nota, encontramos fatos históricos sobre Johann Otto Rohkohl e de sua filha, Renate Luise Rohkohl.

Para escrever este texto, fomos visitar novamente a antiga residência de Renate Luise Rohkohl, casada Dietrich, parte física do atual Museu da Família Colonial.

Filhas de Otto Rohkohl e de Edith Anna Rohkohl. Fotografia de fotografia exposta em um porta-retratos no quarto principal da casa enxaimel da família, parte do atual Museu da Família Colonial e desprovida de identificação.
Blumenau em Cadernos, mencionando o cuidado de Renate Luise com o local de trabalho de seu pai, Otto Rohkohl.
Dama da Noite.

“A filha do primeiro diretor da E. de F. “Santa Catarina” contou-nos certa ocasião, que, desejando adornar a varanda da estação com uma bonita trepadeira, escreveu para a Alemanha, para um floricultor conhecido, pedindo-lhe que mandasse o que de melhor houvesse. Vieram as sementes que, germinando, foram tratadas com carinho. Quando começaram a florescer, qual não foi o espanto da senhora ao constatar que a trepadeira, cuidada com tanto esmero, era uma das plantas mais comuns à margem do rio Itajaí, onde crescia em estado silvestre. No próprio barranco onde ficava atrás da estação havia-as em grande abundância, perfumando o ambiente com suas grandes flores brancas que desabrochavam a noite e se mantinham abertas até o sol se levantar no horizonte.”

A casa Wendeburg/Schwarzer/Rohkohl/Dietrich esteve com a família por 117 anos, abrigando três gerações. Foi doada para a municipalidade de Blumenau com boa parte dos objetos que existiam no seu interior. Soubemos que ali residira um engenheiro alemão que havia ocupado o cargo de direção da EFSC, e que se casara com uma filha da família Schwarzer, vizinha dos Gärtner.

Entramos na residência da família, agora espaço do Museu da Família Colonial, que não apresenta nada muito específico sobre essa história com base nas atividades dessas pessoas. Vimos fotografia do Cônsul Honorário da Alemanha, mas somente na ex-residência dos Gärtner, quando esse cargo fora ocupado pelo sobrinho de Hermann Blumenau, Viktor Friedrich Bruno Gärtner. Não vimos uma fotografia, igualmente, na parede da ex-residência de Renate Luise Rohkohl, de seus pais, onde ele é apontado, igualmente, como cônsul, cargo que ocupou por mais de 25 anos, além de suas outras atividades na sociedade de Blumenau, dentro de um recorte de tempo histórico e que muito contribuiu com essa cidade.

Cônsul Honorário da Alemanha e 1° Diretor da EFSC, Otto Rohkohl em dois períodos históricos distintos.

Para melhor compreensão, além das imagens, vamos mostrar a história da filha mais velha do engenheiro alemão da EFSC, seu primeiro diretor e Cônsul Honorário da Alemanha em Blumenau, Renate Luise Rohkohl, último membro da família que residiu nessa incrível tipologia construída com enxaimel em 1858, doada, posteriormente, com quase tudo que havia em seu interior, à municipalidade de Blumenau.

Muito pouco é mencionado sobre esta questão e, principalmente, sobre a história dessas pessoas. O destaque é quase somente direcionado à casa dos Gärtner.

Stammtisch de amigos na frente da sociedade de tiro e entre eles, o advogado Paul Schwarzer. Blumenau – século XIX.
Equipe de execução e projeto da EFSC, 1907 – do livro A Ferrovia no Vale do Itajaí Estrada de Ferro Santa Catarina- Edifurb, 2010.

Como se formou o Museu da Família Colonial?

Museu da família Colonial

Rosalie Julie Auguste Sametzky e Viktor Friedrich Bruno Gärtner, pais de Edith Gaertner. 1865 – Dia do casamento. Foto Clic RBS.

O Museu da Família Colonial está localizado no espaço de três edificações históricas, sendo que duas delas, construídas com a técnica enxaimel, com fechamento de tijolos aparentes e a terceira com fechamento de tijolos rebocados, construída em 1920 e foi residência do tio de Edith Gärtner, Reinhold Gärtner, imigrante alemão, irmão de Viktor Friedrich Bruno Gärtner e igualmente sobrinho do fundador.
Uma das edificações construídas com a técnica construtiva enxaimel com fechamento de tijolos aparentes, data de 1864 e foi residência de Viktor Friedrich Bruno Gärtner (1832 – 1888), sobrinho do fundador, casado com Rosalie Julie Auguste Sametzky (1844-1900), Rose na intimidade, e pais de Edith (1882 – 1967) que ficou residindo na casa da família até 1967, quando faleceu. Viktor foi comerciante, inicialmente com apoio dos Wagner que lhes cederam mercadorias e também foi Cônsul Honorário Alemão em Blumenau.
Dos dois cônsules que residiram no local do atual museu, este é o único que tem sua fotografia exposta na parede do museu, com o status de Cônsul.

A terceira casa, objeto de estudo desse artigo, foi construída em 1858, e foi a residência do braço direito de Hermann Blumenau, Hermann Wendeburg. Foi adquirida de Wendeburg pela família Schwarzer, em 1880. O local foi residência dessa família até 1997, quando foi oficialmente transferida para a municipalidade. Nessa casa residiu em Blumenau o Cônsul Honorário da Alemanha, Otto Rohkohl, e não há indícios desse fato histórico exposto nos ambientes, como há na outra casa que foi residência de Viktor Friedrich Bruno Gärtner. Também há pouca identificação dos pertences de tão ilustre família no local.

Esta terceira casa é considerada a edificação mais antiga da Colônia Blumenau – e do Vale do Itajaí.

Stadtplatz da Colônia Blumenau – Rua das Palmeiras – Palmenallee, um pouco após a metade do século XIX.

Em 1950, durante as comemorações do Centenário de Blumenau, Edith Gärtner doou um terreno de 1.775 m2 à municipalidade de Blumenau, com direito a usufruto. Nele estavam construídas as edificações de 1864 e de 1920.
Edith Gärtner faleceu em 15 de setembro de 1967, e logo após o imóvel foi incorporado à Fundação Casa Dr. Blumenau, sendo adequado ao uso de museu, sem descaracterizar “a residência”. A terceira geração da família Schwarzer residia na casa construída em 1858, e também ainda residia no local o Cônsul Honorário da Alemanha Otto Rohkohl – eram contemporâneos à criação do Museu da Família Colonial.

Rohkohl em companhia de suas duas filhas no interior da casa 1858. Uma delas, Elise Siegrid, faleceu e foi sepultada na Alemanha, junto de sua mãe, Edith Anna Schwarzer. Detalhe: os mesmos lambris de madeira, ainda presentes na parede , revestida por eles até sua metade.

O museu recebeu o nome de Museu da Família Colonial, que vai muito além dos limites das edificações. Fazem parte do complexo do museu: o Horto Botânico Edith Gäertner, a Biblioteca Pública Municipal Dr. Fritz Müller; o Arquivo Histórico José Ferreira da Silva; e a segunda casa, construída na década de 1920, que fora residência do sobrinho do fundador, Reinhold Gärtner, irmão de Viktor Friedrich Bruno Gärtner. Finalmente, a terceira e mais antiga edificação, não somente de Blumenau, mas do Vale do Itajaí, construída somente 8 anos depois da chegada da primeira leva de imigrantes alemães à região, foi encampada ao complexo do museu. A casa, que pertencera a Hermann Wendeburg, secretário de Blumenau, foi adquirida por Paul Schwarzer em 1880 e herdada por sua filha, Edith Schwarzer, casada com Otto Rohkohl. Sua filha, Renate Luise Rohkohl Dietrich, herdou a casa e fez doação do patrimônio à cidade de Blumenau em 1964, com direito a usufruto.

Antiga fotografia do local onde Renate  Luise estava sentada e o provável local na atualidade – casa de Reinhold Gärtner.

Após a partida de  Renate  Luise em 1997, o patrimônio foi incorporado ao complexo do museu, ou ao Patrimônio da Fundação Cultural de Blumenau.
Foi restaurada com apoio do Ministério da Cultura – Secretaria de Patrimônio, Museus e Artes Plásticas, Prefeitura Municipal de Blumenau e Fundação Cultural de Blumenau e entregue à comunidade em 28 de julho de 2003. Há 20 anos.
Seria muito bom conhecer, o que está no acervo do museu que pertencia à família Schwartzer/Rohkohl/Dietrich. Vimos alguma coisa da EFSC no ambiente do Mausoléu da Família Blumenau, sem identificação e nem sua origem. Onde está o acervo de Otto Rohkohl?

Material do acervo memorial da EFSC exposto no Mausoléu da Família Blumenau, sem identificação. Também existia uma réplica perfeita de um vagão ferroviário, que ficava exposta na casa de Reinhold Gärtner, um tempo atrás; não a vimos.

Renate Luise Rohkohl – Casada Dietrich

Assinatura de Rohkohl.

Renate Luise Rohkohl foi a filha mais velha de Johannes Otto Rohkohl e de Edith Anna Schwarzer. Seus pais se casaram em Blumenau, em 27 de novembro de 1909.
Seu pai, Otto Rohkohl, não migrou imediatamente para o Brasil. Fazia parte da equipe técnica que construiu a ferrovia Estrada de Ferro Santa Catarina EFSC.
Renate Luise Rohkohl nasceu em 29 de agosto de 1910. Sua irmã mais nova, Elise Siegrid Rohkohl, nasceu 6 anos depois, em 9 de maio de 1916. Sua mãe, Edith Anna, e sua irmã Elise Siegrid, faleceram na Alemanha e lá estão sepultadas.
Em 1930, Renate Luise foi para a Alemanha para estudar, e conheceu Werner Dietrich durante a viagem. Casaram-se no Rio de Janeiro, então capital do Brasil, antes do início da guerra, em 26 de maio de 1934. Renate e Werner mudaram-se para a casa da Rua das Palmeiras – Palmenallee, a mesma de seus avós e de Hermann Wendeburg. Nesse tempo, sua irmã e seus pais residiam na Alemanha.

Renate Luise, os pais Edith e Otto Rohkohl.

Não há informação se os Rohkohls se mudaram para a Alemanha durante o período da guerra ou o que aconteceu de fato, mas Edith e Elise não retornaram mais a Blumenau. Edith Anna faleceu em 6 de setembro de 1945, assim como Elise, no mesmo ano em que terminou a guerra. Em um site de genealogia é apresentada uma suposta filha de Elise, chamada Siegrid. Não há confirmação.
Em 1949, seu pai, Otto Rohkohl, então viúvo, migrou definitivamente para o Brasil. Até essa data, Rohkohl residia em Baeuerschestr.2, Blankenburg, Alemanha, país em que sua esposa Edith Anna foi sepultada. Também há lacunas de quando foi Cônsul Honorário da Alemanha em Blumenau e depois disso mudou-se para a Alemanha. Aparentemente, passou os anos do tempo da Segunda Guerra Mundial na Europa. Retornou ao Brasil com quase 70 anos de idade, viúvo, com sua família resumida de sua filha Renate Luise, que agora se assinava Dietrich. O casal Dietrich não teve filhos e, conforme citado, Werner Dietrich faleceu em 5 de setembro de 1955, restando na casa Renate Luise e seu pai, Otto Rohkohl.

Atestado de óbito de Edith Gärtner, faleceu aos 85 anos.

Viúva e na companhia do pai Otto Rohkohl, que também ainda se mantinha muito ativo, os dois continuaram residindo na casa construída em 1858.
Em Blumenau, Otto Rohkohl exerceu o cargo de primeiro gerente da Empresa Telefônica de Blumenau S.A. Foi diretor-conselheiro da Caixa Agrícola e Comercial de Blumenau (depois Banco INCO), membro do primeiro conselho do Hospital Santa Catarina, e em 1º de maio de 1914 assumiu o cargo de Cônsul Honorário da Alemanha em Blumenau, nomeado pelo Imperador Wilhelm II, confirmado em 1921 em título emitido pelo presidente Friedrich Ebert. Deixou o cargo depois de 25 anos de serviços permanentes.

Uma de suas pinturas óleo sobre tela. Faz parte do Museu de Arte de Blumenau, MAB.

Ainda na década de 1950, Renate Luise começou a trabalhar na Artex como desenhista Industrial. Não demorou muito, para se tornar encarregada da Sala de desenhos e criação, até que seu senso de bondade e responsabilidade não permitiu que continuasse no seu emprego.
Parou de trabalhar para cuidar de seu pai Otto Rohkohl e também, de sua vizinha Edith Gärtner, que não tinha família. Cuidou de Edith Gärtner até 15 de setembro de 1967 e do seu pai até 14 de agosto de 1969, quando faleceram respectivamente.

Lembramos que seu Opa Paul Schwarzer faleceu em 13 de abril de 1906, antes mesmo de conhecer seu pai, Otto Rohkohl e sua Oma, Mathilde von Knorring, que faleceu em 1919, deixando a casa para sua mãe, Edith Anna. Depois, com seu falecimento em 1945, a casa foi herdada por Renate Luise, que dela cuidou até o dia de sua morte, em 4 de dezembro de 1997.
Renate Luise Rohkohl está sepultada junto de seu pai Otto Rohkohl, no cemitério Luterano Centro – Blumenau.

A carismática Renate Luise Rohkohl Dietrich, sentada em uma das soleiras de porta da propriedade que pertenceu a Hermann Wendeburg, seu primeiro proprietário, e adquirida por seu Opa e Oma, em 1880. Fonte: Fundação Cultural de Blumenau – Arquivo Histórico José Ferreira da Silva.
Documento de casamento de Renate Luise e Werner Dietrich.

A Casa Wndeburg/Schwarzer/Rohkohl/Dietrich – 1858

Na residência de 1858, não há uma cozinha montada. Esta cozinha está na residência dos Gärtner. Quantos utensílios presentes neste acervo pertenciam a Renate Luise e sua família?

Casa tipologia de estrutura enxaimel do tipo evoluído em área urbana, com a presença do Daschgaube e o alpendre sobre a porta principal, voltado para a rua. Aberturas tradicionais usadas na região nesse período histórico, com a presença de bandeiras envidraçadas e composta de duas folhas de abrir, sendo as janelas igualmente envidraçadas. Cientes de que a casa ficou montada como era usada por Renate Luise, com a presença do mobiliário e objetos de decoração, ao visitar o local sentimos a ausência da cozinha em seu interior, em termos de museu, e também, falta de identificação dos objetos, entre os quais devam existir peças das famílias Schwarzer e Rohkohl.

A casa, tal como as casas urbanas e rurais no período de sua construção, apresentava o sótão preparado para uso, com a disponibilidade de mais ambientes; no entanto, este ambiente não tem acesso à visitação, importante para estudo e pesquisa.
O piso é de madeira de canela, pranchas largas, bem como a escada.
Está localizada na Rua das Palmeiras – Palmenallee.

A doação

Renate Luise Rohkohl Dietrich  oficializou em cartório a doação de sua residência, construída em 1858, para a Fundação Cultural de Blumenau dela fazer uso após seu falecimento, ocorrido em 1997. Então o patrimônio foi incorporado ao complexo do Museu da Família Colonial com parte do acervo de sua família. Isto explica as muitas peças relacionadas à EFSC presentes no local, como a perfeita maquete de um vagão daquela ferrovia, ao passo que pouca informação histórica há no museu sobre a família benfeitora.

As mulheres sempre estiveram presentes nos acontecimentos da cidade. Trabalhando no campo, no lar, nas fábricas, na educação, na cultura, na saúde e em outras atividades afins. Ela é a grande figura oculta ou visível. Um desses exemplos é a blumenauense Renata Luiza Rohkohl Dietrich, filha do engenheiro e Cônsul alemão em Blumenau Otto Rohkohl e Edith Rohkohl. Herdeira e moradora da mais antiga casa da Blumenau Colônia (1858), num gesto de consciência de preservação da memória da cidade, foi doadora do patrimônio que abriga uma das casas que constituem o Museu da Família Colonial. (Fonte: Arquivo Histórico José Ferreira da Silva / Fundação Cultural de Blumenau)

DIETRICH, Renata Luiza Rohkohl

Nasceu no dia 29 de agosto de 1918, em Blumenau. Os pais eram Otto Rohkohl da Silésia, da Alemanha e Edith Schwarzer de Blumenau.
O pai foi diretor e engenheiro da estrada de ferro de Blumenau, diretor da empresa Força e Luz de Blumenau e Cônsul da Alemanha em Blumenau.
Em 1930, foi até a Alemanha para estudar. Na viagem conheceu Werner Dietrich, com quem se casou em 1934, no RJ. Em 1953 faleceu o senhor Werner e D. Renata passou a trabalhar na fábrica da Artex, como desenhista Industrial e encarregada da Sala de Desenhos. Depois de trabalhar anos na Artex, saiu para cuidar de seu pai e de uma amiga e vizinha, Edith Gaertner que faleceu em 1964, seu pai faleceu em 1969.
O grande mérito de D. Renata está na doação que fez à cidade de Blumenau em 1964, quando oficializou em cartório a doação de sua residência construída em 1858, para a Fundação Cultural de Blumenau fazer uso após seu falecimento.
D. Renata faleceu dia 4 de dezembro de 1997 em sua residência na Alameda Duque de Caxias. VER – Jornal de SC do dia 5 de dezembro de 1997, pág. 4-b. (Amigos prestam homenagem no velório de D. Renate) Fonte: Arquivo de Blumenau

Interior da Casa Wndeburg/ Schwarzer/Rohkohl/Dietrich – 1858

Aparentemente a casa não representa a Residência de Renate Luise Rohkohl, uma vez que a mesma está desprovida de cozinha, mas alguma coisa deve ser do acervo doa à municipalidade.

No interior há um pequeno quadro que conta um pouco desta história a partir de um texto com a fonte no tamanho 12 ou 14.

Objetos expostos no museu, da família Rohkohl e também de outras famílias que doaram partes de sua história, desprovidos de identificação de sua origem e história.

“Trabalhamos juntas na Artex no final da década de 1960. Era uma senhora muito fina.” Zilair Schöpf

Um Registro para a História.

Referências

  • Centenário de Blumenau. 1850 – 2 de setembro – 1950. Edição da Comissão de festeiros. Blumenau, 1950. Administração Frederico Guilherme Buch.
  • GERLACH, Gilberto Schmidt. Colônia Blumenau no Sul do Brasil / Gilberto Schmidt-Gerlach, Bruno Kilian Kadletz, Marcondes Marchetti, pesquisa; Gilberto Schmidt-Gerlach, organização; tradução Pedro Jungmann. – São José: Clube de Cinema Nossa Senhora do Desterro, 2019. 2 t. (400 p.): il., retrs.
  • HUMPL, Max. Crônica do vilarejo de Itoupava Seca: Altona: desde a origem até a incorporação à área urbana de Blumenau; Méri Frotscher Kramer e Johannes Kramer (orgs.). – 1.ed. – Blumenau (SC): Edifurb, 2015. – 226 P.: il.
  • KORMANN, Edith. Blumenau: Arte, Cultura e as Histórias de Sua Gente. Volume IV. Apoio fundação Catarinense de cultura. Blumenau, 1996.
  • SANTIAGO, Nelson Marcelo. ACIB – 100 anos Construindo Blumenau. Blumenau. Editora Expressão, 2001. 204p il.:
  • SILVA, José Ferreira. História de Blumenau. -2. ed. – Blumenau: Fundação “Casa Dr. Blumenau”, 1988. – 299 P.
  • SILVA, Mariana Girardi Barbosa. Musas, Deusas, colecionismo e Educação: As práticas museológicas e o Museu da família Colonial. Páginas 75 até 93. Blumenau em Cadernos. T 52. 6 de novembro/dezembro. Blumenau, 2011.
  • VIDOR, Vilmar. Arquitetura, cultura e identidade local. Revista de Divulgação Cultural. Universidade Regional de Blumenau – FURB. n.58. p.47-50. Maio 1995 – Abril de 1996
  • VIDOR, Vilmar. Industria e urbanização no nordeste de Santa Catarina. Blumenau: Ed. da FURB, 1995. – 248p.: il.
  • WETTSTEIN, Phil. Brasilien und die Deutsch-brasilieniche Kolonie Blumenau. Leipzig, Verlag von Friedrich Engelmann, 1907.
  • WITTMANN, Angelina. Centro histórico de Blumenau – Stadtplatz – Ontem e Hoje. 1 de março de 2015. Disponível em: https://angelinawittmann.blogspot.com/2022/02/correspondencia-oficial-25-de-fevereiro.html.
  • WITTMANN, Angelina. Correspondência Oficial – 25 de fevereiro de 1876 – Hermann Bruno Otto Blumenau – com Palavras Ásperas. 6 de fevereiro de 2022. Disponível em: https://angelinawittmann.blogspot.com/2022/02/correspondencia-oficial-25-de-fevereiro.html
  • WITTMANN, Angelina. Fritz e Hermann – Dois Personagens da História de Santa Catarina. 14 de novembro de 2014. Disponível em: https://angelinawittmann.blogspot.com/2014/11/fritz-e-hermann-dois-personagens-da.html
  • WITTMANN, Angelina. Hermann Bruno Otto Blumenau – Primeiro Negociante de Terras no Vale do Itajaí. 2 de fevereiro de 2019. Disponível em: https://angelinawittmann.blogspot.com/2019/02/hermann-bruno-otto-blumenau-primeiro.html
  • WITTMANN, Angelina. História – Blumenau SC. 29 de agosto de 2018. Disponível em: https://angelinawittmann.blogspot.com/2019/02/hermann-bruno-otto-blumenau-primeiro.html
Sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
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