Resiliência Trans: iniciativa em Blumenau acolhe pessoas transexuais, travestis e não-binárias
ONG oferece apoio profissional, financeiro e de cestas básicas a pessoas trans em vulnerabilidade social
Acolher. Este é, de fato, o maior objetivo da iniciativa de Maria Luiza Fonseca, Alice Alves Machado, e outras mulheres, homens e não-binários transexuais de Blumenau, ao criarem a ONG Resiliência Trans. A instituição, que teve início em junho de 2020, atendeu até o momento oito pessoas com apoio psicológico, jurídico e com doações de alimentos e dinheiro.
Em um momento pandêmico, cresceu o número de pessoas que estão em situação de vulnerabilidade social. Para as pessoas transexuais, travestis e não-binárias o cenário se agravou. “As lacunas, após a pandemia, se aprofundaram ainda mais para nós, pessoas trans, que estivemos sempre em um afastamento da sociedade”, explica Alice Machado, artista, atriz, co-criadora da ONG e transativista de Blumenau.
O difícil acesso ao mercado de trabalho, poucas oportunidades de estudo, evasão escolar, preconceito e um difícil acesso a espaços públicos são alguns dos vários fatores que vulnerabilizam a comunidade trans em Blumenau. O objetivo é o de ajudar, mesmo que minimamente, pessoas a superarem essas lacunas.
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“Às vezes, infelizmente, não conseguimos ajudar por conta da falta de verbas. Queremos que isso mude e essa ideia transcenda e acolha mais pessoas com uma realidade difícil e dura”, conta Alice. A identidade das pessoas não são divulgadas pela ONG, buscando sempre a segurança daqueles que precisam.
A Resiliência Trans, por ser nova, não tem um local ou sede, funcionando de forma completamente online pelo Instagram oficial do projeto (@resilienciatrans). No momento, a diretoria está passando por uma reconfiguração e novos projetos estão sendo produzidos.
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O sonho do coletivo é ter um dia um espaço de acolhimento que possa funcionar como um lar temporário para as pessoas transexuais, travestis e não-binárias de Blumenau e região.
Resistir para existir
“Nós, basicamente, precisamos lutar sempre de luto”, é assim que Alice Alves Machado começa sua fala ao lembrar do cenário brasileiro para as pessoas LGBTQI+. Um momento em que o retrocesso está retirando direitos e naturalizando o preconceito. “O Brasil é o país que mais mata pessoas transexuais no mundo, precisamos falar dessa realidade”, conta a blumenauense.
Segundo estudo independente da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), apenas nos dois primeiros meses de 2020 o Brasil apresentou um aumento de 90% no número de casos de assassinatos de pessoas trans em relação ao ano anterior, mesmo a LGBTFobia sendo crime, previsto por lei
“O Brasil está vivenciando um momento onde há tranquilidade para essas pessoas nos xingarem e serem preconceituosas. Mas não é só isso, já recebi até mesmo ameaças de morte via Inbox, eles se sentem confortáveis em nos odiar”, explica Alice.
A rotina da transativista é baseada em luta, resistência e a resiliência de sempre continuar por aqueles que não podem. O coletivo serve para suprir a lacuna que muitos locais de apoio profissional público ou privado não preencheram, e sim auxiliam, direta ou indiretamente, no aumento dessas violências.
Políticas públicas excludentes
“Eu já passei por uma violência em um posto de saúde. Por conta do meu nome social, que não foi respeitado, criou-se toda uma situação onde os funcionários me xingaram”, conta Alice Machado. Essas experiências são somadas a vários outros relatos de preconceitos vividos em espaços públicos que deveriam acolher a população LGBTQI+.
Alice afirma que as políticas públicas de Blumenau ainda contêm muitos preconceitos institucionais e que não abraçam as minorias, pelo contrário, afastam as pessoas trans de receberam um auxílio. “Essas políticas não respeitam nossos nomes, nossa identidade de gênero e nos afastam. Essas políticas públicas não são pensadas e criadas para abranger as pessoas trans”, explica.
Por essas e outras questões, a ONG foi criada. Para colocar as pautas das pessoas trans como prioridade e auxiliar, acolher e apoiar aqueles que estão vulneráveis em um momento tão difícil.
Como ajudar o Resiliência Trans?
A ONG Resiliência Trans funciona de duas formas: o acolhimento profissional e a ajuda por meio de doações. A parte de acolhimento é feita por meio de profissionais aliados, que querem ajudar na causa por meio de trabalho voluntário para aqueles que precisam.
No momento, o coletivo tem ajuda de um psicólogo e apoio jurídico. Caso seja um profissional como médico, advogado, assistente social e outras áreas de saúde e assistenciais e queira ajudar, basta entrar em contato via Inbox do Instagram oficial do coletivo. Empresários que estejam com novas vagas em sua empresa e tem interesse em contratar pessoas trans também podem ajudar na causa.
Já para as doações, você pode entrar em contato com a ONG doando cestas básicas ou alimentos não perecíveis. Doações em dinheiro podem ser feitas via transferência bancária para a conta do Nubank de uma das criadoras do projeto ou via pix, a chave é: mallufonseca@outlook.com, qualquer valor é bem vindo.
Conta Nubank:
Nome: Maria Luiza Fonseca da Silva
Banco: 260
Agência: 0001
Conta: 9638064-1
CPF: 094.292.859-80
Chave PIX: mallufonseca@outlook.com
Como receber ajuda?
Caso você seja uma pessoa trans e esteja em situação de vulnerabilidade social, basta entrar em contato com o projeto pelo Instagram, assim é feito o cadastramento para que, assim que novas doações sejam feitas, a pessoa seja ajudada. A identidade, idade ou qualquer informação pessoal não é divulgada.