Rock in Blu solidário arrecada mais de R$ 8 mil para tratamento de criança com câncer de Blumenau
Evento foi em prol do tratamento de Leucemia Linfoide Aguda da pequena Laura Campos Calandra
A 4ª edição do Rock In Blu arrecadou R$ 8,5 mil para a pequena Laura Campos Calandra, de nove anos. O evento foi em prol do tratamento de Leucemia Linfoide Aguda da menina.
O Rock in Blu aconteceu neste domingo, 16, na Box Club, localizada na rua São Paulo, bairro Victor Konder.
Entre as atrações do evento estavam: Tardis Rock, Pink’s Song, Baywatch Hot Stars, Foo Flyers e Nomade.
A vida de Laurinha
Laurinha, como é chamada carinhosamente, foi diagnosticada com Leucemia Linfoide Aguda (LLA) pela primeira vez em 2021, quando tinha sete anos. A doença é um tipo de câncer que afeta as células do sangue, e é muito comum acontecer em crianças.
A LLA acontece quando um tipo de célula responsável pela defesa do organismo sofre uma mutação na medula óssea por algum erro no DNA. Esse dano gera um linfoblasto que não amadurece e, por isso, não se transforma em uma célula sanguínea funcional, e isso acaba fazendo com que as células saudáveis da medula óssea acabem morrendo.
Entre os sintomas da doença estão fraqueza, sangramentos, febre, gânglios aumentando, aumento na região esquerda do corpo (baço). Além disso, manchas roxas pelo corpo também são um sintoma muito presente e foi através desse fator, que a família de Laurinha entrou em alerta e resolveu procurar um médico.
Durante os exames, foi constatado que Laura estava com anemia, e que possivelmente, seria também uma leucemia. Com cerca de 30% do câncer desenvolvido no corpo da pequena, o tratamento com quimioterapia logo começou, e longos nove meses depois, Laurinha estava livre do câncer.
Contudo, as comemorações logo acabaram, quando cerca de quatro meses depois, veio o segundo diagnóstico avisando que o câncer havia retornado, e que dessa vez, a única possibilidade de cura seria um transplante de medula óssea.
Então a família mudou temporariamente para Curitiba, onde começou um novo tratamento no Hospital Erastinho, referência em transplantes de medulas. Lá, Laura fez mais quimioterapias e sessões de radioterapia para “destruir” a medula, e poder receber a nova. Com uma compatibilidade de 50%, o pai de Laura, Emiliano Rodrigo Calandra, foi o doador, e em 40 dias, a medula já estava trazendo resultados positivos.
Mas duas semanas depois, no começo de 2023, o câncer havia retornado pela terceira vez, e dessa vez, estava afetando a medula nova, e não haveria mais como continuar as quimioterapia e realizar outro transplante, já que cada vez que a doença volta, se torna mais agressiva, tornando o tratamento mais pesado. Além disso, como a Laurinha já havia tido o câncer duas vezes, ela não aguentaria todos os ciclos de quimioterapia, novamente.
A família, focada em não desistir, procuraram alguma solução. O que os médicos sugeriram, primeiramente, foram cuidados paliativos, onde as dores causadas pela doença seriam diminuídas com remédios e morfina, e não seria feito mais nenhum tratamento para impedir o câncer de avançar, e isso daria algumas semanas ou meses de sobrevida, sem tanto sofrimento físico.
Após essa conversa, os médicos trouxeram mais uma opção: o CART-T. O tratamento, que consiste em modificar geneticamente as células do paciente e depois injetá-las de volta, serve para tentar uma cura sem quimioterapia.
Por conta disso, o hospital entrou em contato com o Hospital Das Clínicas de Ribeirão Preto, de São Paulo, onde é realizado o estudo do tratamento, e contaram sobre o caso da Laurinha. Como a pequena atendia todos os requisitos para o estudo e tratamento, a família viajou até SP, para coletar as células de Laurinha.
Enquanto esperam o resultado para poderem continuar o tratamento, Laura fez um ciclo de quimioterapia para “segurar” o câncer. Contudo, o tratamento ainda está em estudos no Brasil e foi aprovado pela Anvisa recentemente, por isso o Sus não cobre os custos que chegam a R$ 2,5 milhões, devido a internação que dura cerca de 20 dias. Mas como Laurinha irá participar da pesquisa, o estudo irá cobrir os custos, e a família não terá que pagar nada.
“A doença mudou nossa vida”
Os últimos anos foram muito desafiadores para a família de Laura, e o pai Emiliano e a mãe Flávia de Almeida Campos, tiveram a vida virada de cabeça para baixo. Todo o tratamento foi muito agressivo para Laura, ela teve enjoos, dores, precisou ser internada muitas vezes, precisou deixar de ir à escola, não poder ter contato com amigos e colegas, teve muitas restrições, que pioraram após os tratamentos.
Além disso tudo, como o tratamento afetou muito Laurinha, ela acabou perdendo a força nos membros, e agora não consegue mais andar, nem ficar mais de pé, pois ficou muito debilitada. Ela segue fazendo fisioterapia para poder voltar a ter coordenação motora e poder andar novamente.
“Muitas restrições eram coisas simples, pequenas, mas que pra uma criança certamente fazem a diferença. Além das crises de ansiedade e pânico que hoje estão mais controladas, com medicação. Isso afetou bastante o emocional dela, além de perder os cabelos… Aprendemos como a vida é frágil e que a doença não escolhe rico, pobre, criança ou adulto, ela simplesmente aparece. É uma doença muito pesada, com toda a carga emocional que ela traz, e além da doença, tínhamos a pandemia, o que dificultou também alguns aspectos, com mais cuidados.”, explicou o pai de Laurinha.
Como ajudar
Agora, a única chance de cura que Laurinha tem, atualmente, é o CART-T. Como a doença retorna cada vez mais forte, as doses de quimioterapia e/ou radioterapia devem ser mais fortes também, e ela não tem mais condições físicas de aguentar esse tratamento, por isso o tratamento em estudo seria a melhor opção para ela.
Como o tratamento da pequena foi muito pesado para todos, os pais precisaram parar de trabalhar para conseguir acompanhar todo o tratamento, e custear todos os tratamentos, fisioterápicos, dentista, remédios, médicos, nutricionistas, psicólogos e muitos outros tratamentos e além dos futuros professores particulares de Laurinha, está muito pesado lidar com tudo.
Por conta disso, e sensibilizados com toda a situação, os organizadores do festival de bandas de Blumenau, Rock In Blu, resolveram realizar uma edição menor do evento, para custear e ajudar a família. Como Emiliano também é músico, a iniciativa surgiu de forma natural. Todo o valor arrecadado no evento será dado para a família para ajudar no que eles precisarem.
Além disso, a família também tem uma vaquinha para arrecadação de dinheiro, é possivel doar através do link https://www.vakinha.com.br/3553184, ou através do PIX, pelo telefone (47) 99203-8743, sob o nome de Emiliano.