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“Não estou preocupado com o andamento da BR-470 por falta de recursos”

Superintendente do Dnit, Ronaldo Carioni Barbosa mantém previsão de entregar "uma amostra da duplicação" neste ano

Os recentes cortes no orçamento da BR-470 para 2018 geraram incerteza sobre a capacidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) de manter o ritmo da duplicação.

Na terça-feira, o órgão havia afirmado que o cronograma de trabalhos não seria afetado porque há a expectativa de recuperar parte do dinheiro cortado. Nesta quinta, o portal NSC Total informou que as obras no lote 1, em Navegantes, estariam desacelerando devido aos cortes no orçamento.

A reportagem do Município Blumenau entrevistou Ronaldo Carioni Barbosa, do Dnit, na manhã desta quinta-feira. Ele garante que o problema no lote 1, em Navegantes, é pontual, pode ser recuperado rapidamente e está otimista com o andamento dos trabalhos nos demais lotes, entre Ilhota e Indaial.

Carioni manteve a previsão de liberar no fim deste ano oito quilômetros de duplicação no lote 2, na região de Gaspar. Seria uma “amostra” da obra que, para ele, poderia ser totalmente concluída em três anos. Se o governo federal liberasse o dinheiro necessário, claro.

O Município Blumenau – Qual a situação da duplicação da BR-470? Os cortes geraram prejuízo ou não?

Ronaldo Carioni Barbosa – Prejuízo é um negócio meio complexo de dizer se tem ou não tem. Há um certo prejuízo, só que vai ser recuperado. Em 2018, só os lotes 1 e 2 dependem de orçamento. O lote 3 tem recurso (R$ 27 milhões) até o final deste ano, e o lote 4 até o final de 2019. As empreiteiras não conseguem investir R$ 60 milhões antes do fim de 2019.

Porque não estão prontas as desapropriações?

Não, além das desapropriações, a empresa está começando agora no lote 3. No 4 está se mobilizando, até engrenar o serviço e chegar onde gasta mais, que é na parte de pavimentação, já virou para 2020. Então, nós estamos tranquilos. Em princípio não vai ter problema nesses dois lotes. A questão são só os lotes 1 e 2.

Com essa crise do caminhoneiro, essa questão da liberação das emendas, que foi difícil o governo liberar para nós… Aí o que aconteceu: eu conversei com os consórcios, fazendo um trabalho de acreditar no Dnit Santa Catarina. Aí eu falei, falei, falei… O lote 2 acreditou na gente, acreditou na bancada, no ministro, que garantiu que os recursos viriam. No caso da BR-470, vieram R$ 50 milhões em emendas (a rodovia tem outros R$ 50 milhões em emendas orçadas ainda não liberadas). No lote 1, eles não acreditaram muito. Como tem duas empresas no consórcio em recuperação judicial, eles não quiseram arriscar, investir e não receber.
Tinha uma discussão interna na empresa, aí eles deram uma segurada. E o recurso veio! Só que aí passou a ter problema interno. Exemplo: para uma das três empresas fazer um certo serviço, precisa que a outra tenha feito outro antes. E essa empresa não estava fazendo. Tava meio desengrenado. Nós aparamos as arestas, e agora resolvemos esse problema, que é interno. O ritmo da obra vai voltar ao normal. As demissões que aconteceram (nas empresas do lote 1) é porque determinado serviço terminou. Aí começa outro tipo de serviço. Normal.

A gente resolveu questão de obra. Não vai ter dano. O prejuízo que teve momentaneamente vai ser recuperado. Hoje, com o recurso que foi liberado, a gente consegue trabalhar tranquilamente, em ritmo normal, até o início de outubro. Já tem um compromisso do ministro de no início do mês que vem liberar o restante das emendas. Então assim: eu não estou preocupado com o andamento da obra por causa de recursos. Não tem nada a ver, a empresa tem que focar no trabalho.

No lote 1, havia a expectativa de entregar um bom pedaço neste ano ainda. Com isso, haverá adiamento?

Eu não consigo dizer para a sociedade catarinense assim: ‘vou conseguir fazer!’. A gente vai trabalhar para entregar. Tem uns probleminhas que atrasam um, dois meses. É igual reforma na nossa casa. Se a gente não conseguir entregar até dezembro, mesmo assim já vai estar bem avançado.

Tem algum trecho da rodovia que vai ser entregue este ano ainda?

Estamos trabalhando para liberar oito quilômetros contínuos até dezembro. O planejamento é virar 2019 com oito quilômetros duplicadinhos, prontinhos, uma amostra do que vai ser a nossa BR-470 duplicada.

Isso no lote 2?

No lote 2. É um segmento entre Gaspar e Blumenau.

Quais as chances de recuperar parte do dinheiro cortado do orçamento para 2018?

Orçamento, eram R$ 45 milhões. Mais R$ 100 milhões de emendas. Dos R$ 45 milhões, eles tiraram R$ 23 milhões. Esses nós vamos buscar recuperar no fim do ano. Eu falei até para a bancada: “Vamos solucionar as emendas, porque emenda vocês sabem que não é obrigação liberar. O governo pode dizer que não tem recurso e não libera. Aí depois a gente briga pelos R$ 23 milhões orçamentários, que são mais fáceis. Eu consigo mostrar no fim do ano quem não executou orçamento nos outros estados, aí o ministro consegue me devolver esse dinheiro.

O Vale do Itajaí pode ter esperança de ver a rodovia duplicada em quanto tempo?

Nós queremos fazer as empresas trabalharem. Só assim eu consigo dizer para o ministro dos Transportes: “Ó, Santa Catarina tem capacidade de investimento. Mande dinheiro para nós”. Principalmente orçamento em 2019, para que a gente possa avançar bem mais. Eu tenho em mente que nós conseguimos fazer as obras em três anos. “Ah, mas é muito dinheiro!”. Mas o governo federal vai ter que mandar pra nós. Eles só não mandam porque não acreditam, né, cara? Vocês aqui da região de Blumenau: quem acredita que o Dnit ia fazer alguma coisa, do jeito que as coisas vinham acontecendo aqui? Nós mudamos gestão. É possível fazer. Basta mandar dinheiro pra nós que a gente vai executar.