Saiba como está hoje em dia e por onde anda primeira mulher negra a ser eleita Miss Blumenau
Tânia de Souza Rodrigues venceu o concurso em 1999
Tânia Rodrigues, hoje com 42 anos, atuava nos anos 90 como modelo e manequim em Blumenau. No ano de 1996, de forma histórica, ela recebeu o título do concurso Miss Negra Catarinense aos 16 anos. Na ocasião, foi a primeira vez que uma indicada por Blumenau venceu o concurso.
Após o sucesso na competição, a modelo recebeu um convite para disputar o Miss Blumenau de 1999. Além de ser o destaque da disputa, Tânia venceu o concurso, vindo a se tornar a primeira negra da história a obter o título. Atualmente, ela mora em Florianópolis e atua como secretária executiva.
Miss Negra Santa Catarina
Tânia nasceu em Curitiba, no Paraná, mas depois de um tempo se mudou para Blumenau, cidade onde seus pais vivem até hoje. Quando completou 16 anos, a jovem participou de um concurso escolar que seria julgado por pessoas da secretaria do Turismo e pessoas influentes no mundo da beleza e da moda.
Com o bom desempenho no concurso, Tânia foi convidada para competir no Miss Negra de Santa Catarina no ano de 1996, representando a cidade de Blumenau. Ela relembra que aceitou o convite por incentivo da família, em especial de sua mãe.
“Havia bastante meninas e fiquei surpreendida pelo convite. Naquela idade, tudo soava como brincadeira, sonho de criança. Eu não imaginava que chegaria tão longe. Para competir tive ajuda do colégio, do pessoal da secretaria, maquiadores e estilistas. Foi ali que o grande sonho de ser modelo começou”, relembra.
Disputando a faixa com 11 candidatas, era a primeira vez que Blumenau participava do concurso. O evento aconteceu na Liga das Sociedades, em Joinville, no dia 17 de agosto de 1996. A promoção contou com o apoio da Secretaria de Turismo e da estilista indaialense Aster Scheid.
“Havia coisas que faziam ela se destacar. Postura, passarela e beleza era um desses pontos. Na ocasião, fui responsável por fazer os vestidos para a competição”, diz a estilista.
Miss Blumenau
Tânia não só competiu como foi a vencedora do concurso com destaque. Após vencer, recebeu um convite de uma agência de modelos. Ela conta que, na época, não existiam tantas modelos negras no cenário e que, após vencer o título de Miss Negra Santa Catarina, começou a ser notada no mundo da beleza.
“Recebi muitos convites para desfiles, catálogos na área têxtil e fui despontando. Quando de repente, essa mesma agência na qual eu trabalhava começou a realizar o concurso de Miss Blumenau. Me veio o convite, mas de primeiro momento relutei e recusei”, diz.
Tânia conta que a dificuldade do concurso assustou, e que a falta de representatividade negra nos concursos da região também foi um empecilho inicial.
“Eu não via mulheres negras competindo em Blumenau, para mim, isso era impossível, além do meu alcance. Fiquei com medo da exposição. No primeiro ano eu recusei, mas no segundo ano eu topei e deu certo”, lembra.
Após o título, competiu no Miss Santa Catarina representando Blumenau e ficou em quinto lugar. Porém, diz que após vencer o título, a importância desse universo acabou perdendo o sentido e a importância.
“Eu faria tudo novamente, mas gostaria que fosse nos tempos de hoje. Falo no sentido de aceitação racial. Sofri ataques na época, não diretamente, mas sentia olhares de reprovação. Porém, também havia pessoas que me apoiavam, que torciam por mim”, afirma.
Vida nova
Nos anos 2000, Tânia se mudou para Florianópolis. Na cidade, foi convidada para ser dançarina de uma banda de pagode. “Passei uma temporada passando por shows e acabei não voltando mais para Blumenau. Só voltei para visitar familiares”, diz Tânia.
Ela relembra que não só fez sucesso como dançarina, mas como também se aventurou no mundo carnavalesco da “Ilha da Magia”. “Já fui rainha e princesa de carnaval na cidade. Foi muito legal”.
Além de viver há mais de 20 anos em Florianópolis, a ex-modelo atua como secretária executiva. Alegando estar bem, Tânia diz que tudo no mundo evoluiu e que, de certa maneira, espera que a sua história seja inspiração para outras futuras misses negras.
“Quando contamos a história recordamos o que foi vivido. Quem não sabe da minha história agora vai saber e quem já sabe vai recordar”, finaliza a ex-modelo.
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