Saiba como foi o debate entre os candidatos a prefeito de Blumenau

Todos os 12 postulantes fizeram perguntas entre si para debater propostas

O jornal O Município Blumenau realizou o último debate entre os candidatos à prefeitura de Blumenau nesta quinta-feira, 12. Todos os doze candidatos participaram do encontro: Ivan Naatz (PL), Ana Paula Lima (PT), Odair Tramontin (Novo), Mário Hildebrandt (Podemos), João Natel (PDT), Débora Arenhart (Cidadania), Georgia Faust (PSOL), Jairo Santos (PTRB), Wanderlei Laureth (Avante), Mário Kato (PCdoB), Ricardo Alba (PSL) e João Paulo Kleinübing (DEM).

O evento, que foi planejado de forma presencial, foi realizado virtualmente por conta da pandemia de Covid-19. Na última semana, os candidatos Ivan Naatz e Dr. Natel testaram positivo para o vírus.

O debate foi mediado pelo editor-chefe de O Município Blumenau, Cristóvão Vieira, e teve quatro blocos. Nos três primeiros, os candidatos puderam fazer perguntas diretas livremente, sem tema pré-definido. No último, eles deram suas considerações finais.

Assista ao debate na íntegra

Confira os principais momentos

O primeiro bloco começou com o candidato Ivan Naatz questionando Ana Paula Lima sobre a opinião dela sobre o governo Bolsonaro. A petista afirmou que não analisaria um governo ao qual tem uma série de críticas, mas manteve a posição de que a população está sofrendo com o preço de produtos como arroz, óleo e gasolina. Ela comparou o período em que seu esposo, Décio Lima, também do PT, foi prefeito de Blumenau. Na época, Fernando Henrique Cardoso era presidente. Portanto, ela acredita que não teria problema em governar a cidade mesmo discordando da ideologia do executivo federal.

Ana Paula, por sua vez, escolheu o prefeito Mário Hildebrandt para responder uma pergunta sobre a participação da população nas decisões do município e a transparência. O candidato citou aplicativos como o Pronto Mobile e Cidade Jardim para a questão da conexão com os eleitores e o controle de recursos por meio do fluxo de caixa e a Controladoria de Transparência, que monitora e acompanha as ações da prefeitura.

Mário então questionou Débora Arenhardt sobre quais as propostas da candidata para a mobilidade urbana, especialmente envolvendo as pontes que cruzam o rio Itajaí-Açu e os quatro grandes ribeirões da cidade. A candidata, por sua vez, argumentou que considera questões como o esgoto a céu aberto presente em Blumenau mais importantes do que a construção de pontes.

A candidata do Cidadania então questionou Dr. Natel sobre a qualificação de professores em instituições públicas, para que eles não precisem bancar os estudos. O ex-reitor da Furb então mencionou como o sistema de ensino superior da cidade é superior, por ter três universidades públicas. Ele então lembrou que seu plano de governo inclui graduação e pós graduação gratuita para professores, além de defender o ensino em tempo integral, valorização dos professores e vínculo forte com pais e comunidade.

O médico então retomou a questão das pontes com João Paulo Kleinübing. O ex-prefeito reforçou sua proposta de construir uma ponte da rua Rodolfo Freygang em direção à rua Chile, que seria prolongada e daria em um binário na rua República Argentina. “Essa duplicação continua obrigando as pessoas a darem a volta para chegar na Ponta Aguda”, argumentou.

Kleinübing questionou a candidata Geórgia Faust sobre as propostas do PSOL para o transporte coletivo. Ambos concordam que o pagamento de R$ 8 milhões da prefeitura para a Blumob é equivocado. A candidata então criticou o preço da passagem, que ela considera abusivo, e prometeu reduzir progressivamente o valor até chegar à Tarifa Zero. Ela também mencionou a reforma de praças, calçadas, terminais de ônibus, expansão da malha cicloviária e bicicletários, além de aluguel de bicicletas.

A candidata então perguntou para Mário Kato sobre a remuneração dos profissionais de educação e sucateamento das escolas. O médico então mencionou o aumento no investimento em urbanismo, que foi muito mais alto do que da educação. Ambos concordaram que a cidade investe apenas em carros, e não nas escolas. Ele mencionou então os projetos de contraturno com cultura, esportes, lazer e reforço pedagógico. Além da estruturação de apoio tecnológico para os professores e concurso público para os professores que são honorários.

O médico direcionou sua pergunta para Ivan Naatz, questionando o deputado sobre suas propostas para saúde. Diferente de Kato, que defende a construção de postos de saúde para fortalecer a saúde básica, o candidato do PL acredita que a cidade tem uma boa estrutura hospitalar, mas faltam recursos para manter a estrutura existente. Ele quer fortalecer os hospitais existentes e manter Blumenau uma cidade forte.

Foi a vez então de Ricardo Alba direcionar sua pergunta e ele escolheu o candidato Wanderlei Laureth. O deputado mencionou a desvalorização dos professores ACTs e questionou a política do candidato do Avante para a categoria. Laureth então falou sobre a importância de investir em educação, lançar novos concursos para ACTs e investir em período integral com mais cursos, cultura, ciência e tecnologia.

Laureth questionou Odair Tramontin sobre a oportunidade de ter condenado um dos candidatos presentes na live quando foi promotor, no que o candidato do Novo explicou que não tinha essa atribuição e fez o que estava em seu alcance, mencionando seu histórico de combate à corrupção.

Tramontin, por sua vez, selecionou Jairo Santos para questionar o que ele faria pela educação. Jairo, que foi aluno de Odair, falou que valorizaria a educação começando de casa, pela família. Ele tem como proposta construir a primeira escola cívico militar de Blumenau, para que as crianças “entendam a importância de amar a pátria, se emocionar com as belezas do Brasil, compreender a cultura e os valores familiares e cristãos”, argumentou.

Por fim, Jairo questionou Alba sobre os planos para o turismo, no que o deputado mencionou os R$ 28 milhões que enviou para a construção do Centro de Eventos e obras como o balizamento do Aeroporto Quero-Quero e a reforma da Prainha. Ele também criticou o que considera uma subutilização da Vila Germânica e prometeu investir no turismo náutico e ecológico.

Destaques do segundo bloco

O segundo bloco teve início com a pergunta de Odair Tramontin para Ricardo Alba, que questionou o que o deputado fará para combater a corrupção no futuro, mencionando casos recentes do governo atual. Alba então citou as investigações da prefeitura no Ministério Público e Tribunal de Contas. Para ele, a solução é digitalizar serviços que hoje são feitos por pessoas e reduzir a máquina pública, investindo ainda mais em fiscalização.

O candidato Ricardo Alba questionou o ex-prefeito João Paulo Kleinübing sobre o contrato da Odebrecht oficializado em 2012 durante seu governo. Kleinübing explicou que o contrato foi fruto de uma licitação em uma época que apenas 4% do esgoto era coletado e tratado na cidade. Sobre as altas taxas, ele justificou que a taxa de esgoto era mais barata que a de água quando ele saiu do governo. Ele ainda reforçou que o contrato precisa ser revisto para ser mais eficiente.

Kleinübing, por sua vez, questionou Mário Hildebrandt sobre por que ele não retomou as escolas em tempo integral, como ele havia implantado em seu governo. Na sua opinião, o atual prefeito fugiu da resposta, mencionando investimentos na educação, valorização dos professores e levantamento de concursos públicos para após o período de pandemia.

Mário direcionou sua pergunta para Jairo Santos, perguntando como ele pretendia otimizar recursos para atender as áreas prioritárias, mencionando a saúde, a educação, a assistência social e a mobilidade urbana. O candidato do PRTB respondeu dizendo que seria fazendo “tudo diferente do que o senhor tem feito”, afirmando que o prefeito deixou as obras para o final do mandato para angariar votos.

Em sua vez, candidato Jairo Santos questionou Ivan Naatz sobre como faria as obras de forma diferente, mais baratas e sem corrupção. Em resposta, Naatz falou sobre a forma de plano estratégico da cidade, criticando planos de candidatos que não seguem planos de governos anteriores. “Precisamos terminar o que começamos, ao invés de inventar obras como a ponte Adolfo Konder. Isso é dinheiro jogado fora”, opinou.

Ivan Naatz escolheu o candidato Odair Tramontin para falar sobre a opinião sobre a velha política e questionou a sua importância política. O promotor público afirmou que não tem tal importância, mas sim “uma trajetória de mais de 22 anos como servidor público e professor da Furb, e por isso conheço como funciona a máquina pública”. Ele também afirmou que acredita que Blumenau não perdeu o protagonismo, mas apenas uma liderança forte.

Com o fim do ciclo, Odair escolheu Ana Paula, que levou um questionamento para Wanderlei Laureth. Ela o questionou sobre as ações para combate da pandemia, tanto na questão da saúde quanto da economia. Laureth opinou que a economia precisa ser reativada com a ampliação da testagem, para que as pessoas possam voltar a trabalhar. Ele relatou que foi atendido no AG do Garcia pois estava com Covid-19 e foi “tratado como lixo”.

Mantendo o assunto de saúde, ele questionou a candidata Debora Arenhardt sobre a proposta do Cartão Saúde Blumenau, que é uma parceria público privada para otimizar os atendimentos. Ela confirmou que há verba para realizar o projeto, pois não irá gerar mais despesas, só é necessário aplicar o dinheiro “de forma correta”.

Em sua pergunta, a candidata questionou Geórgia Faust sobre a visão do PSOL sobre a mobilidade urbana e descentralização de Blumenau. Geórgia concordou com a necessidade de focar nos bairros, trazendo opções de lazer, comércio e parques em toda a cidade, e não apenas no Centro. Ela também reforçou a necessidade da Tarifa Zero, para facilitar o deslocamento da população, e do reforço da malha cicloviária.

Já a candidata do PSOL questionou João Natel sobre a opinião dele sobre a criação de um Conselho Municipal de Políticas Públicas para Mulheres, projeto apresentado pelo coletivo feminista do qual ela fazia parte em 2015 que não teria sido recebido pela prefeitura da época. O médico reforçou o apoio do PDT a todas as minorias, citando mulheres, indígenas e LGBTs.

O médico questionou a ex-deputada Ana Paula Lima sobre os investimentos em saúde, especialmente na área Norte, que é a que mais cresce na cidade e fica distante do Centro. A petista defende a construção de um pronto atendimento da região, que poderia ser construído no hospital da Furb, mas por falta de recursos do governo federal, poderia ser transformado em uma UPA 24h. A candidata também citou a importância de fortalecer os ESFs e construir um Centro de Atendimento à Infância, focando em diminuir os atendimentos de emergências e urgências dos hospitais Santa Isabel e Santo Antônio, que poderiam focar em atendimentos de alta complexidade.

Por fim, o médico Mário Kato foi questionado sobre como lidaria com a queda de receita pós-pandemia, ao que ele respondeu que a prioridade é ativar a economia como um todo, gerando trabalho e renda para os desempregados, que passariam a consumir. Ele citou como exemplo gerar empregos em serviços gerais, produzindo uniformes para as crianças e trabalhando na reurbanização da cidade. Outra proposta do candidato do PCdoB é criar um aplicativo e uma cooperativa local para motoristas de aplicativo, para que os impostos fiquem na cidade.

Últimas peguntas e respostas

Quem iniciou o terceiro bloco foi Ricardo Alba, que escolheu Mário Hildebrandt para explicar as ivestigações nas quais seu governo está envolvido. Em contrapartida, o prefeito afirmou que a pefeitura não tem nenhuma ação de improbidade administrativa, tendo criado inclusive a Controladoria Geral para cuidar do CPNJ da prefeitura e cuidar dos casos de corrupção existentes.

O prefeito então questionou o candidato Dr. Natel sobre suas propostas para vencer a burocracia, no que o médico replicou afirmando que esta é a grande queixa do governo atual. “Pela demora de licenças e alvarás, as empresas saem de Blumenau para se instalar em outros municípios”, argumentou. O candidato defendeu a criação do Centro de Governança Digital, com documentos digitalizados e padronizados, emitindo alvarás em tempo recorde.

O médico dirigiu seu questionamento para Débora Arenhardt, questionando a candidata sobre como ela resolveria a dívida que a prefeitura tem com o ISSBLU, que rege a aposentadoria dos servidores públicos. Ela concordou que muitos não conseguirão se aposentar e que é necessário encontrar uma solução, mas que não existe “fórmula mágica” para o problema.

Débora questionou Mário Kato sobre a saúde das crianças, especialmente vítimas de abuso e agressão. O médico então falou sobre a importância de que a escola trate as crianças “não apenas como um número”. Ele reforçou a importância da educação de gênero das escolas e de uma boa orientação pedagógica, para que seja possível diagnosticar violências. Kato ainda mencionou a falta de merenda adequada como uma forma de violência contra as crianças.

Dr. Kato então levou uma questão para o Odair Tramontin, questionando a moralidade do caso. Segundo ele, o proprietário de uma empresa tercerizada que distribui medicamentos e insumos para a saúde e educação de Blumenau é irmão de um secretário de governo que foi assessor do gabinete do prefeito. O promotor de justiça, porém, afirmou não poder opinar sobre um caso que não conhece em detalhes. Ainda, afirmou ser intransigente com casos de desvio e corrupção, afirmando que a raiz disso é a ingerência política.

Tramontin, por sua vez, questionou João Paulo Kleinübing sobre o “toma lá, dá cá”, político, com negociação de cargos antes mesmo da próxima eleição. O ex-prefeito respondeu que enfrentaria esse problema com coragem, opinando que nem toda negociação política precisa necessariamente incluir a negociação de cargos. “Nas áreas técnicas, precisamos primar pelos requisitos técnicos para ocupar os espaços”, concluiu.

Kleinübing questionou Ana Paula Lima sobre a opinião dela sobre a inclusão de crianças autistas e o apoio às famílias. Ela argumentou que a acessibilidade, num geral, está abandonada na cidade. Também lembrou da associação montada por mães de autistas, que é muito forte em Blumenau, mostrando a falta de investimento. A petista citou obras como o Centro de Atendimento à Infância, uma maternidade e uma casa de parto, além da UPA 24 horas, para que todos tenham atendimento adequado. Citando a prioridade dos autistas, ela mencionou ainda a importância de que as escolas estejam preparadas para receber essas crianças.

Na sua oportunidade, Ana Paula questionou Geórgia Faust sobre a falta de prioridade dada às mulheres, com a falta de vagas em creches. A psolista, então, argumentou que o direito não é apenas das mães, de serem financeiramente independentes e poderem trabalhar, mas também das crianças de conviver com outras da mesma faixa etária. Para elas, as soluções apresentadas pelo atual governo não resolvem o problema e é necessário mais investimento na educação infantil.

Mantendo o tema da educação, a candidata do PSOL questionou Ivan Naatz sobre a compra de alimentos para a merenda escolar, que foi alvo de investigações recentemente em Blumenau. O deputado citou seu histórico de combate à corrupção, investigação e “defesa de moralidade pública”.

Com a palavra, Naatz iniciou um embate com o também deputado Ricardo Alba sobre o fato de que o governador Moisés, do mesmo partido, não é citado em sua campanha. Alba lembrou que votou a favor do impeachment do governador, mas reforçou que mantém uma relação instituição com o governo estadual e federal. Os dois, então, seguiram a discutir sobre o repasse de verbas da Assembleia para a cidade.

Pelo encerramento do ciclo, Alba escolheu Wanderlei Laureth para fazer a próxima pergunta, que questionou Jairo dos Santos sobre o fato de que os dois candidatos que haviam discutido anteriormente representam a “velha política” e devem continuar na Assembleia. Jairo então insistiu que é o candidato mais próximo do governo federal, por ter apoio do vice-presidente Hamilton Mourão.

Encerrando as perguntas, Jairo questionou Laureth sobre a “ideologia de gênero”, que em sua visão é uma “doutrinação da esquerda” e questionou como o candidato do Avante impediria que isso aconteça. Laureth preferiu focar nas promessas de que dará mais condição de trabalho para os professores e investirá na educação de Blumenau “como nunca se investiu”.


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