Bactéria causa a inflamação
Na maioria dos casos, a gastrite é causada pela presença da bactéria Helicobacter pylori. De acordo com a médica patologista, Paula de Carvalho, estudos indicam que a infecção pela bactéria pode estar associada ao desenvolvimento cânceres no estômago.
A pesquisa da bactéria é feita, rotineiramente, com uma coloração especial. “São realizadas duas colorações para essa finalidade: a primeira, hematoxilina e eosina, que é feita em qualquer biópsia e mostra os aspectos da doença no tecido. A segunda, chamada de Giemsa, é para a pesquisa para H. Pylori, que mostra a estrutura da bactéria e confirma a infecção”, explica a patologista Lauren Menna Marcondes.
O laudo elaborado pelas patologistas é encaminhado ao médico assistente para ele poder realizar o tratamento adequado e erradicar a bactéria do paciente. Segundo Paula, em boa parte dos casos, repetem-se endoscopia e biópsia para se certificar de que a bactéria foi erradicada e a inflamação cessada.
“As vezes mesmo fazendo o tratamento, ainda ficam resquícios da bactéria e é preciso fazer um novo tratamento. A ideia é erradicar essa bactéria do estômago, pois ela é um fator de risco não só para a gastrite, mas também para o desenvolvimento do câncer no órgão”, pontua a dra. Paula.
Perigo dos excessos
A falta de hábitos alimentares saudáveis, o uso crônico de remédios – como os anti-inflamatórios – consumo de álcool e o tabagismo também são fatores que podem causar a gastrite. “Alguns alimentos, se consumidos em excesso, a exemplo de café e embutidos, alguns hábitos como o cigarro e o álcool agridem a mucosa gástrica e as barreiras de defesa do estômago. Eles expõem o tecido a mais agressões que podem vir a causar a gastrite e até o câncer”, explica a dra. Lauren.
De acordo com as médicas, ter úlcera não é sinônimo de câncer. “Quando se encontra uma úlcera durante a endoscopia, se faz a biópsia para excluir a possibilidade de câncer e ver a possível causa”, diz a dra. Paula.
A dra. Lauren também esclarece a importância do trabalho desempenhado no laboratório através da análise do material. “Se tomarmos como exemplo um pólipo, poderá ser um tumor (benigno ou maligno) ou só a própria gastrite fazendo uma elevação no estômago. Na verdade, ele se mostra de várias formas a olho nu e por isso a importância da biópsia para diferenciar dentre as doenças”.
O exame também serve para direcionar o tratamento, contendo informações importantes que determinam: grau da gastrite, presença de metaplasia intestinal e se há atrofia das glândulas, pois ambos são fatores de risco para o câncer.
“Nesses casos de metaplasia ou atrofia, o acompanhamento será mais de perto, provavelmente o paciente irá repetir a endoscopia mais vezes, encurtando o tempo de retorno ao médico. Nós não vemos o paciente aqui, mas indiretamente estamos cuidando dele”, finalizam as médicas.