Saudade da própria cultura faz empreendedora criar arraiá nordestino em Blumenau

Evento será realizado em 17 de junho

Uma empresária nordestina irá promover um grande evento cultural, em Blumenau, no mês de junho. Moradora da cidade há muitos anos, Elen Cássia Lopes sentia falta da própria cultura e resolveu juntar este sentimento com a criatividade e a criação de eventos para a elaboração do Arraiá Nordestino de Blumenau. 

O evento está planejado para acontecer em um sábado, 17 de junho, no Parque Vila Germânica, com a classificação livre e a presença da banda Paraíba Sinsinhô, e dos cantores Jhon Oliveira e Thomas Rioli.

Criação do Arraiá Nordestino 

Dona de um salão de beleza, Elen conversava com muitas clientes que também eram nordestinas. Durante essas conversas, elas relatavam como sentiam falta de casa e de algumas tradições típicas e culturais nordestinas, e entre elas estavam as comemorações que aconteciam em junho, como os arraiais e festas juninas.

A empreendedora, que compartilhava dos mesmos sentimentos, resolveu movimentar o bairro e criar um evento que pudesse trazer pelo menos um pouquinho a sensação de “estar em casa”, e foi assim que a primeira edição do Arraiá Nordestino de Blumenau, surgiu, em 2022.

O sucesso da organização foi tão grande, que mais de 1,2 mil pessoas se reuniram na associação de moradores do bairro, e passaram a noite realizando brincadeiras típicas, como a dança da laranja – onde duas pessoas dançam com uma laranja e não podem deixar ela cair -, brincando de dança da cadeira, de guerra de travesseiro, e até se agitando com os sorteios e os prêmios que os vencedores das competições ganhavam.

No evento, Elen e mais algumas amigas também fizeram comidinhas caseiras e nordestinas para serem vendidas, por um preço acessível. Dessa forma, a festa que havia começado às 14h seguiu até às 3h da madrugada, o que só motivou a empreendedora a criar uma nova edição do evento.

“Decoramos o local com bandeiras e elaboramos uma linda decoração. Foi uma festa muito legal, muito animada. Então esse ano, resolvi fazer a festa novamente e conversando com as pessoas, percebi haver muita gente interessada, então pensei: isso daqui vai dar muita gente. Vamos falar da cultura nordestina, fazer a cidade conhecer outras culturas para além da dança da quadrilha que é ensinado para as crianças na escola!”, explicou.

Elen também explica que desde que veio morar em Blumenau, teve mais uma filha, e que sente muita vontade de aproximar a pequena da cultura nordestina, e quer que ela não se envergonhe das origens da mãe. Foi juntando toda essa vontade e o sucesso da primeira edição, que ela decidiu: o Arraiá Nordestino teria uma edição ainda maior.

Empenhada em fazer esse sonho se tornar realidade, ela começou, aos passinhos de formiga, a se organizar e entrar em contato com entidades para conseguir realizar a segunda edição do evento.

De porta em porta

Toda a movimentação começou com trabalho de formiguinha e batendo de porta em porta. Como percebeu que a procura para o evento seria muito maior que a primeira edição, Elen já visualizou algo grande, e decidiu que iria realizar a segunda Edição do Arraiá Nordestino nos Parques Vila Germânica, e foi então, que as dificuldades começaram.

Segundo a empreendedora, o aluguel do espaço é muito caro, e mesmo com as suas economias e ainda os ingressos, o valor de todas as questões de segurança, decoração, aluguel, comidas e muitas outras questões, não seriam cobertas.

Por conta disso, a primeira ideia dela foi criar uma vaquinha, mas percebeu que isso não daria certo. Então, resolveu que iria começar bater de porta em porta nas casas e empresas em busca de pequenas ajudas e patrocínios.

A primeira vitória foi quando chegou em uma das empresas, e já na guarita foi recebida de braços abertos. O dono da empresa, animado com a ideia e empenhado em ajudar Elen, levou ela para dentro da empresa, apresentou alguns funcionários nordestinos, e no fim do passeio pelo local, afirmou que iria ajudá-la com tecidos para a decoração.

“Isso foi o que precisou para eu realmente começasse a me jogar de fato nesse projeto, que ele acreditasse em mim. O que me surpreendeu foi ele ter dito que esperava que esses eventos crescessem na cidade, tanto que ao invés de divulgar a marca dele, vamos trocar o patrocínio por ingressos, para os funcionários também aproveitarem a festa”, comenta animada.

Entre os planejamentos, Elen percebeu que vários dos materias que seriam usados no palco e na decoração, eram inflamáveis e por conta disso ela precisaria de alvará do Corpo de Bombeiros e de outras questões de segurança. Ao procurar o órgão para saber como proceder, a organizadora descobriu que precisaria criar um projeto e de uma documentação específica.

Contudo, tudo que era necessário, mais uma vez, passava do orçamento que tinha. Por conta disso, ela seguiu procurando patrocínio de empresas que a ajudassem com isso, até que encontrou alguém que topou cobrir todos os custos.

“Lembro que quando apresentei meu projeto aos bombeiros, eles não aceitaram, e eu chorei muito quando cheguei em casa, porque não tinha dinheiro para pagar um especialista para fazer o croqui, mas pensei: ‘não vou desistir’. Quando encontrei esse empresário, ele disse: ‘pode deixar que essa parte é minha’, e eu fiquei muito feliz e surpresa, sabe? Nesse momento, chorei também, mas dessa vez, de felicidade”, comenta rindo.

Outra preocupação que assolava Elen era a questão das bebidas: como daria conta da alta demanda do evento? De novo, entrando em contato com empresas de bebidas, teve dificuldades em obter respostas, até que uma cervejaria de Blumenau topou o desafio, e resolveu ajudar não só com as bebidas, mas também com o pessoal que ajudaria nas vendas. E para as comidas, que seguirão as culturas nordestinas, uma grande rede de mercados também decidiu ajudar doando alimentos.

Além de fazer esse trabalho de formiga, a organizadora também tem vestido a camisa do evento e saído na rua, parando as pessoas e divulgando a iniciativa. Ela conta que tem conhecido muita gente interessada no evento, e que na maioria dos dias que sai, consegue vender cerca de 100 ingressos facilmente.

Entre os contatos, Elen tem conhecido pessoas nordestinas e nortistas da região inteira, de Pomerode à Brusque, que tem se interessado pelo assunto e querem ajudar a crescer o evento cada vez mais. Mas também tem conhecido blumenauenses que nunca tiveram contato com outras culturas, que também tem criado curiosidade no acontecimento.

“Encontrei uma família de descendência alemã um dia, e parei para conversar com eles. Mostrei fotos do evento de 2022, falei sobre meus planejamentos. Nessa conversa toda, acabei saindo com mais de seis ingressos vendidos, e eles estavam muito animados. Então é isso que tem me ajudado a correr atrás, desmistificar essa ideia errada que as pessoas têm dos nordestinos. O que define o Arraiá Nordestino é a união de todo mundo que tem se empenhado em fazer ele acontecer”, relata.

Realização do sonho

Agora, com as coisas começando a se encaminhar, Elen tem se preocupado em como tornar o evento acessível e como serão as atrações para o público, já que são esperadas mais de 3 mil pessoas para participar do Arraiá Nordestino.

Para a preparação das comidas típicas, a organizadora do evento já contatou cerca de 22 duas mulheres do Norte e do Nordeste, para ajudar na produção da culinária da forma mais caseira e cultural possível. No cardápio estarão presentes comidas como canjica, pamonha, milho cozido, amendoim cozido, quentão nordestino feito com cachaça, acarajé, cuscuz, bolo de macaxeira, bolo de mandioca, bolo de milho com goiabada, e uma diversidade de comidas culturais.

Luiz Felipe Felipe Vibber/Pixabay

A decoração do espaço vai buscar ao máximo contar as histórias das raízes nordestinas. Com mais de 20 mil bandeirolas coloridas, Elen conta que a Vila Germânica será palco para a contação da história de Lampião e Maria bonita, a história de como se popularizou o Nordeste, das dificuldades e vitórias, alegrias e das conquistas. No local, ainda vai ter uma casa de João de Barro, onde será possível conhecer como é feita as casas mais simples no nordeste, e onde os visitantes também vão poder tomar água no filtro de barro.

A programação do evento também está sendo pensada muito cuidadosamente. Durante a procura de patrocinadores e a venda de ingressos, a organizadora conheceu um grupo de nordestinos moradores de Pomerode, que quando moravam no Ceará, eram dançarinos profissionais de quadrilha, e quando souberam do evento, se disponibilizaram para fazer uma apresentação especial para o evento.

Além disso, como o evento iniciará por volta das 15h, acontecerão brincadeiras tipicas nordestinas, como corrida do saco, corrida do ovo na colher, dança da laranja e da cadeira, e muitas outras, para divertir a família inteira. A partir das 19h, é que a festa começa, com a apresentação da quadrilha e em seguida a banda Paraíba Sinsinhô, e dos cantores Jhon Oliveira e Thomas Rioli encerram a noite, de forma agitada.

O evento tem tomado uma proporção tão grande, que Elen estuda uma possibilidade de no dia seguinte, 18 de junho, criar também um café e um almoço típicos e culturais nordestinos, já que os interessados no evento estão sugerindo.

“Estou achando tudo maravilhoso, e estou muito ansiosa para isso agora, porque para mim, nada mais importa a não ser a junção dos povos. Será um evento bem bonito para mostrar a importância da cultura da nossa região, para a gente matar um pouquinho a saudade de casa. Então estou com altas expectativas e acho que vai ser um evento muito legal e muito lindo”, finaliza.

A venda dos ingressos para o Arraiá Nordestino já estão abertas, e custam R$ 30. É possível garantir os ingressos através do site Ingresso Nacional pelo link https://www.ingressonacional.com.br/evento/24047/arraia-nordestino ou pelo contato de Elen, pelo número (47) 9 9293-8276. Acompanhe mais atualizações pelo Instagram @arraianordestinoblumenau


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