Sem espaço, cemitérios de Blumenau buscam alternativas para seguir atendendo

Planejamento urbano tardio é apontado como uma das principais causas para a lotação dos espaços

Trezentas e cinquenta e sete mil pessoas. Esta é a estimativa da população de Blumenau. Se levarmos em consideração que os 520 quilômetros quadrados da cidade são cercados por morros e cortados por um grande rio e diversos ribeirões, fica fácil entender por que falta espaço.

Entretanto, a falta de planejamento urbano no desenvolvimento da cidade não afetou apenas a moradia dos cidadãos blumenauenses, mas também para onde eles vão após a morte.

Nos cemitérios municipais da cidade, a lotação é uma realidade que afeta a prefeitura há anos. Entretanto, Mário César Vieira, gerente de cemitérios de Blumenau, garante que nunca faltou vaga para os sepultados no município.

“Faz muitos anos que não tem vaga para túmulos novos. O que existe são famílias que abandonam túmulos que nunca foram utilizados ou retiram os restos mortais, cremam e devolvem o túmulo para a prefeitura”, explica.

Outro motivo para nunca faltar vaga são as reservas para as famílias carentes. Os espaços abrigam diversas famílias diferentes por cinco anos. Em seguida, os restos mortais podem ser devolvidos à família para cremação ou colocados no ossário coletivo.

Prefeitura de Blumenau/Divulgação

Vieira também cita o plano do prefeito, Mário Hildebrandt, de privatizar os cemitérios do município. Segundo ele, uma das tendências caso a concessão para a iniciativa privada ocorra, é a verticalização dos três cemitérios municipais.

Essa é uma das soluções empregadas no Cemitério e Crematório São José, uma das empresas da cidade que atendem o serviço. De acordo com João Taumaturgo, proprietário do local, com a alternativa é possível alocar o dobro de corpos em 10% do espaço de um cemitério tradicional.

“O conceito de cemitério precisa ser revisto. Não apenas os municipais, mas todos. Não
apenas porque está lotado, mas porque é um equipamento público que merece ser melhor”, defende.

Segundo Taumaturgo, outro problema na região é a cultura germânica que fortalece a vontade por ser enterrado perto de casa, o que culminou no surgimento de diversos cemitérios de bairro. Contando os cemitérios municipais, particulares, religiosos e de associações, já são mais de 30.

“Cemitérios não existem à toa. Em algum momento da nossa espécie foi necessário que eles existissem. A pessoa só sente isso quando perde alguém. Só quando você tem os restos mortais de um ente querido que precisa ser bem guardado. Transcende nosso
entendimento, vai além da nossa compreensão”, comenta.

Cremação

Outra opção que vem crescendo na preferência do público é o processo de cremação. De acordo com ambos os entrevistados, cerca de 10% dos sepultamentos que acontecem em Blumenau optam pela alternativa.

No São José, é possível combinar os processos. Além da cremação, eles oferecem jazigos para as urnas, o que economiza espaço e mantém as recomendações da Igreja Católica. Taumaturgo afirma que o equipamento suporta 16 cremações por dia. Atualmente, são feitas entre 15 e 20 por mês.

“Precisa ter mais um cemitério municipal? Não precisa. Talvez verticalizar e aumentar
a cremação, mas isso já resolve o problema”, afirma Vieira.

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