“Será que a conscientização ambiental melhorou após os anos 70?”
A altura dos chuveiros.
Qualquer um que tenha nascido a partir de 1970 cresceu ouvindo falar de meio ambiente. Se existe um divisor de águas para a conscientização ambiental este divisor foi a histórica reunião de Estocolmo de 1972, sobre o Homem e o Meio Ambiente que contou, pela primeira vez, com a expressiva presença de chefes de estado de 113 países.
Nesse período, será que a conscientização ambiental melhorou, mesmo? Ou será que ainda vale o que disse um antigo ministro de Meio Ambiente, que o brasileiro tem uma consciência PASSIVA de meio ambiente? Todos sabem que meio ambiente é coisa importante, mas, será que nós AGIMOS de acordo com essa consciência? Temo que ainda não, pelo menos, não o suficiente.
Se nossa consciência ambiental fosse realmente ativa, veríamos todas as pessoas saindo dos supermercados carregando as compras apenas em sacolas retornáveis e não em milhões de sacolas plásticas descartáveis. Não veríamos tantos restos desprezados em rodízios de pizza; não veríamos água e café servidos em copos plásticos descartáveis até mesmo dentro de órgãos ambientais oficiais.
Se a consciência ambiental fosse de fato ativa, não teríamos lombadas físicas em muitas de nossas vias públicas que forçam bilhões de frenagens de veículos todos os dias, seguidas de acelerações logo após as mesmas, causando mais gasto de combustível, portanto, mais carbono do efeito estufa lançado no ar. Veríamos as autoridades de trânsito buscando outras soluções que não esse descalabro que pune todos os motoristas e não, apenas, os que ignoram as placas limitadoras de velocidade.
Nem vamos repetir aqui velhos chavões ecológicos, do tipo: “apague as luzes desnecessárias” ou, “jogue o lixo no lixo correto”, já por demais batidos e ainda não plenamente seguidos. Mas, se quisermos chegar a uma consciência ambiental realmente ativa, veríamos todos os motoristas treinados para dirigir da forma menos impactante, sem acelerações desnecessárias e com o máximo aproveitamento de energia cinética possível. Além de reduzir o uso do automóvel ao mínimo indispensável. Mas, qual seria esse “mínimo indispensável” para cada um?
Veríamos arquitetos preocupados com cores brancas ou quase brancas nas partes externas das edificações, fazendo com que as paredes aqueçam menos ao sol e, com isso economizando no enorme gasto de energia dos ares-condicionados. Aliás, veríamos as pessoas usando um décimo do ar-condicionado que usam hoje, mesmo considerando o custo da energia que pesa no bolso. Veríamos milhões de pessoas subindo as escadas ao invés de usar elevador, principalmente para poucos andares. Veríamos muito mais bicicletas e menos carros e motos nas ruas.
Veríamos, entre tantos outros milhares de exemplos, até a altura dos chuveiros (de preferência com água aquecida em placas de aquecimento solar) posicionada o mais baixo possível. Afinal, a água que sai do chuveiro a dois metros de altura a 45 graus centígrados perde calor rapidamente e toca o peito do banhista a 40 ou 41 graus, uma diferença de 4 ou 5 graus que precisa ser compensada com mais gasto de energia.
Parece pouco? Parece. Mas, multipliquemos esse pouco por mais de 50 milhões de banhos diários sob chuveiro elétrico somente no Brasil, onde já vi chuveiros a quase 3 metros de altura e aí teremos a noção dos mega-watts necessários apenas para compensar esse “minúscula” perda de energia nos nossos boxes de banho, todos os dias.
Se nossa consciência ambiental fosse realmente ativa, impactaríamos muitíssimo menos o meio ambiente, incluindo, entre as centenas de medidas necessárias, a menor altura dos chuveiros, nos nossos banheiros.