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Câmara de Blumenau tem coisa muito mais grave a ser mudada do que as moções de louvor

Gilson Marques, deputado federal do partido Novo, mexeu num vespeiro que não era dele, mas também fez que alguns vereadores de Blumenau acusassem o golpe e resolvessem contra-atacar sobre as famigeradas moções, que inclusive estão previstas no Regimento Interno da Câmara de Vereadores da cidade.

Marques publicou no dia 11 de fevereiro, na sua conte do Instagram, o seguinte texto:

Blumenauense, quanto você está disposto a pagar para a Câmara de Vereadores votar Moções? Hoje foram votadas: 1 moção de louvor homenageando uma instituição; 1 moção de apelo ao Senado pela aprovação da MP 1003; A despeito das boas intenções, tratam-se de medidas inócuas. Pura perda de tempo e de dinheiro do pagador de impostos. Parabéns ao vereador do NOVO, @emmanueltuca, por ser o único a votar contra esse desperdício”.

Pra completar, o vereador Tuca dos Santos, também do partido Novo, resolveu jogar lenha na fogueira e na sessão de terça-feira, 16. Ele disse em pronunciamento que a Câmara de Blumenau não era uma empresa de cerimonial, reforçando a ideia de Gilson Marques referente as moções feitas pelos vereadores daquela casa.

Os vereadores Bruno Cunha (Cidadania), Adriano Pereira (PT), Aílton de Souza (PL), Cristiane Loureiro (Podemos) e Almir Vieira (PP) se revoltaram e não concordaram com o posicionamento dos correligionários do partido Novo. Todos defendem essa prática por entenderem que é uma forma de homenagear as pessoas que fazem pela cidade.

Essa é a estratégia do partido Novo para tentar mudar algumas práticas habituais nos legislativos Brasil afora, mas só resta saber se vão conseguir se manter na solidão política quando seus companheiros de bancada não aceitarem mais serem expostos nas redes sociais.

Aqui em Blumenau essas moções começaram a ser mais frequentes quando a Câmara de Vereadores criou a TV Legislativa e acabou também sendo uma forma de agradar determinadas localidades que antes sequer eram lembradas pelos nobres colegas.

Talvez o primeiro vereador que se notabilizou pelo uso excessivo desse instrumento foi o meu amigo Ivo Hadlich (ex-MDB), que acabou até assumindo o comando da cidade quando foi presidente da Câmara, lá na década de 1980.

Não vejo problema em dar essas moções de louvor para pessoas aqui de Blumenau, mas o problema é quando a gente assiste a sessão do legislativo e vê que muitos vereadores usam isso e esquecem que a cidade tem coisas importantes a serem discutidas que sequer são mencionadas no plenário.

Outra coisa muita utilizada na Câmara de Blumenau são os requerimentos, que vão para tudo quanto é departamento público, gastando um monte de papel, mas que muitas vezes sequer são levados a sério ou lidos.

Eu tenho a certeza que todos os vereadores de Blumenau vão para a Câmara com a intenção de sempre acertar, mas há arraigado naquela casa uma forma ultrapassada de legislar que muitas vezes impede o vereador de ver que o mundo mudou e que tudo hoje acontece mais rápido, com mais impacto e com mais cobrança.

Em Blumenau há muitas ruas esburacadas, tanto no centro quanto nos bairros, o transporte público piorou, a mobilidade urbana não existe e até o plano de arborização passou a ser uma bagunça. Então nobres colegas, o problema da Câmara de Vereadores de Blumenau não são as moções, mas sim o caminho que esta casa tomou ao longo dos anos.

Até o prédio onde ela está alojada afastou o munícipe, pois quem teve a ideia de alugar este imóvel realmente queria que ninguém aparecesse por lá. Então agora esperamos que os atuais vereadores mudem a imagem do legislativo e reaproxime-o da população de Blumenau.

Do jeito que tá, não serve mais!