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Afastamento de Moisés pode ter definição no meio das eleições municipais

Muita coisa está acontecendo nos bastidores sobre a queda de braço entre o governador Carlos Moisés e a maioria dos deputados estaduais da Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Julio Garcia, presidente da Alesc, já não esconde mais que é favorável ao afastamento do governador e o poder judiciário ter dado a ele novamente o comando do ritmo do processo de impeachment, que voltou a andar no legislativo catarinense, pode ser um indicativo do que deva acontecer daqui para frente.

A última decisão do Supremo Tribunal Federal, através da determinação assinada pelo ministro Luiz Roberto Barroso, diz que o processo de impeachment siga os ritos da Alesc e o prazo de 10 sessões ordinárias começa a correr para que Moisés, Daniela Reinehr e Jorge Tasca encaminhem suas defesas.

Com isso, o prazo limite para a entrega dessa defesa é o dia 2 de setembro e na próxima semana a Assembleia já começa a montar a comissão especial que vai analisar o pedido e também a defesa dos três acusados. Essa comissão será formada por dois membros do MDB, dois do bloco Social Liberal (PSL e PL), dois do bloco PP, PSDB, Republicanos e PV, mais dois nomes do bloco Social Democrata (PSD, PSDB, PDT e PSC) e mais um membro do PT, totalizando 9 deputados estaduais que comporão o grupo que na primeira reunião definem o presidente e o relator.

O processo todo tem que terminar em, no máximo, 180 dias, mas já em setembro a principal decisão, que é o afastamento ou não de Carlos Moisés, Daniela Reinehr e Jorge Tasca dos seus cargos, deve acontecer se mais nenhuma liminar surgir para atrasar ainda mais o andamento do impeachment na Alesc.

Mas a disputa nos bastidores deve ser intensificada pelo governador Carlos Moisés e também pela vice-governadora, Daniela Reinehr, que já tem o Palácio do Planalto interferindo a seu favor junto ao deputado federal Rogério Peninha Mendonça (MDB) e também junto ao senador Jorginho Mello (PL).

O processo de impeachment pode unir em Florianópolis três forças ambíguas em uma única chapa para concorrer à prefeitura da capital. Já se cogita por lá que o PP de Esperidião Amin, o MDB do senador Dário Berger e também o PL de Jorginho Mello podem se unir contra a candidatura do atual prefeito Gean Loureiro (DEM), que deve ter o apoio do PSD do deputado estadual Júlio Garcia.

Amin, Berger e Jorginho acreditam que um impeachment, em tempos de pandemia do Covid-19, não seria nada bom para Santa Catarina e salvar Moisés pode ser sim uma mexida importante nesse jogo de xadrez do atual cenário político. Mas o motivo principal é não deixar a coisa correr solta para evitar que, mais na frente, se tenha uma eleição para governador onde apenas os 40 deputados escolham o novo chefe do executivo estadual, dando brecha para o surgimento de um nome que fortaleceria ainda mais Júlio Garcia e Gean Loureiro que, vencendo na capital, se transforma em um potencial candidato nas eleições de 2022.

O bloco quer formar uma chapa com a deputada federal Ângela Amin (PP) na cabeça de chapa e Pedrão Silvestre (PL), vereador mais votado da história política de Florianópolis, de vice com o apoio do MDB de Dário Berger.

Diferente de Blumenau, Florianópolis não deve ter muitas candidaturas e a disputa deva se polarizar apenas entre os dois blocos, mas o resultado de lá, de Chapecó, de Lages, de Criciúma, de Joinville e também de Blumenau, pode determinar o caminho de uma possível votação, se Carlos Moisés e Daniela Reinehr forem afastados, dentro da Assembleia Legislativa de Santa Catarina sobre o nome de um novo governador e do novo vice.

Até o fim desse ano não só o coronavírus pode bagunçar ainda mais a vida do catarinense, mas a política estadual parece também querer entrar nessa disputa, fazendo da resposta do eleitor nas urnas um medidor de todo esse processo político que só deve terminar em 2022.