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Demissões em massa e substituições forçadas; quem vai apagar a luz do governo Carlos Moisés?

Ainda sobre a saída de Amandio João da Silva Junior da Casa Civil do estado, há algumas ponderações a serem feitas sobre ele e também sobre o cargo que ocupava. Amandio deve ir depor nessa terça-feira, 30, na CPI dos respiradores da Assembléia Legislativa, para explicar a sua conversa com Samuel de Brito Rodovalho, representante da Cima Industries Medical Division – fornecedora dos 200 respiradores para a Veigamed – numa live privada quando ainda não tinha assumido o cargo de secretário de Carlos Moisés.

O governador e assessores mais próximos admitem que o trabalho de Amandio foi excelente sob todos os aspectos. Mas o governo não quis correr o risco de novamente ver um secretário, ainda no cargo, sendo investigado como suposto envolvido na compra dos aparelhos. Então, além de mudar o secretário, vai se mudar também o perfil do novo chefe da Casa Civil, fazendo com que o governador busque alguém mais político para acalmar, principalmente, os deputados estaduais que não querem ter o governo como parceiro.

O único deputado que ainda blinda o governo na Alesc contra os pedidos de impeachment é o presidente da casa, deputado Júlio Garcia (PSD), que não tem interesse nenhum em assumir o governo se Moisés e Daniela forem depostos dos cargos. Aliás, o deputado estadual Ivan Naatz (PL) cobre de Júlio Garcia a tramitação dos pedidos de impeachment na Assembléia, mas Júlio entende que o clima precisa ser jurídico.

Segundo o presidente, “não haverá da nossa parte omissão, sempre colocarei os deputados a par do andamento. Trata-se de um processo que tem que ser conduzido com muita serenidade e responsabilidade”, completou.

Mas durante o último fim de semana o governo sofreu várias baixas, onde nove integrantes em cargos de chefia pediram para deixar a controladoria Geral do Estado, em apoio à controladora-geral adjunta, Simone Becker, que também pediu exoneração e deve depor na CPI dos respiradores na terça-feira.

Mas as baixas não pararam por aí, pois na segunda-feira à noite, 29, foi a vez do próprio controlador geral do estado, Luiz Felipe Ferreira, também pedir para sair e vai voltar a ocupar seu cargo na Universidade Federal de Santa Catarina. Outro que esta semana deve deixar o governo de Carlos Moisés é o atual secretario de saúde do estado, André Mota Ribeiro, que foi apontado pela PGE como um dos responsáveis pela aprovação da compra dos respiradores.

Enfim, Carlos Moisés está repelindo a maioria dos integrantes do seu governo, que vêem, a cada dia, ruir um pedaço de uma estrutura que foi montada em cima de areia movediça e que agora pode não haver mais tempo e recursos políticos que salve um governo e um governador que precisa conquistar, no mínimo, mais cinco deputados estaduais para se salvar do que parece inevitável.

A articulação de Daniela

Carlos Moisés teve um grande constrangimento no último sábado, 27, quando recebeu a ministra da Família e Direitos Humanos, Damares Alves, na base aérea de Florianópolis. O governador encontrou a vice-governadora Daniela Reinehr ao vivo, que estava acompanhada da deputada federal Caroline De Toni, do deputado federal Daniel Freitas e dos deputados estaduais Felipe Estevão e Ana Caroline Campagnolo, todos apoiadores de Jair Bolsonaro e contrários a Carlos Moisés.

E por falar em Daniela Reinehr, ela foi a responsável pela não escolha, por parte do presidente Bolsonaro, do Coronal Araújo Gomes para a secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), onde já estava tudo certo para que ele assumisse o cargo em Brasília. A vice-governadora criou essa resistência contra Araújo Gomes ainda quando ele era o secretario de segurança pública do estado, que era mais próximo a Moisés.

Mas a peregrinação de Daniela não para por aí, pois além de Felipe Estevão e Ana Carolina Campagnolo, ela tem do seu lado na Alesc os deputados estaduais Coronel Mocelin e Jessé Lopes, todos punidos pelo PSL catarinense pela cúpula do partido ligada ao governador.

Ela tem ido à Assembléia Legislativa de SC para tentar barrar um processo de impeachment que a coloca também, junto com Moisés, como responsável pelo aumento dado para os procuradores do estado sem base legal.

Os outros cinco pedidos que tramitam na Alesc, ela está fazendo força para que andem, pois busca apoio de deputados estaduais de outros partidos para um eventual futuro governo dela, que promete ser mais flexível, aberto e menos traumático.

O fato é que a CPI dos respiradores, que está servindo de um belo palco para a oposição, descobriu o ponto fraco de Moisés e está impondo derrotas atrás de derrotas para o governo, que jogou aos leões todos os membros e ex-membros do governo que foram ouvidos pela comissão´, sem que houvesse qualquer defesa ou ponderação de todos os ataques sofridos.

A única coisa que eles estão recebendo são os pedidos de afastamento dos cargos para que não aconteça o que os deputados da CPI mais querem, que é colocar o governador Carlos Moisés como o maior responsável no caso da Veigamed.


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