Governador sem apoio de deputados em meio a CPI e risco de impeachment em Santa Catarina
Diante de todos os últimos acontecimentos por conta das licitações atrapalhadas feitas pelo Governo do Estado, Carlos Moisés insiste em continuar com a mesma estratégia de querer manter um modelo de governo que cada vez mais vai sendo sufocado pela Assembléia Legislativa.
O governador chegou a um ponto de não ter o apoio de nenhum deputado estadual, de já ter o descontentamento de alguns secretários por conta da manutenção de Douglas Borba na Casa Civil, e perde a cada dia a simpatia da opinião pública, correndo um enorme risco de ter que sair pela porta dos fundos do Palácio da Agronômica.
A saída de Douglas Borba, em Florianópolis, é dada como certa, quebrando a espinha da República de Biguaçu, para tentar salvar o governador dos dissabores de ter que enfrentar uma oposição sedenta por respostas.
No dia 4 de maio escrevi uma coluna com o título “A cronologia de um processo desastroso de licitações erradas no governo do estado” mostrando um caminho que, segundo a ex-superintendente do governo, Márcia Pauli, e agora o também ex-secretário da Saúde, Helton Zeferino, acabaram confirmando.
Recebi uma nota da Casa Civil, no dia 5, negando veementemente que Douglas Borba tivesse qualquer ingerência sobre qualquer compra em qualquer secretaria do governo, como disse o próprio secretário na coletiva de terça-feira, 6.
Mas agora, depois da entrevista de Márcia e Helton, como negar algo que gente do próprio governo diz que aconteceu? Gente que têm e teve circulação livre nos gabinetes mais importantes do governo e acompanhou o trâmite das diversas licitações do governo desde o seu início, gente que hoje não quer mais ter Douglas Borba como companheiro de trabalho e que dentro em breve vai pular fora do barco para não morrer junto com Carlos Moisés, que insiste em manter a República de Biguaçú na segunda sala mais importante da atual administração.
Daniela Reinehr continua costurando
Daniela Reinehr nunca imaginou que pudesse ser a vice-governadora de Santa Catarina e tampouco que pudesse bater um grupo político que vinha no poder do estado há 16 anos com tamanha quantidade de voto que ela e Carlos Moisés receberam em 2018.
Agora ela é a segunda mandatária do estado, e do mesmo jeito que ocorreu em 2018, pode ter outra surpresa na sua vida tendo que assumir o cargo de governadora no lugar do seu companheiro de chapa, com quem já não tem mais afinidade e pouca interação.
Há muita ansiedade na casa de Daniela Reinehr, na capital do estado, mas a vice-governadora continua firma nos seus propósitos e observando tudo que acontece. Na quarta-feira, 6, ele mandou uma carta para Carlos Moisés pedindo a cabeça de Douglas Borba e não deve parar por aí.
Ela não é o sonho de consumo da classe política de Santa Catarina, mas diante de tudo que está acontecendo no governo, já há consenso de que melhor com ela do que com Carlos Moisés.
A CPI foi instalada, o processo de impeachment deve andar e dentro de muito pouco tempo a Assembléia pode tomar conta do campinho, obrigando Moisés a sair de cena e de dando a chave do cofre para Daniela Reinehr com o recado de que ela é obrigada a negociar com o legislativo catarinense para não ter dias difíceis como está tendo seu ex-amigo e ex-companheiro de partido.
A assembleia usa suas armas
Na sessão de quarta-feira, 6, os deputados estaduais de Santa Catarina tomaram decisões importantes que serviram de mais um recado para o governo do estado. A primeira ação foi a derrubada do veto do governador Moisés, que aconteceu em 2019, do projeto de lei 381/2017, do ex-deputado estadual, Darci de Matos, que concede incentivo fiscal para a classe cultural e de eventos do estado.
É uma espécie de Lei Rouanet estadual, onde contribuintes de ICMS podem trocar uma parcela do imposto devido por doações para financiar projetos culturais em SC. A proposta teve a adesão de 33 deputados e apenas 3 votos contrários, obrigando também o governo a regulamentar a proposta para que ela entre em vigor.
Já o Deputado Laércio Schuster (PSB) protocolou na assembléia um pedido de afastamento do secretário da Casa Civil, Douglas Borba, e aproveitou para pedir uma acareação entre ele, Helton Zeferino, ex-secretário de saúde, e de Márcia Pauli, ex-superintendente da secretaria da saúde do estado.
A intenção é saber quem está falando a verdade no caso da compra dos 200 respiradores, que custaram R$ 33 milhões e foram pagos antecipadamente.
Sobre este caso, o secretário Douglas Borba postou no seu Instagram que os primeiros 50 respiradores, da compra de 200 aparelhos feitos pela secretaria de saúde, embarcarão no próximo dia 8 na China e chegam ao Brasil na noite do dia 9, segundo informações da empresa Veigamed.